Resenha de "O Velho e o Mar" (Ernest Hemingway)

Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Editora: Bertrand Brasil
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Sinopse: Best-seller em todo o mundo e também no Brasil, "O Velho e o Mar" conta a história de um pescador que, depois de 84 dias sem apanhar um só peixe, acaba fisgando um de tamanho descomunal, que lhe oferece inusitada resistências e contra cuja força tem de opor a de seus braços, a de seu corpo, e, mais do que tudo, a de seu espírito.
Um homem só, no mar alto, com seus sonhos e pensamentos, suas fundas tristezas e ingênuas alegrias, amando com certa ternura o peixe com que trava ingente luta até levá-lo a uma derrota leal e honesta.
Uma obra-prima da literatura contemporânea, dotada de profunda mensagem de fé no homem e em sua capacidade de superar as limitações a que a vida o submete.

 O Velho e o Mar é um daqueles livros que, esteticamente, me fez questionar sobre a diferença entre uma novela e um romance. É chamado de romance pela maioria dos livros, mas tem menos de cento e cinquenta páginas e poucos personagem, o que seriam características típicas de novela. Mas esse questionamento se perde quando analisamos a dimensão semântica. É inquestionável o quanto de significado pode-se tirar dessa história, sendo romance ou novela. 

Em poucas palavras, posso dizer que o Velho e o Mar conta a história de Santiago, um velho pescador que se encontra sem sorte em seu ofício. Mais de oitenta dias sem pescar peixe algum. Ele tem um grande amigo, o garoto Manolim, que gosta em demasia do velho e que trabalhava com ele no barco de pesca antes de Santiago começar a ficar sem ter como manter o garoto como funcionário. 

Durante a narrativa desse livro, Santiago sai para pescar e consegue fisgar um peixe que teria um tamanho descomunal, cerca de cinco metros. E depois de quase três meses sem peixe algum, torna-se uma questão de honra levar esse para casa, mesmo que tenha que permanecer no mar tempo suficiente para que o peixe canse e ele possa arrebatá-lo. 

Então, sim, é um livro um tanto solitário sobre esse velho e sua tentativa de pescar um peixe enorme por dias no mar, embaixo do sol quente, passando fome e frio durante a noite. 

Por mais que seja um livro curto, O Velho e o Mar pode ser cansativo porque boa parte dele é com Santiago sozinho no mar, divagando sobre quanto tempo o peixe ainda aguenta, e como dividir o que tem de provisões por tempo suficiente. Quase um monólogo. 

Contudo preciso dizer que um leitor atento perceberá que por mais que aparentemente Santiago esteja sozinho nessa empreitada, a natureza ao redor se torna parte da grade de personagens importantes. O Mar é um protagonista, os peixes são protagonistas, e até o vento frio da noite torna-se parte disso. É impossível ler o livro e não ter afeição por esse conjunto. Essa atmosfera natural do selvagem oceano e a luta que cada um desses personagens, em seus microcosmos, travam para sobreviver. 

Pode parecer estranho falando assim, não é? De fato, pode ser que seja mesmo. Mas esse é o tipo de livro nostálgico e curto que cada leitor vai tirar proveito do que melhor lhe atrair. Eu, por exemplo, aprendi bastante sobre perseverança com Santiago. E quando terminei o livro, mesmo extremamente triste por ele (leiam para entender), percebi que a vivacidade e a rotina que esses pescadores simples tem, é o que faz mais fácil viver. Não tive como deixar de pensar: "Poxa, e eu reclamando da minha vida!". 

Acredito que não é um livro que vá agradar todo o tipo de leitor - longe disso. E também acredito que esse é um tipo de livro que tem a época certa para ser lido. Em pouco mais de cem páginas existe uma biosfera respirável e melancólica que exige atenção e afeto do leitor. É bonito, triste, e deixa uma sensação de esperança agradável. 

Sou apaixonada pela ideia de quem foi Hemingway quanto autor. Um boêmio que tinha sérios problemas com álcool, mas que tinha um mundo inteiro na ponta dos dedos. Além desse livro, li textos curtos dele, e são apaixonáveis. 

Penso que muitos artistas são viciados em alguma coisa para conter o tanto de questionamento que existe dentro de si. As vezes acredito que é mais fácil não pensar muito, não questionar nada, e viver tranquilo com um pensamento de cada vez. Um turbilhão deles gera uma incapacidade emocional de lidar, e daí vem o cigarro, o álcool e outras tantas drogas. Meio maluco, não? Pois é. Vai ver preciso arranjar um vício também.