Resenha de "O Trono de Vidro" (Sarah J. Maas)


Eu não poderia ter me surpreendido mais!

Sinopse: Depois de cumprir um ano de trabalhos forçados nas minas de sal de Endovier por seus crimes, Celaena Sardothien, 18 anos, é arrastada diante do príncipe. Príncipe Dorian lhe oferece a liberdade sob uma condição: ela deve atuar como seu campeão em um concurso para encontrar o novo assassino real. Seus adversários são ladrões e assassinos, guerreiros de todo o império, cada um patrocinado por um membro do conselho do rei. Se ela vencer seus adversários em uma série de etapas eliminatórias servirá no reino durante três anos e em seguida terá sua liberdade concedida.
Celaena acha suas sessões de treinamento com o capitão da guarda Westfall desafiadoras e exaustivas. Mas ela está entediada com a vida da corte. As coisas ficam um pouco mais interessantes quando o príncipe começa a mostrar interesse por ela... Mas é o rude capitão Westfall que parece entendê-la melhor.
Então um dos outros concorrentes aparece morto rapidamente seguido por outros... Pode Celaena descobrir quem é o assassino antes que ela se torne a nova vítima? A medida que a investigação da jovem assassina se desenrola a busca por respostas a leva descobrir um destino maior do que ela jamais poderia ter imaginado. (SKOOB)



A premissa era a seguinte: Uma menina de dezoito anos que passou boa parte da sua vida presa, tendo que fazer trabalhos forçados para pagar pelos seus crimes. Sim, ela é a assassina mais conhecida do lugar, e um poço de sutileza em sua perversidade forçada. 

De início a premissa não era lá essas coisas, mas algo na forma como a autora iniciou o livro prendeu minha atenção. Quando o príncipe Dorian oferece a liberdade em troca dela participar de um torneio representando ele, o convite parece fácil demais e ela aceita na hora, mesmo sabendo os possíveis riscos que isso teria. 

Logo nossa protagonista passa a viver no palácio junto com vários outros ladrões e assassinos para esse torneio que será um tipo de divertimento para o rei, e ele ainda sairá com um assassino para lhe representar. 

A premissa básica era essa. Parece ser espetacular? Não! Mas se você começar, vai querer ir até o fim, e se tiver um gosto parecido com o meu, vai terminar se perguntando cadê a porcaria do próximo livro?! 

Ok, Celaena, que tem um nome bem incomum, é uma protagonista porreta de boa!
Vocês já assistiram Sherlock Holmes interpretado pelo Robert Downey Jr.? Sabe aquelas cenas premeditadas que antecedem as ações do Sherlock? Pois bem, Celaena tem os mesmos pensamentos doentios e calculados do nosso querido detetive. Praticamente vi a garota com as mesmas passagens de cena que via o cara no filme, e isso foi um espetáculo da escrita da autora! A menina pensa como escapar de cada situação e lugar que se encontra, calculando rotas e a quantidade de pessoas que pretende matar para isso, e como matar. Fantástico! 

E Se Celaena me conquistou maravilhosamente a ponto de se tornar uma das melhores protagonistas do ano, Chaol se tornou um forte candidato ao mesmo posto. 
Chaol é o capitão da guarda do príncipe Dorian, seu melhor amigo e é a pessoa responsável pelos treinos de Celaena para o torneio. Eles de início são bem ríspidos um com o outro, mas a força de Celaena, veja bem, a FORÇA da garota que chama a atenção do capitão, e não a parte feminina dela. Entendemos que Celaena poderia ser a melhor amiga do capitão. É uma amizade que vai se formando com laços fortes e numa linha mágica invisível. Não parece forçado, não parece errado, muito pelo contrário. Eles tem um conhecimento sobre a mente um do outro que beira a magia, entende? Se Celaena sabe que precisa apanhar, ele deixa porque também sabe que é isso que ela precisa passar. 

Já a relação dela com Dorian é uma coisa bem forçada e meio chata, por mais que seja "o romance da história". Nesse caso foi legal observar a evolução do desejo de Celaena por ele, e não do amor. Aliás, essa palavra é pouco usada nesse livro. É um livro sobre pessoas fortes vivendo em um castelo de vidro. Penso: Até quando um castelo que é feito de um material como vidro, poderia suportar todas essas pessoas com suas histórias insanas e com pesos absurdos? 

Se não gostei da relação Celaena X Dorian, amei o príncipe de forma individual quando o assunto era o pai dele! 
Dorian não é o tipo de cara que aceita tudo o que pai diz. Ele é justo e correto e pensa muito diferente do rei. Só que ele sabe que não pode remar contra a maré sozinho e fica esperando uma oportunidade de provar que tinha razão nas suas escolhas. 

Já esse rei... Sem comentários! 
Logo no começo achei que esse lance de torneio lembrava muito Jogos Vorazes. Um bocado de pessoa competindo para a diversão de pessoas endinheiradas. Entende isso? Pois é! É uma crítica forte e bastante poderosa no que concerne a atingir os leitores. É uma fantasia, então os nomes, os locais, as lendas... Tudo é fantasioso aqui. Mas até na fantasia a crítica social impera. 

E não é que o livro tem uma pegada forte de magia? E acredite, a construção desse elemento na história foi coisa de gênio! Eu fiquei totalmente polvorosa porque não conseguia entender onde aquilo se encaixava, até que no fim e encaixou e eu disse:  Caracaaaaaaa!!! Que massa! 

O livro é em terceira pessoa e em poucos momentos vemos os pontos de vista de outros personagens, o que foi maravilhoso para mim! Além de que as cenas de ação são tão bem escritas e roteirizadas, que me peguei pensando se por acaso a autora não teria uma pegada de roteirista. A cena de luta final é sufocante!

As relações traçadas no livro são bem construídas. 
As batalhas são fantásticas! 
Os diálogos são esplendorosos! 
E a magia é... Putz! Sem comentários!

A parte ruim desse livro é que ele é o primeiro de uma série de seis, então podem ir pensando seriamente antes de começar a ler. Eu digo de peito cheio que foi uma das melhores fantasias que li esse ano! Então se você curte o estilo, cai com tudo nessa que ela é muito, muito, muito boa! 

Vou deixar vocês ai pensando sobre tronos de vidros e protagonistas miseráveis com armas ou sem armas nas mãos. Se você não acabar essa história totalmente encantado com o enredo de Trono de Vidro, então nunca mais eu indico uma fantasia por aqui. rsrs