Resenha de "As Cordas Mágicas" (Mitch Albom)

Título: As Cordas Mágicas
Autor: Mitch Albom
Editora: Arqueiro (Cedido em Parceria)
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Sinopse: Francisco Presto nasceu numa pequena cidade da Espanha em plena guerra civil. Com a infância marcada por tragédias, Frankie se torna pupilo de um professor de música cego, que se dedica a lhe ensinar tudo o que sabe.
Ao completar 9 anos, ele foge para os Estados Unidos carregando consigo apenas seus bens mais preciosos: um violão e seis cordas mágicas.
Com um talento fora do comum para tocar e cantar, Frankie rapidamente alcança o estrelato e influencia o cenário musical do século XX, apresentando-se ao lado de nomes consagrados como Elvis Presley e Little Richards.
No entanto, seu dom se transforma em um terrível fardo quando ele percebe que pode afetar o futuro das pessoas: uma corda de seu violão fica azul cada vez que uma vida é alterada.
No auge do sucesso, assombrado por seus erros e por seu estranho poder, Frankie sai de cena por anos, apenas para ressurgir para um espetacular e misterioso adeus.
  

Eu sou uma pessoa completamente ensandecida por música. É tanto que o primeiro livro que consegui escrever na minha vida tinha uma relação com o meio musical. Na verdade é música que escorre das páginas de A Mais Bela Melodia. Para mim o som é uma extensão da alma de alguém, seja o artista que a compôs ou o ouvinte que a sentiu ao ponto de perceber sua alma engrandecer numa ligação pessoal com aquela melodia. Existe algo de mágico com a música, e quando vi a sinopse desse livro, senti que precisava dele para ontem. E que maravilhosa surpresa descobrir essa joia rara. 

O livro começa com o enterro do músico Francisco Presto, o Frankie. E isso não é nenhuma novidade, ok? Está realmente nas primeiras páginas do livro. Nesse enterro, que é narrado de um modo bastante peculiar pelo autor, ficamos conhecendo, através de relatos de conhecidos, quem foi Frankie e o que ele representou para a música da época. É ai que vamos conhecendo a história do protagonista, numa visão em terceira pessoa de um mundo particular que é muito próximo a nós de uma maneira delicada. 

Eu poderia passar o dia aqui tecendo elogios acerca desse livro, e ainda assim não seria suficiente. Acredito que não consiga passar metade do que senti durante essa leitura, e acho de verdade que ela é do tipo para ser sentida. A vida desse protagonista é como se fosse uma página da poesia do seu autor de poemas predileto. Faz sentido? Talvez não, mas como falei, é difícil explicar. 

O autor usa de uns recursos narrativos escandalosos de bom para contar certas coisas. Seja com a cobertura jornalística no enterro de Frankie, ou simplesmente inserir o protagonista com grandes nomes da música, como se de fato ele estivesse estado lá. Chega a ser um apanhado histórico sobre a música da época de Elvis. Sabe o que me lembrou? Forrest Gump. Não num todo, mas nessas inserções na história da música de forma tão verossímil. 

Ainda que tenha momentos enfadonhos durante o livro, principalmente as lições sobre violão, as partes fluidas superam em muito. Acredito que elas tenham sido necessárias, apesar de cansativas. Não acredito que o autor deu ponto sem nó. O livro é todo necessário. Como se fosse aquele símbolo do infinito que faz um looping e volta para o ponto inicial. 

O fato da Música ser uma narradora dessa história também é algo bastante interessante. Como se ela comandasse as linhas escritas. Como se tivesse o poder que de fato tem na vida das pessoas, mas de uma maneira literária. Algo sublime de ser lido. 

Esse livro me lembrou de muita coisa boa na minha vida. Eu podia jurar até ter sentido o cheiro de alguns lugares a medida que a história ia sendo narrada. É muito bom quando um livro chega ao ponto de ser sensorial. Isso significa que o autor é uma pessoa delicada com o que escreve e com o "como escreve". 

Estou encantada com tudo. Com a trajetória musical da vida de Frankie, com o estilo de narrativa do autor, com o pouco de realismo fantástico presente na ideia das Cordas Mágicas, que para mim é mais uma alegoria a ideia da perseverança por um sonho do que qualquer outra coisa. 

É um livro sobre dons, e sinto muito se você não acredita nisso. Não dá para conceber pessoas como Beethoven ou Tolstói sem pensar em dom. Ainda que exista um treino para o alcance da perfeição, aquelas pessoas nasceram para isso, sem sombra de dúvida. Poderiam ter sido banqueiros? Sim! Mas não foram, e isso faz toda a diferença. 

Completamente apaixonada pelo o que autor construiu aqui, pela sensação que ele deixou em minha alma quando acabei de ler o livro, e por pensar que ele pode tocar outras pessoas exatamente como fez comigo. 

Se não leu, vá ler. Agora!