Resenha de "Sol e Tormenta" (Leigh Bardugo)

"Como pode ser tão bom?"

Sinopse: Perseguida ao longo do Mar Real e aterrorizada pela memória dos que se foram, Alina Starkov tenta levar uma vida normal com Maly em uma terra desconhecida, enquanto mantém em segredo sua identidade como Conjuradora do Sol. Mas ela não pode ocultar seu passado e nem evitar seu destino por muito mais tempo. Ressurgido de dentro da Dobra das Sombras, o Darkling retorna com um aterrorizante e novo poder e um plano que irá testar todos os limites da natureza. Contando com a ajuda e com os ardis de um admirável e excêntrico corsário, Alina retorna ao país que abandonou, determinada a combater as forças que se reúnem contra Ravka. Mas enquanto seus poderes aumentam, ela se deixa envolver pelas artimanhas do Darkling e sua magia proibida, e se distancia cada vez mais de Maly. Ela será então obrigada a fazer a escolha mais difícil de sua vida: ter sua pátria, seu poder e o amor que ela sempre pensou ser seu porto-seguro ou arriscar perder tudo na tormenta que se aproxima.


Sabe aquela sina de livro do meio de uma trilogia que a gente lê esperando algo bem mais ou menos que nos prepara para o último? Pode apostar que não é o que acontece com Sol e Tormenta. Li o primeiro livro da série e fiquei surpresa com o tanto de informações novas e maravilhosas que a autora criou para ele. E como se não bastasse, ela vem com um segundo livro que além de segurar com maestria o ritmo do primeiro, nos deixa malucos com as novidades e personagens novos. Uma coisa não dá para negar... Sol e Tormenta tem personagens inesquecíveis!. 

Vocês bem sabem que não falo sobre o enredo propriamente de livros do meio de séries, mas podem dar uma lidinha na sinopse ai em cima e na resenha do primeiro livro para poder se situar no espaço e tempo da história - o que pode ser um pouco difícil. Tenha certeza de que nada nesse mundo que Leigh criou é tão próximo ou tão longe do que você pode imaginar ser real ou não. Na verdade me peguei por diversas vezes pensando se isso se passava realmente em um mundo paralelo, ou se a autora criou um futuro bem diferenciado e influenciado por uma magia fantástica. 

Essa autora tem uma capacidade impressionante de colocar milhões de fatos novos e importantes em poucas palavras. Ou seja, na página 100 eu já desesperada com a quantidade de mudanças que haviam acontecido até então. Terminei Sombra e Ossos meio tristinha por conta da escolha de Alina, mas ciente de que a garota estava fazendo o certo. E quando começo Sol e Tormenta eu sei que a autora será melhor do que aquilo e vai nos dar o sangue que queremos. E não que ela dê o sangue propriamente dito, mas entrega a faca nas nas mãos da protagonista e espera que ela reaja. 

Uma coisa bacana nesse livro é a mudança nítida de personalidade de Alina. A consciência gradativa que ela adquire no fato de não ser normal, de descobrir que não quer ser normal e não lutar mais contra isso. Ela toma uma postura muito mais de líder do que até então se esperava de uma cartógrafa qualquer. 

A jornada em Sol e Tormenta é impressionante. Passando de mares com os melhores piratas do mundo (<3) até a Dobra e de volta para Ravka. Mas a melhor jornada é a interior de cada personagem, mesmo que você só saiba do ponto de vista de Alina. 

Não curto muito Maly. Fato! Acho um personagem legal e só. Admito que o que ele faz por Alina é estúpido e grandioso, mas para mim ele é mais do mesmo nessa categoria. O fato de Maly ser um excelente rastreador me deixa com uma pulga atrás da orelha. Tipo, ele é excelente demais para os padrões normais. Até no personagem mais fraco dois principais a autora trabalha bem. 

Já o Darkling aparece muito menos do que eu gostaria, mas quando vem, ele é OMG!!! (suspiros). Eu gosto do cara. Tipo, eu gosto MUITO do cara! A autora não tenta justificar as falhas dele para um lado positivo pelo bem comum da sociedade, mas para o bem dele. O que para mim não é prejudicial, só solitário. Ele é um tanto egoísta e egocêntrico, mas acho que esconde bem mais do que mostra. Espero de coração que Bardugo não justifique os erros dele do mesmo modo que Mafi fez com Warner em Incendeia-me. Seria broxante ler que o Darkling fez e faz tudo por um motivo altruísta e solidário que se esconde entre suas sombras. Não é da personalidade dele, e não acho ruim que um personagem tenha maldade em si. Os discursos dele são os melhores porque ele tem toda a noção do mundo de quem ele é e o que quer.  Acho fascinante!

E quando acho que já tem rolo demais na vida de Alina, Bardugo me dá um terceiro elemento para esse conjunto. E não vou mentir... Gosto demais desse terceiro elemento!!! (Mais suspiros). Sinceramente não sei como essa mulher vai finalizar esse bolo doido, só espero que não me decepcione mudando a personalidade das pessoas. Mas ela nunca me decepcionou, então acho que ficarei tranquila. 

Fatos novos, poderes novos e batalhas internas e externas para lá de iluminadas pelo poder forte e destruidor de Alina. Esse livro cumpriu a missão dele que foi nos mostrar o outro lado de uma realeza, que até então nos era cruel de fato. Nos mostrar o quanto Alina ainda poderia fazer pelas pessoas que ama, e o quanto a batalha interna dela é forte contra esse poder que não entende completamente. Mas a garota está começando a se aceitar, e para mim foi uma aceitação lenta e real. 

Estou muito curiosa para saber como Bardugo vai terminar essa história. Ficaram muitas coisas pendentes nela e meus dedos estão formigando de vontade de correr para ver as fofocas sobre ele nos sites gringos. Quero a surpresa que foi Sol e Tormenta para mim quando o livro vier para o Brasil. 

Devo dizer que a diagramação dele é fria e linda? Não, né?! Acho que vou mostrar no próximo vídeo de leituras. Mas algo aqui me lembra a Rússia. Ou os nomes das pessoas, lugares ou o clima que sempre é pesado e sombrio. 

Se querem conhecer uma fantasia diferente, encarem essa com vontade. Eu adoro tudo nela!