Da vida real para a literatura: Violência Pornô



Um dia desses fui questionada por um amigo sobre a maldade do mundo. Se hoje em dia ele anda mais violento do que no passado. Lembro que fiquei analisando o questionamento dele com cuidado. Será? Claro que hoje em dia o negócio está complicado, mas se pararmos para pensar que antigamente se enforcavam pessoas em praça pública por simplesmente nada e que jogavam outras em arenas para divertir o povo, dá um frio enorme na barriga.

Hoje em dia temos os direitos humanos para nos impedir (pelos menos em termos de ocidente) que pessoas sejam enforcadas em praça pública. Isso é um certo avanço. Existe mais morte e violência porque há mais pessoas no mundo hoje do que havia no século XVI, por exemplo. Sem contar que na época o falatório era de boca em boca, e não filmado por um smarthphone e colocado em tempo real no Youtube. Como diz esse mesmo amigo meu, o marketing do mal é pesado e muito mais forte do que o marketing do bem.

É bem provável que você abra sua timeline do Facebook e encontre muito mais notícias ruins do que notícias boas. Políticos ladrões, crianças doentes, fome na África, guerra na Ásia... Raramente se vê as coisas boas que são feitas pelas pessoas simples. Acredito que um ser superior não cobre que um ato de bondade seja televisionado, mas acho que a maioria das pessoas precisa disso para entender que as coisas estão ruins, mas elas também podem ser melhores.

Não vejo ninguém na minha rua ir para a porta quando passa um grupo arrecadando alimentos para os mais carentes ou fazendo campanha de leitura. Mas basta começar uma briga ou um tiro rolar por aqui (acontece com frequência) para até as crianças olharem o morto com um celular na mão. Seja por Whatsapp ou Facebook, essas fotos e vídeos irão viralizar em tempo absurdo.

Acho que ninguém se importa que aquele morto tenha uma mãe que nesse momento está em desespero. Ou que aquelas fotos divulgadas de uma mulher com um amante possa destruir uma família que já não anda boa das pernas.  O respeito pelo alheio cai por terra quando a tentação da “fofoca” faz com que alguém tire o celular do bolso e registre algo que não lhe diz respeito.

O que mais ando vendo na internet são namorados furiosos postando fotos de suas ‘ex’ nuas, ou em momentos íntimos, por pura vingança. Se tem uma coisa que a literatura (e o Conde de Conte Cristo) me ensinaram, é que quem mais sofre com a vingança, é quem a procura.

Do mesmo jeito que essas fotos são compartilhadas por pessoas que também não tem um pingo de respeito pela decisão dos outros, elas somem. Isso é um fato inquestionável. Depois de algum tempo ninguém se lembra daquela mulher nua porque outras aparecerão. É um fato triste que de modo geral a sociedade precise de notícias desse tipo nas redes sociais com tanta frequência. Mas ainda é um fato, e precisa ser pensado e mudado.

Pergunto-me sobre a prioridade das pessoas com as redes sociais. Acredito que você precisa ter ao menos um pingo de bom senso para usá-las. Se a vida do seu vizinho está fazendo as pessoas rirem hoje, amanhã pode ser a sua, ou de sua filha.

O que as pessoas fazem entre paredes é problema delas. Ninguém paga conta de ninguém aqui para zoar por causa de um seio aparecendo ou uma bunda. Não dá, em absoluto, para julgar outra pessoa sem olhar para o próprio umbigo. E ainda que você se ache a pessoa mais certa do mundo, isso não te dá o direito de apontar ninguém. Como diz naquele livro inteligentíssimo, “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”.


Foi pensando nisso que a autora Robin York escreveu os livros Profundo e Intenso. Usando o tema de Violência Pornô, ela conta a história de uma menina que teve a vida mudada depois que o namorado postou fotos dela nua na internet.

O tema está tão em alta que a Arqueiro organizou uma blogagem coletiva com os parceiros sobre o assunto. E o Irreparável convida os leitores a contarem suas histórias sobre Violência Pornô.

Tem alguma amiga que já passou por esse tipo de violência? Qual o caso mais forte que você já viu? O que pensa sobre o assunto?

Vamos mobilizar o povo contra isso, gente! Nossa privacidade é só nossa. E vamos mostrar as pessoas que não compartilhar esse tipo de mensagem é uma forma de respeito a si mesmo. Dando respeito, a gente se respeita.

Sinopse: Caroline Piasecki vê sua vida se transformar em um pesadelo quando o ex-namorado espalha fotos dela nua na internet. Desesperada, ela tenta fazer com que as imagens sumam da rede e, ao mesmo tempo, tem que se defender da multidão de pessoas que a julgam.Um dia, quando um cara que ela mal conhece sai em sua defesa, tudo muda de repente.