Título: A culpa é das estrelas
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 283
Quantidade de Quotes: 34
Sinopse (SKOOB)
Em A Culpa é das Estrelas, Hazel é uma paciente terminal de 16 anos que tem câncer desde os 13. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.
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Fiquei
bastante tempo em frente ao computador tentando descrever o que senti lendo
esse livro. É fato que desde “O caçador de pipas” eu não chorava tanto lendo. O
livro me deixou acabada por dentro. E não foi simplesmente porque ele é lindo,
mas porque é real e próximo demais.
Não
tenho parentes que morreram de câncer, nem que tenham câncer. Mas amo pessoas
que estão SEC - Sem evidências de câncer. E isso, me deu uma angústia maior
ainda.
Hazel
é linda. Uma protagonista pra lá de forte e supera em números extremos qualquer
Bela ou Katniss que eu já tenha lido. Apesar de doente, de ter que andar com um
carro de oxigênio, ela tem uma personalidade incrível. Além de que, é uma
leitora voraz. Lembrei-me muito de alguém: Eu mesma.
O
livro acontece quando Hazel descobre que apesar de doente, ainda é adolescente,
e nem o câncer pode lhe tirar sensações e vontades que toda jovem tem.
E
é nessa loucura que conhecemos Augustus (Gus). Ele é um garoto tão incrível
quando Hazel. Teve câncer e tem uma perna amputada por conta dele. Augustus não
tem super poderes, ou uma força descomunal. Não teria nada de tão grande se não
fosse a intensidade com a qual ele vive a sua vida. E tem um humor negro
delirantemente racional.
Existe
sempre aquele clima melancólico e fúnebre em todo o livro. Como se a qualquer
momento fossemos ver Hazel ou Gus morrerem. Mas esse clima é superado pelas
vezes em que vemos a intensidade com a qual eles se combinam e se tornam um só.
Hazel
dá literatura séria a Augustus. Ele dá a ela jogos sangrentos de vídeo game e
livros tão sangrentos quanto. Ele dá a ela um pouco da adolescência louca (a
medida do possível) e de concretização de sonhos, e ela dá a ele motivo para
levantar todos os dias.
Devo
ressaltar que não é um livro apenas de dois adolescentes que se amam e que
estão morrendo. É um livro sobre todas e QUAISQUER formas de amor. Acompanhamos
os pais de Hazel e de Gus, a luta de todos eles por tornar a vida dos filhos
fantástica. Conhecemos Issac – O amigo que os apresentou e que também tem
câncer. Vemos também Peter Van Houten – O escritor do livro predileto de Hazel
que aparece na vida deles como meta para um futuro próximo.
E
é tudo o que eles podem sonhar: Um futuro próximo. Próximo demais.
A
aflição é justamente essa: Fazer planos porque é necessário a qualquer ser humano,
e não fazer planos por medo de não concretizá-los. Eles acabam fazendo planos
curtos porque parecem mais saudáveis.
Digo
que fiquei simplesmente apaixonada por cada personagem desse livro. E olhe que
isso é bem difícil. É raro ter livros em que gostamos de outros personagens
além do protagonista. O que acontece é que cada um deles parece estar vivendo
seu próprio câncer, mesmo aqueles que não têm câncer. A doença é muito maior do
que células destruídas. Ela afeta todos ao nosso redor deixando-nos com
sintomas, dores e sequelas. E nesse livro, vemos isso nitidamente.
Eu
sou mãe. Tenho um filho de três anos. Pergunto-me como diria a ele que teríamos
que fazer uma mudança nos seus planos de vida longos. E não consigo responder as minhas próprias
indagações.
Você
termina de ler esse livro com um peso no estômago. Você sabe que na sua cabeça,
uma história não acaba no final da última página. E nos perguntamos o que
acontece com os personagens depois disso. O que acontece com o “E foram felizes para sempre”. E é
justamente ai que você percebe que aquelas nem sempre são pessoas que usam
super poderes ou tem varinhas mágicas. Elas são reais. E a literatura então pode
ser tão cruel...
Preferimos
nos enganar com literaturas fantásticas porque é melhor do que algumas
realidades. E amo esse poder de nos suspender do real que os livros têm. Mas
não posso deixar de admitir o quanto amo o poder maior que tem a nossa
realidade.
A
culpa é das estrelas é um livro tão simples na sua amargura.
É
como se fossem aquelas flores rosadas que enchem o chão do pé de jambo quando
estão próximo de ficar maduros: Deixam todos ansiosos e vão embora antes mesmo
de nos deixar sentir o real sabor e guarda-lo até a próxima estação.
Não
o câncer, mas o amor de Hazel e Gus, isso sim, é culpa das estrelas.
Quotes:
"Os privilégios do câncer são pequenas coisas que as crianças com a doença recebem e as saudáveis, não: bolas de basquete autografadas por ídolos do esporte, perdão pelo atraso da entrega do dever de casa, carteiras de motorista não merecidas etc". [página: 28]
"Crianças com câncer são, no fundo, efeitos colaterais da mutação incessante que tornou a diversidade da vida na face da terra possível". [ página: 51]
"Esse é o problema da dor -Augustos disse, e aí olhou para mim - Ela precisa ser sentida". [pagina: 63]
"A tristeza não nos muda, Hazel. Ela nos revela". [página: 259]