Resenha de "Sonhos de Avalon" (Bianca Briones)

Título: Sonhos de Avalon
Autor: Bianca Briones
Editora: Bertrand 
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Sinopse: O mito do Rei Arthur recontado de maneira totalmente original e com protagonistas jovens femininas Quem nunca sonhou em viver na Idade Média com Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda? E se todas as versões já retratadas fossem uma tentativa de Merlin, poderoso feiticeiro do rei, de mudar o destino? O primeiro volume de Sonhos de Avalon traz a história de Melissa, uma jovem do século XXI, predestinada a voltar à Idade Média para se casar com Arthur e salvar a Britânia e a magia. Porém, quando sentimentos são envolvidos os resultados podem ser imprevisíveis. Dividida entre a responsabilidade que lhe foi dada e a voz de seu coração, Melissa terá que tomar uma decisão que mudará sua vida e a de todos que a cercam.

Terminei de ler Sonhos de Avalon sem entender exatamente o que estava sentindo com ele. Saca aquele livro que fica em cima do muro, mesmo dias depois da leitura? Esse foi o caso de Sonhos de Avalon. Não gostei de fato, mas também não desgostei. Entendem? 

O que a autora faz aqui é remodelar histórias que já conhecemos muito bem, que são as lendas Arturianas. No caso desse livro, ela vai misturar mundos meio que "paralelos" em tempos diferentes da história. Inclusive tem  passagens que falam sobre outras lendas e histórias de contos de fadas que são reais em outros tantos universos, dentro do que ela criou aqui. 

Em Camelot e Avalon temos Morgana, Artur, Merlin e todos aqueles cavaleiros que bem conhecemos, e no nosso futuro moderno, na cidade de Quatro Estações, estão Melissa e seus dois amigos, Marcos e Paula. Sabemos desde o comecinho que o pai de Melissa está em coma e que o irmão dela morreu no mesmo acidente que incapacitou o pai. Só tem esses amigos para lhe fazer companhia. 

Já em Camelot, nosso foco são as visões da "descolada" Morgana. Ela e Melissa tem momentos extra corpóreos em que uma entra no corpo da outra e vive as coisas que a outra está vivendo, por mais confuso que isso seja para elas, e para nós, pobres leitores. 

O que me incomodou com essa história, é um motivo que na verdade não deveria ter incomodado: A descaracterização dos personagens da história de Artur. Não tive paciência para essa Morgana forçando ser uma badass, nem para Artur boboca, ou Lancelot se fazendo de vítima apaixonada. Isso tudo foi bem chato, admito. E digo que não deveria me incomodar porque os autores são livres para fazer quaisquer leituras de uma fábula, inclusive mudar a personalidade dos protagonistas. Ainda assim, eu cresci lendo sobre as lendas arturianas e me acostumando com aquelas pessoas daquela maneira. Vê-las se comportando como babacas me causou um desconforto absurdo. 

Temos um lance de viagem no espaço aqui nesse livro, e uma certa profecia que deve entrelaçar Artur com Melissa para que a magia possa ter um futuro nesse mundo que está sendo invadido pelos cristãos. Essa abordagem da religião foi até interessante, ainda que de modo bem simplificado em relação a história original e o peso que cristianismo tem sobre ela. Acredito que por ser um livro voltado para adolescentes, fomos apenas pincelados na ideia. 

Se você já conheceu a outra série da autora, esqueça antes de vir para essa. Ali é para um público um pouco mais velho, e aqui não posso acreditar que seja para o mesmo público. Não me desce que seja, porque ainda que tenha muita coisa bacana sobre essa relação da magia com Melissa e Morgana, o ponto principal é um romance, e ele é meloso demais para se fazer crível se levarmos em conta que estamos falando de Artur e Lancelot. Acho que é aí que a autora se perdeu para mim... no romance. Tivesse colocado ele como um ponto extra na história, beleza! Mas acabou que era o "tcham" principal, e acho que estou muito velha para essas coisas. Ou não era para ser o tcham principal, mas tem tanta coisa sobre ele que acabou se tornando na minha cabeça. 

Contudo, gosto de como a autora trabalha o mágico nesse livro. As possibilidades que a magia oferece e como ela liga uma ponta a outra da história com isso. Essa parte da fantasia é bem bacana de se ler. Faz com que o cérebro procure teorias possíveis, e acaba que as revelações são aceitáveis e até legais para o que ela propõe. Isso eu curti. 

Pelo o que entendi, Sonhos de Avalon é o primeiro livro de uma duologia que certamente eu lerei, porque ele termina num plot twist bem interessante. Quero saber que rumo a história tomará a partir daqui.

Deixo a dica para a garotada mais nova. Acho que eles vão gostar dessa história. Não indico conhecer as lendas arturianas por ele - temos ai a Bradley e o Cornwell com histórias incríveis dentro desse mundo. Mas, se você já é um conhecer da história, ainda que seja só pelo desenho A Espada era a Lei, da Disney, venha ler esse livro de cabeça aberta, ok? Só nome de lugares e pessoas são semelhantes.  O resto é uam criação única da cabeça da autora.