Resenha de "As Ilhas do Norte" (Renata M. Moutinho)

Título: As Ilhas do Norte
Autor: Renata M. Moutinho (Cedido em Parceria)
Editora: Oikos 
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Sinopse: Robin é, provavelmente, a única caçadora de recompensas do continente, uma terra onde os antigos costumes predominam e as mulheres têm pouca vez. Além disso, a jovem esconde um segredo: viajando de ducado em ducado na busca por tesouros, ela utiliza-se da magia para recuperá-los — algo estritamente proibido por Harald de Negrarrocha, o imperador continental.
Quando é declarada a guerra contra as Ilhas do Norte — os únicos territórios da Wyrd onde a magia é praticada livremente —, Robin deve adiantar-se ao Exército Continental e alcançá-las o quanto antes... Mesmo que, para isso, necessite contar com o auxílio de um capitão renegado tão temido pela população do continente quanto as próprias ilhas.
Acompanhe Robin em sua jornada e revele — ao lado de inusitados companheiros como príncipes eremitas e seres da floresta com poderes telepáticos — as verdadeiras intenções do imperador ao deflagrar a Guerra do Arquipélago. Desvende os mistérios das Ilhas do Norte e descubra em si mesmo o poder de transformar a realidade!


Eu tenho sérios problemas para ler fantasias. É como se Tolkien tivesse me estragado para todos os outros autores do mundo, o que é uma bosta, pois é um gênero que tenho verdadeira adoração. Eu estou sempre exigindo demais quando a história já me deu muito. Me deu o suficiente para aquele momento e para o que ela propõe. Foi o caso de As Ilhas do Norte, que já tinha me dado bastante e eu estava querendo mais. E é meio involuntário. Não começo uma fantasia exigindo dela, mas termino achando que poderia ter sido mais. 

Nesse livro conhecemos de início um pouco sobre a estrutura desse mundo criado pela Renata. Um mundo, devo admitir, que é muito bem descrito e elaborado desde a primeira página. Você, como leitor, se sente altamente imerso na fantasia logo de cara, o que acho interessante, já que a autora fez um livro curto para contar uma grande história. Pra que enrolação? Vamos direto ao ponto!

E dentro dessa perspectiva de mundo, entendemos que uma guerra está se formando e que os alvos serão as Ilhas do Norte, e aqui tenho que ressaltar que existe uma problemática grande com quem usa magia nesse universo, e a guerra tem um cunho político em relação a isso. E eu até entendo, porque se governasse um lugar onde só parte das pessoas tivesse poderes, eu teria medo do que elas seriam capazes de fazer. 

Então temos a Robin, que é uma personagem que começa o livro envolta num clima de mistério até para o leitor, que acompanha tudo ao lado dela. Você entende parcialmente quem ela é, do que é capaz, e o que pretende fazer. Acho que posso dizer que tem por meta tentar evitar essa guerra, ou ao menos comunicar aos que serão atacados que eles estão correndo perigo e que precisam se preparar. 

Não quero revelar muito do que acontece dentro do livro porque acredito que o bacana nessa história seja acompanhar as coisas à medida em que acontecem. Cada pedaço da aventura de Robin era uma aventura para mim também, e garanto que a jornada dela é recheada de surpresas deliciosas e personagens importantes. Uma jornada do herói, só que com uma pitada feminina, o que acho massa! Precisamos de mais livros de fantasia com protagonistas femininas. 

A escrita da Renata é uma maravilha de se acompanhar! Não te deixa perdido na história, e, ainda que tenha uma linguagem diferente, por se tratar de uma época diferente, ainda é super próxima ao leitor. 

Não tive problema algum em relação a estrutura de texto. Os acontecimentos condizem com a trama proposta, e o rumo da história tem toda a verossimilhança necessária para um livro do gênero. Acho realmente incrível tudo o que a autora conseguiu fazer com tão poucas páginas. 

Se posso citar um problema que tive com esse livro, e também posso dizer que é um problema generalizado com livros de alta fantasia, é o fato de não conseguir sentir os personagens. E isso aconteceu até com os livros de Tolkien, heim! 

É muito difícil para o autor trabalhar tão bem a trama como os personagens que a ela pertencem. Uma hora um dos dois lados vai cair. seja porque o personagem não gera empatia com um leitor em específico, ou porque ele é tão absurdamente trabalhado que a trama fica incompleta. O único autor de fantasia que me faz sentir coisas por seus personagens foi Martin, e aqui sou o exagero de sentimento. Odeio alguns, tenho um carinho enorme por outros, e uma loucura latente por Tyrion. Contudo não curto tanto a trama, sacaram? Ou é uma puta trama, como a de O Senhor dos Anéis, e os personagens são demorados para serem digeridos, ou uma trama que não curto e amo os personagens, como As Crônicas de Gelo e Fogo. 

No caso de As Ilhas do Norte, senti o que percebi também com O Senhor dos Anéis. Precisei de três livros para admitir que amava Aragorn e Sam, e também preciso de mais para criar alguma espécie de idolatria que sei que Robin, por exemplo, merece. E esse foi o único ponto que me fez tirar uma estrela do livro. Mas, como disse, isso é um problema generalizado, e não específico dessa história. 

Para quem gosta de fantasia, eu super recomendo! Tem doses de tudo o que é preciso para um livro do gênero. Um mundo complexo e absurdamente bem desenvolvido, uma trama deliciosa e um final que vai te deixar agoniado. 


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