Resenha de "Uma Vida Pequena" (Hanya Yanagihara)

Título: Uma Vida Pequena
Autor: Hanya Yanagihara
Editora: Record (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Candidato ao Prêmio Pulitzer de Literatura de 2016, Uma vida pequena é um dos livros mais surpreendentes, desafiadores, perturbadores e profundamente emocionantes das últimas décadasQuando quatro amigos de uma pequena faculdade de Massachusetts se mudam para Nova York em busca de uma vida melhor, eles se veem falidos, sem rumo e amparados apenas por sua amizade e por suas ambições. Willem, lindo e generoso, é aspirante a ator; JB, nascido no Brooklyn, é um pintor perspicaz e às vezes cruel que busca de todas as formas ingressar no mundo das artes; Malcolm é um arquiteto frustrado que trabalha numa empresa de renome; e o solitário, brilhante e enigmático Jude funciona como o centro gravitacional do grupo. Com o tempo, o relacionamento deles se aprofunda e se anuvia, matizado pelo vício, pelo sucesso e pelo orgulho. No entanto, seu maior desafio, como cada um passa a perceber, é o próprio Jude, um litigante extremamente talentoso na meia-idade, porém, ao mesmo tempo, um homem cada vez mais atormentado, a mente e o corpo marcados pelas cicatrizes de uma infância misteriosa, e assombrado pelo que teme ser um trauma tão intenso que não só não será capaz de superar mas que vai definir sua vida para sempre.
Com uma prosa magnífica e genial, Hanya Yanagihara criou um hino trágico e transcendental do amor fraterno, uma representação magistral da dor física e psicológica, e uma análise da verdade nua e crua que permeia a tirania da memória e os limites da resistência humana.

Livros como Uma Vida Pequena assustam pelo tamanho. Não sabe o desavisado, que muitas vezes esses livros grandes costumam carregar algum épico sobre alguém ou algum lugar. E que normalmente os livros épicos, são aqueles que carregaremos para a vida inteira. Seja pela dificuldade de leitura, pela demora dela, ou realmente pelo significado. Uma vida pequena entrou na minha lista de livros favoritos da vida pelos três motivos. 

A sinopse do livro já diz tudo o que vocês precisam saber sobre ele. É um livro sobre esses amigos, e o processo de vida deles. Cada um com sua personalidade peculiar, e todos formando uma unidade muito interessante quando juntos. Nada forçado. Nada sem sentido. Aqui a sutileza dessa união é o traço belo da história. Mesmo que o foco seja na vida de Jude, sem os outros a vida de Jude não tem o mesmo peso, a mesma graça deprimente. 

Já vou avisando que provavelmente me apaixonei pelo livro porque sou bastante melancólica, e esse é um livro melancólico, de maneira geral. Ele é duro, e pesado, denso, tenso... Todos os adjetivos que fariam você passar longe dele, caso esteja depressivo, foi justamente o que me uniu a ele. Existe um "que" de magia na existência desses personagens tristes, ao mesmo tempo que tem sempre aquele ar de vidas não realizadas, ou ferradas pelo tempo ou pelas ocasiões. 

Uma Vida Pequena não é o tipo de livro que se explica, se vive. Sim, uma experiência lê-lo. Daquelas que marcam e destroem o leitor um pouco. Quando você pensa que as coisas estão começando a melhorar para os protagonistas, daí a vida vem e derruba. Claro que sempre queremos que as coisas na literatura sejam diferentes da vida real, mas, sinceramente, é o traço dela que mais amo: a possibilidade de dizer irrealidades de uma forma tão verdadeira. Aqueles personagens, mesmo fictícios, poderiam ser um amigo, um irmão, um pai... Alguém que você ama e que provavelmente viveu muitas daquelas tristezas, mas que não tem necessidade de contá-las. 

Gosto de livros sobre amizade. Gosto MUITO! E quando esse círculo é com homens, é que gosto mesmo. Tem algo diferente nas amizades verdadeiras dos rapazes que me intriga. Eles amam sem dizer amar. Eles odeiam ao extremo. Eles fazem coisas loucas para justificar algo pequeno, e respondem com gestos pequenos algo que deveria ser grande. Sou apaixonada pelo universo fraterno masculino, e acho que esse amor aumentou depois que tive um filho. Passei a compreender melhor as atitudes ilógicas dos homens depois que entendi que alguns tem muita dificuldade de entender que sentem, e que não é há nada de errado nisso. 

Perceberam o quão intenso esse livro chegou em mim, não é? Reúne todos os elementos que adoro em livros desse tipo, e vou eternamente indicar para quem tem um gosto parecido com o meu. Lembrem que sou melancólica, depressiva e que isso reflete no meu amor por determinados livros. Também é importante lembrar que talvez escolher um momento mais "feliz" em suas vidas, seja o essencial para ler um livro como esse. 

Leiam. Vivam. Respirem "Uma Vida Pequena".