Resenha de "Desafio" (C.J. Redwine)


"Proposta inusitada"



Sinopse: No interior das muralhas de Baalboden, à sombra do brutal Comandante da cidade, Rachel Adams guarda um segredo. Enquanto as outras garotas fazem vestidos e obedecem a seus Protetores, Rachel é capaz de sobreviver nas florestas e de manejar uma espada com destreza. Quando seu pai, Jared, é declarado morto em uma missão, o Comandante designa para Rachel um novo Protetor: Logan, o aprendiz de seu pai, o mesmo rapaz a quem Rachel declarou o seu amor há dois anos, e o mesmo que a rejeitou. Com nada além da forte convicção de que seu pai está vivo, Rachel decide fugir e encontrá-lo por conta própria. Mas uma traição contra o Comandante tem um preço alto, e o destino que a aguarda nas Terras Ermas pode destruí-la.

Estava curiosa por esse livro desde que a Novo Conceito anunciou a publicação. Ele tem uma pegada distópica, e vocês sabem que é minha paixão eterna. E assim que a caixa chegou, tirei esse livro para ler. Achei que demoraria bastante nele, mas até que comi o livro rapidinho, e não que a narrativa seja fantástica do meio para fim, mas eu precisava saber como a história acabava. Pelo menos nesse volume, porque, lógico, é o primeiro de uma série. 

Desafio começa nos apresentando a Rachel. Uma garota que acabou de ter seu pai declarado como morto, mesmo que ela não acreditasse nisso, e que está indo para uma espécie de reunião tutelar para saber quem será seu protetor a partir desse momento, e o que o pai deixou em testamento antes de sumir. Nessa mesma reunião vão Oliver, o melhor amigo do pai, e Logan, o ex aprendiz dele, por quem Rachel nutria uma paixão juvenil anos atrás. 

Tudo indicava que Oliver seria o futuro guardião da garota, mas a surpresa chega quando o chefão do babado lá diz para ela que o pai deixou sua guarda em testamento para Logan, o aprendiz. Depois de uma crise birrenta dela, eis que Rachel vai para a casa nova e uma vida estranha ao lado do garoto, que agora é seu protetor. 

Ambos acham que o pai dela está vivo, e ambos tem amor suficiente por ele para ir em busca da verdade, mesmo que para isso tenham que atravessar os portões de Baalboden, um dos únicos lugares remanescentes no mundo que ainda oferecem segurança. O governante da cidade é um completo imbecil, mas mantem as criaturas longe dos muros. 

Então Rachel tem que lidar com sua nova vida ao lado de um tutor que lhe causa tremores e bolar um plano para resgatar o pai de onde quer que ele esteja. Quem dera as coisas fossem tão simples quanto ela queria que fossem. 

Ok, foi um livro que realmente tinha uma pegada distópica, mas com uma explicação tão irracional para mim, que eu o vi mais como um livro sobrenatural do que distópico. Seres imensos, tipo dragões ou dinossauros, vivendo embaixo da Terra e movidos ao som? Pessoalmente achei bem estranho de assimilar, e olhe que eu sou fácil de me acostumar com qualquer coisa. Ou seja, o motivo da distopia ainda não me convenceu nesse volume.

Existe uma coisa meio vitoriana nessa sociedade onde Rachel e Logan vivem. As mulheres usam vestidões, como de época, e são altamente submissas as vontades dos seus protetores, que podem ser pais, irmãos, maridos, avôs... Qualquer homem que seja responsável por ela. Uma mulher não pode sair sozinha na rua. Uma mulher tem que baixar a cabeça na presença de outros homens. Eu já teria me jogado no fosso dos dinossauros para fugir desse bando de machistas! Não consigo visualizar uma sociedade futurista, mesmo depois de degradada, voltando ao primitivismo, ainda que não se sujeitar a ela me leve a morte. Existem coisas muito mais fortes para a humanidade, e as guerras nos mostraram como a liberdade é um ideal mais do que utópico hoje em dia. É real, palpável e não comercializável no sentido moral do significado. 

A história nos é contada por dois pontos de vista. Rachel e Logan. Já vou adiantando que comecei amando ambos. A ousadia dela, a inteligência e sagacidade dele. Enquanto ela queria explodir com tudo, ele ponderava rotas de fugas dos problemas com os mecanismos estranhos que ele mesmo criava. Ambos sofreram para se adaptar a vida um do outro, mas até que se saíram muito bem sendo fortes juntos, e sensíveis quando precisavam ser. 

Meu problema com esse casal foi a partir do ponto onde as coisas começaram a acontecer ao redor deles, e com eles. Senti que o Logan que começou a história se perdeu entre um cara seguro e uma coisa esquisita que diz "Eu te amo" como quem toca no nariz. Sério, fiquei até enjoada em alguns momentos. 

Na verdade, depois de uma grande reviravolta da história, onde tudo começa a se preencher, eu me senti entendiada com o livro. Era o momento da ação, das brigas, das deduções e eu me desliguei da história de um jeito incomum para mim. Me senti incomodada por ter começado tão bem nela e depois ter me perdido. Não me peçam para explicar, porque realmente não sei o birosca aconteceu. Acho que algo no desenrolar dos acontecimentos. Como se a autora tivesse se estendido muito para chegar a um ponto bem prático e que ela poderia ter cortado algumas folhas até ele. Entendo uma cena prolixa, se isso tiver fundamento em um personagem, por exemplo, mas quando não tem, sinto que a autora quis encher linguiça. 

A parte sobrenatural da história é bem bacana, ainda que tenham esses seres estranhos e tal. A autora deixa umas pegadas curiosas e que não tiveram explicações. Então vou esperar o próximo para entender alguns elementos inseridos por ela, e não explicados de fato. Se for o que eu estou imaginando, vou adorar o desenrolar! 

Batalhas legais, road trip distópico no meio de uma florestas, personagens fortes. Isso é um pouco do que vocês irão encontrar em Desafio. Não é um livro difícil de ler, e digo que vocês devem insistir se chegar a um ponto maçante. Eu me sentia meio desnorteada quando a autora jogava coisa em demasia na minha cabeça, mas não achei ruim quando acabei o livro e metade delas ainda merecia uma explicação. Vou esperar ansiosa pelo próximo.