Resenha de "Tartarugas até lá embaixo" (John Green)

Título: Tartarugas até lá embaixo
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Skoob: Adicionar

Sinopse: Depois de seis anos, milhões de livros vendidos, dois filmes de sucesso e uma legião de fãs apaixonados ao redor do mundo, John Green, autor do inesquecível A culpa é das estrelas, lança o mais pessoal de todos os seus romances: Tartarugas até lá embaixo.A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Repleto de referências da vida do autor – entre elas, a tão marcada paixão pela cultura pop e o TOC, transtorno mental que o afeta desde a infância –, Tartarugas até lá embaixo tem tudo o que fez de John Green um dos mais queridos autores contemporâneos. Um livro incrível, recheado de frases sublinháveis, que fala de amizades duradouras e reencontros inesperados, fan-fics de Star Wars e – por que não? – peculiares répteis neozelandeses.

John Green é o tipo de autor que se lançar o rótulo de uma pasta de dente, as pessoas vão correndo comprar. Não que eu seja uma delas, passo longe disso. Tenho um carinho especial por Quem é você, Alasca?, mas não morri de amores pelos outros livros que li dele. Não sou uma especialista, mas fico procurando esse best escritor de Young Adult que as pessoas tanto falam, e que pessoalmente não consigo enxergar quando tem tantos outros infinitamente melhores no mercado. Mas enfim, ele caiu nas graças do povo, e eu sigo com a maré por pura curiosidade, esperando o momento que ele vá me impressionar de verdade. 

Nesse livro conhecemos essa adolescente, Aza Holmes, que tem um TOC com relação a doenças. Ela é totalmente hipocondríaca e fica a todo momento pesquisando sobre doenças e achando que está ficando doente. Junto com uma amiga, Daisy, ela começa a investigar o desaparecimento de um milionário, que por sinal é pai de um amigo dela de infância. Elas estão querendo a grana que a empresa oferece para quem tiver notícias do paradeiro do cara. Mas isso irá levar as garotas - principalmente Aza - por uma estrada diferente do que ela tinha imaginado, quando se depara com o amigo já crescido, e tão cheio de sentimentos sobre tudo ao redor dele, se misturando com os dela. 

Ok, não quero que você seja enganado, como eu meio que fui quando comecei a ler esse livro. Apesar de começar com o foco nesse desaparecimento, esse acaba não sendo o foco de fato. Apesar de deixar a entender que o relacionamento de Aza e Davis vai ter alguma tipo de importância, acaba que ele não tem importância alguma. Entenderam onde quis chegar? O livro vende uma ideia que não é o que de fato acontece nele. Sim, tem esses elementos e eles meio que são úteis, mas não são essenciais, saca? 

A máxima da história é a protagonista. Acho que tive uma identificação enorme com ela por também ser hipocondríaca. Eu me sentia mal lendo porque me enxergava em cada atitude bizarra dela, e se olhar no espelho é uma das coisas mais difíceis do mundo. Principalmente se você tem um problema que não aceita como um grande problema até perceber que ele realmente é e que você precisa de ajuda. O TOC de Aza é em demasia, e isso faz com que a construção da menina seja o ponto forte da história, ainda que merecesse melhor desenvolvimento em algumas partes. 

Não é um livro sobre um desaparecimento, ou sobre como um adolescente pode salvar o outro que também está ferrado, mas um livro que mostra alguém com um problema sério, e que começa a entender que ainda que diminuam as crises em alguns momentos, é um problema que vai acompanhar para o resto da vida. Não existe uma alisada do autor de que tudo vá ficar bem, e achei isso ótimo, porque de fato não vai. As doenças psicológicas não deixam de existir com uma fórmula mágica, mas os remédios e a terapia aliviam sim.

Então enquanto trama, achei fraco. Nada do que ele apresenta como trama principal é de fato a trama principal, e as resoluções são fracas em muitos sentidos quanto a proposta que o livro nos dá. Na verdade, não existe uma trama. Existe uma personagem com problemas, e que por acaso se envolveu nessa história, que se desenvolve ao redor dela, mesmo que Aza não costure as teias. Entende onde quero chegar? Não esperem uma Holmes (ótima referência a Sherlock), porque não é exatamente isso. É apenas sobre Aza, e como ela lida com as coisas no seu mundo complicado. E não posso dizer que o autor trabalha os problemas de Aza de maneira bem explicada e inteira, como de fato o problema pede, mas mostra um pedaço do que é, e como muitos jovens podem se identificar na menina e perceber que eles também tem problemas. 

Em resumo, não é um livro bom. Ele merecia muito mais, ele podia ter sido muito mais e acabou na zona do "mais do muito". Tive um carinho enorme pela melhor amiga de Aza, porque sou viciada em Star Wars o mesmo tanto que ela, e por protagonizar uma das melhores cenas do livro, que é uma discussão entre as duas. Fora isso, tive a identificação com o problema de Aza, e só. As tartarugas ficaram até lá embaixo para mim, de fato. 

Por fim, continuo esperando que o autor me impressione o tanto para justificar esse "auê" geral em cima dele. Por enquanto, Green continua naquela zona de histórias Ok com personagens bacanas.