Essa série: Amorteamo (Primeiras Impressões)



Amorteamo", nova série da Globo, que estreia nesta sexta-feira (8), com cinco episódios, mistura terror e amor e se passa em cenários sombrios, incluindo o cemitério como um dos principais ambientes dos personagens mortos-vivos.
A trama principal envolve Gabriel (Johnny Massaro) e Malvina (Marina Ruy Barbosa). Os dois estão prestes a se casar, mas o jovem reencontra Lena (Arianne Botelho), seu amor de infância, e abandona a noiva no altar.
Arrasada, Malvina se joga da ponte da cidade e morre afogada. Com remorso da tragédia, Gabriel vai até o cemitério e leva o corpo da noiva para casa. Ela então acorda no melhor estilo noiva-cadáver. A partir daí, todos os mortos-vivos do Recife antigo, do início do século XX, voltam à vida e assombram a cidade.


Sei que normalmente só falo de série por aqui depois que vi uma temporada inteira, e que dificilmente paro para falar de algo nacional. E já vou me defendendo em dizer que não é por falta de gosto, mas de oportunidade. São poucas as séries nacionais que eu realmente gosto, e faz tanto tempo que não me apego em uma que trazer uma postagem aqui seria repetir informação que vocês já estão cansados de saber. 

Quanto a trazer opinião sobre algo que comecei a ver e ainda não acabei, é mais para mostrar a vocês o que tem de novo. Portanto decidi trazer as primeiras impressões que tenho das séries, e montar uma coluna a cada final de mês falando um pouco do áudio visual que conferi naquele mês, seja em filme ou seriado. 

Mas vamos deixar de enrolação e falar um pouco sobre Amorteamo. 
Em primeiro lugar, o que penso sobre esse nome? Que jogo incrível de semânticas para criar o título! Acho que ficaria entre algo do tipo "A morte amo" ou "Amor, te amo". Só essa dualidade já ganhou meu coração por muitos pontos. 

Não sou de assistir televisão aberta. Na verdade não sou de ver televisão de forma alguma, mas eventualmente estou com minha mãe conversando enquanto ela vê a novela, e foi em uma dessas conversas que me peguei na chamada da série. E que chamada! 

Jé pela estética eu sabia que gostaria dela. Mesmo que não valesse nada num todo, a direção de arte merece todas as minhas palmas. E por isso decidi assistir, e não me decepcionei com o primeiro episódio que foi ao ar ontem depois do Globo Repórter. 

O enredo base está explicado na sinopse lá em cima. Essa ideia de morte por amor me faz lembrar bastante a segunda geração do romantismo, que eu amo. E algo na série também me fez pensar em Noiva Cadáver, Tim Burton, Capitu e Hoje é dia de Maria. Ou seja, uma combinação diabólica para me prender em frente a TV de um canal aberto. 

Aqui em casa disseram que isso é porque eu sou sombria e nostálgica. Eu digo que é porque além disso sou visualmente fascinada em tudo o que é esteticamente bem feito dentro do sombrio. Fotografia, direção de arte... Isso tudo me encanta de maneira singular, e ambas coisas são tratadas de forma genial em Amorteamo. 

Lendo um pouco sobre a série. descobri que as referências para ela vem de fato de Alvares de Azevedo (de longe meu ultrarromântico brasileiro predileto), o francês Charles Baudelaire e o simbolista Augusto dos Anjos. Logicamente que essa combinação seria depressiva, sombria e sedutora. Quem disse que não existe sedução no escuro?


A direção de Flávia Lacerda é sensível e dialoga bem com a parte visual da série. A câmera é um item interessante em Amorteamo. No final do primeiro episódio você praticamente se coloca no lugar dela, absorvendo o drama dos personagens como se fosse seu, e criando um distanciamento que eles também estão fazendo. É simples, mas bem feito. 

Estou bem curiosa para saber como diabos vão terminar isso. E principalmente, como vão trabalhar os mortos nessa Recife meio londrina do século XIX. 

Se vocês curtem séries de época com um visual bacana, trate de ver os outros episódios de Amorteamo.