Resenha de "A Garota sem Passado" (Michael Kardos)

Título:  Garota sem Passado
Autor: Michael Kardos
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Num domingo de setembro de 1991, Ramsey Miller deu uma festa em casa para os vizinhos. Depois, assassinou a esposa e a filha de 3 anos. Todo mundo na pacata cidade de Silver Bay conhece a história. Só que todos estão errados. A menina escapou. Sob o nome falso de Melanie Denison, ela passou os últimos quinze anos escondida com os tios numa cidadezinha remota. Nunca pôde viajar, ir a uma festa na escola ou ter internet em casa, porque Ramsey jamais foi encontrado e poderia ir atrás dela a qualquer momento.
Mas, apesar das rígidas regras de segurança impostas pelos tios, Melanie se envolve com um jovem professor da escola local e engravida. Ela decide que seu filho não terá a mesma vida clandestina que ela e, para isso, volta a Silver Bay para fazer o que nem os investigadores locais, nem a polícia federal, nem o FBI conseguiram: encontrar seu pai antes que ele a encontre.


 Não tive sorte com os thrillers lidos nos últimos meses, que foram bem poucos. Normalmente até evito pedir esse tipo de livro, e não por não curtir o tema, mas por realmente não ter sido fisgada pelos livros modernos nessa categoria. E, sim, já tentei ler Gillian Flynn e não tive o amor que a maioria das pessoas tiveram pelos livros dela. 

Resolvi me arriscar com A Garota sem Passado porque ando meio enjoada dos livros que tenho lido, e por ter curtido um bocado a sinopse. E nem posso dizer que o livro me enganou em algum momento. Tipo... a sinopse realmente é bem fiel a história, e isso quer dizer que algumas partes dele são de fato bacanas. Foi a condução que o autor deu a algumas situações e o desfecho da trama que me incomodaram imensamente, e por isso dei só três estrelas. 

Logo no começo do livro ficamos sabendo, através da postagem em um blog de um velho jornalista, sobre o caso Ramsey Miller, que aconteceu em Silver Bay. Entendemos que o tal do Ramsey simplesmente pirou, deu uma big festa em casa quinze anos atrás, matou a esposa e depois a filha de três anos. Isso é o que a imprensa e a polícia deduziram depois de muita investigação. 

Só que no segmento do livro descobrimos que a menininha não morreu. Mudou de nome e mora com os tios em Fredônia, protegida pelo serviço de proteção a testemunha, porque o pai nunca foi capturado e ela corre risco de vida. 

O problema é que Melanie está insatisfeita com sua vida. Prestes a fazer dezoito anos, é proibida pelos tios de fazer o curso que deseja na faculdade e tem que ter o maior cuidado de não ser fotografada por ninguém. Não pode viajar ou fazer nada do que gosta pelo constante medo que Ramsey apareça e dê fim ao que começou quinze anos atrás. 

Uma determinada situação em sua vida faz com que Melanie tome pulso e decida não viver mais sob o domínio do medo. Decide voltar para Silver Bay e encontrar o pai antes que ele a encontre. 

O livro é narrado com flashback do passado desse caso. O presente com Melanie, e o passado com Ramsey e a mãe da garota. Muito mais do pai, que acompanhamos desde a infância. Provavelmente uma jogado do autor para nos inserir na mente meio perturbada de Ramsey. Delinear a história de um assassino é importante para entendermos os motivos que o levaram a cometer determinados crimes. 

Essa ida e vinda temporal no livro foi muito interessante. Quando me cansava de Melanie, ali estava Ramsey, e vice e versa. E a piração do cara é tanta que as vezes dava vontade de rir. Eu não via um psicopata, mas alguém um tanto perturbado e precisando tomar Gardenal. 

Você acaba devorando o livro por pura curiosidade de entender o diabos levou o homem a fazer o que fez, porque é questionável que alguém no nível de insanidade dele cometa um crime tão frio e brutal. Acredite, os piores assassinos são aqueles mais serenos. Eles não são doidos, só doentis. 

Com o decorrer da narrativa o leitor vai juntando as peças e vendo que nada é o que parece. Na verdade nem levei um susto muito grande com o desfecho porque desde o princípio suspeitei que tinha algo de errado nesse caso, e olhe que não sou policial.  No máximo me considero boa no jogo de detetive. 

A resolução do caso em si é até interessante - e meio óbvio em alguns momentos. O que me irritou no final foi o último embate entre vilão e mocinho. Em um livro de suspense o leitor é preparado desde a primeira página para o momento do embate final. Aquela cena tensa que vai deixar os cabelos arrepiados e as unhas comidas. E claro que isso acontece com A Garota Sem Passado! O problema é que essa cena em específico ficou rápida, idiota e sem sentido lógico. Sério, quando pisquei já tinha passado e o livro havia chegado ao fim. Ainda pensei... sério que essa menina ficou escondida durante quinze anos por causa disso? Até meu filho de seis teria resolvido ,muito antes. 

Também não posso dizer que gostei de personagem nenhum, tirando, talvez, o jornalista coroa que escreve o blog. De resto fiquei super distanciada, e isso não me ajuda a gostar de uma leitura. 

Considero A Garota Sem Passado um livro interessante para passar algumas horas, já que é um livro curto. Mas realmente não funcionou para mim como suspense psicológico. Diria que aqui tem-se muita explicação e pouca ação. Mas, para quem curte o gênero, fica a dica.