Resenha de "Louca" (Chlóe Esposito)

Título: Louca
Autor: Chloé Esposito
Editora: Globo Livros (Cedido em Parceria)
Skoob: Adicionar

Sinopse: A vida de Alvie Knightly está um caos: odeia o seu emprego, sua vida amorosa não lhe empolga mais e ela passa a maior parte do dia bêbada. A existência de Alvie parece exatamente o oposto da de sua gêmea idêntica, a perfeita, Beth. Enquanto ela passa a maior parte do tempo stalkeando os outros nas mídias sociais, come kebabs no café da manhã e sua companhia mais constante é o seu vibrador, Beth casou-se com um italiano atraente e podre de rico, tem um belo bebê e sempre foi a favorita da família.
Depois de ser demitida e jogada na rua pelos colegas de apartamento, Alvie viaja à Sicília e, assim que chega, Beth pede para trocar de lugar com ela por apenas algumas horas para que ter algumas horas só para si, sem as cobranças do marido e a responsabilidade com o bebê. Alvie se anima com a chance de assumir a existência magnífica da irmã, mesmo que só por pouco tempo. Mas quando a noite termina com Beth morta no fundo da piscina, Alvie percebe que esta é a chance de mudar sua vida. Ela é louca, má, perigosa — e irresistível.

Esse foi um livro que me dividiu um bocado. Sabe aquele que você ama e odeia com a mesma intensidade? É esse para mim! E quando paro para pensar nisso me sinto uma sociopata, porque o fato de ter gostado em parte dele se deu exclusivamente a personalidade da protagonista, e ela é altamente sociopata.  Então... será que sou também?

Alvie e Beth são gêmeas. Não daquelas que sentem a mesma coisa, ou que tem um amor eterno. Mas das que tem animosidades demais até para inimigos, avalie para irmãs!

Beth é escritora, bem de vida, tem um marido lindo e gostoso, uma casa na Itália, filho, um corpo perfeito e um bronzeado de matar. Já Alvie é o completo oposto disso. Sozinha, desempregada, rancorosa e tem problemas sérios de pontas duplas no cabelo.

Quando Beth insiste para que a irmã vá visitá-la na Europa, Alvie vai mais para aproveitar a viagem de primeira classe e por estar sendo despejada da casa onde mora, do que realmente por saudade da irmã. E quando Beth pede para trocarem de lugar por um dia, Alvie acaba aceitando por pura inveja de sentir o que seria ter a vida da outra. Só que quando a irmã morre na piscina, ela entende o peso das ações delas e corre para buscar entender o que estava acontecendo na vida de Beth de tão ruim, já que isso recaiu sobre ela.

Apesar dessa capa leve, o livro passa longe de ser assim. Tem o humor negro e sarcástico de Alvie pincelado em todas as páginas, mas o forte dele não é o humor - apesar de pessoalmente eu ter amado. É justamente o horror. E não estou falando de horror tipo fantasmas e zumbis, mas no terror que existe em cada um de nós, e que muitos autores passam por cima criando sempre aqueles protagonistas bonzinhos que nunca tiveram vontade de matar alguém.

Uma coisa é certa sobre ele... Não há um único personagem bonzinho, com exceção, talvez, do bebê. E ainda acho que ele pode dar uma de Creed em Cemitério Maldito e assassinar alguém. HAHA
É essa ideia de ter criado um grupo de pessoas tão cruéis e egoístas que me fez gostar desse livro, por mais estranho que isso seja. Já disse... Talvez eu também seja uma sociopata.

Alvie é má! Louca e bem má! Ela e a irmã tiveram situações ruins e difíceis no passado, e ela está vindo durante anos com aquilo tudo acumulado. E quando surge a oportunidade de explodir, explode com vontade. E acredite, você não ia querer estar na frente dela quando isso aconteceu.

Mas olhe, apesar da vida perfeitinha de Beth, ela também passa longe da idealização de angelical que a irmã pinta dela. Alvie vai descobrindo isso aos poucos, e talvez se adaptando melhor a ideia de que a irmã talvez fosse um pouco parecida com ela, no final das contas.

Não estou dizendo que concordo com tudo o que Beth faz de ruim nesse livro, mas a autora criou uma personagem que sabe defender o que faz com uma certa lógica lunática. Tinha horas que achava ela fria demais, fato, mas entendia a frieza. Eu ENTENDI essa personagem. Não era uma mulher normal, logo não tem como ter atitudes normais.

A primeira parte do livro é bem lenta, mas isso vai se ajeitando com o tempo. Quando chega o momento das descobertas e ações, então ele melhora de ritmo e a gente lê feito louco esperando pela próxima atitude absurda da personagem.

Como disse, foi um livro que me dividiu. Eu o odiei porque os personagens eram malucos e cruéis, mas o amei pelo mesmo motivo. Parece doido, né? Talvez seja mesmo. Me identifiquei com a maluca e fim de papo. Que se dane se sou louca também!

Não é um livro que recomendo para todo tipo de leitor. Tem que ter estômago e um psicológico um tanto doente para ler sem querer vomitar na protagonista a cada cinco páginas. Ela é nojenta em muitos sentidos, mas ela assume quem é e o que faz, e isso é mais do  que muita gente que finge ser boa é capaz de fazer.