Resenha "Depois daquela Montanha" (Charles Martin)

Título: Depois daquela Montanha
Autor: Charles Martin
Editora: Arqueiro
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Sinopse: O Dr. Ben Payne acordou na neve. Flocos sobre os cílios. Vento cortante na pele. Dor aguda nas costelas toda vez que respirava fundo.
Teve flashes do que havia acontecido. Luzes piscavam no painel do avião. Ele estava conversando com o piloto. O piloto. Ataque cardíaco, sem dúvida.
Mas havia uma mulher também – Ashley, ele se lembra. Encontrou-a. Ombro deslocado. Perna quebrada.
Agora eles estão sozinhos, isolados a quase 3.500 metros de altitude, numa extensa área de floresta coberta por quilômetros de neve. Como sair dali e, ainda mais complicado, como tirar Ashley daquele lugar sem agravar seu estado? À medida que os dias passam, porém, vai ficando claro que, se Ben cuida das feridas físicas de Ashley, é ela quem revigora o coração dele. Cada vez mais um se torna o grande apoio e a maior motivação do outro. E, se há dúvidas de que possam sobreviver, uma certeza eles têm: nada jamais será igual em suas vidas.
Publicado em mais de dez países, Depois Daquela Montanha chegará às telas de cinema em 2017, com Kate Winslet (de Titanic) e Idris Elba (de Mandela) escalados para os papéis principais de uma história que vai reafirmar sua crença na vida e no poder do amor.

Não sei o motivo, mas livros com clima frio sempre me deixam depressiva. Toda vez que leio algo desse tipo, fico nostálgica e me sinto triste. Realmente triste. Acabo demorando mais do que gostaria na leitura, e normalmente culpo o clima. Não sei se de fato faz sentido, mas é o que percebo. 

Depois daquela montanha vai narrar um bom pedaço da vida do Dr. Ben Payne, um médico cirurgião que durante uma pausa em um aeroporto, esperando voltar para casa, acaba conhecendo Ashley, uma jornalista que está indo para o mesmo caminho. 

Com o mau tempo todos os vôos são cancelados, e na pressa que ambos estão para voltar para casa, Ben porque tem uma cirurgia marcada e Ashley porque vai se casar, acabam fretando um voo particular. E, claro, isso acaba não saindo como o planejado quando o avião cai no meio do nada, e ambos ficam presos na neve. A mulher com muitos ferimentos, e o médico com o suficiente deles para achar que ambos iriam morrer ali. 

Ben é um personagem carismático. Apesar de na dele e daquele jeito maduro que costuma me afastar dos personagens por falta de empatia, ele tem um carisma natural que acaba sendo a graça de sua personalidade. O fato de tudo dividir com um gravador de voz, chega a nos aproximar muito do personagem ao ponto de querer colocá-lo no braço. Ver flashs narrados por ele do que era sua vida até aquele momento nos dá forças como leitores para fazer com que Ben saia daquela situação e volte para casa. 

Já Ashley a gente só conhece pelo ponto de vista dele, e pelas coisas que ela mesma diz. E apesar de não ser necessariamente a protagonista, ela tem um papel fundamental em toda trama. Ela quem faz o médico reavaliar muita coisa em sua própria vida. Além de que, é outra personagem maravilhosa. Não tão taciturna como ele. Na verdade ela tem um humor tão bom que por vezes ficava me questionando a realidade da mulher. "As chances de sobreviver são mínimas, então vamos fazer uma piada sobre isso!". 

Acompanhamos no livro a tentativa do médico de tirar ambos daquela montanha de neve. O profissional Ben Payne sabe que não tem muita chance se ficar ali parado esperando por ajuda, então arregaça as mangas e leva Ashley até alguém que possa ajudá-los. Essa trajetória, que costumo chamar de jornada do herói, é nítido nesse livro. Nítido e muito bem escrito. 

Apesar de parado em muitos momentos, afinal estamos falando de duas pessoas cansadas demais para conversar e prestes a morrer, o livro tem a velocidade necessária para esse tipo de narrativa. Cansativo, talvez, até pelas explicações médicas do doutor acerca das condições físicas de ambos, mas pessoalmente isso não me irritou. Como disse, aqui tudo é necessário. 

É um bom livro. Belo, crescente como deve ser, e comovente na medida certa. Não tem como acabar a leitura sem sentir uma gastura nos olhos. A gente fica se questionando se torce pelo correto pelo ponto de vista ético, ou se vai atras do conceito de romantismo que nos faz suspirar. 

É... de fato um bom livro.