Resenha do livro "Gone- o mundo termina aqui"








Título: Gone- o mundo termina aqui
Autor: Michael Grant
Editora: Galera Record
Número de páginas: 515








Sinopse (Skoob)
Em um piscar de olhos, todos com mais de 14 anos desaparecem. Restam adolescentes. Pré-adolescentes. Crianças. Nenhum adulto. Nenhum professor, policial, médico ou responsável. Linhas de telefone, redes de televisão e a internet param de funcionar. Não há como pedir ajuda. A fome é intimidante e a violência começa. Os animais parecem estar se transformando, e uma criatura sinistra está à espreita. Os próprios adolescentes estão ficando diferentes, desenvolvendo novos talentos: poderes inimagináveis, perigosos e mortais, que crescem dia após dia. É um mundo novo e assustador. É preciso escolher um lado — e a guerra é inevitável.




Em contagem regressiva.
É assim que Gone começa sua narrativa. E logo em seguida, um sumiço. Não, vários sumiços. Não daqueles que as pessoas somem no caminho de casa, mas daqueles inusitados em que elas somem enquanto piscamos os olhos.
E de repente temos uma cidade cheia de crianças e adolescentes sozinhos que não sabem nem cozinhar a própria comida. E é nesse caos juvenil que conhecemos Sam, o protagonista dessa série bem justificada. Sim, Gone não joga apenas um sumiço geral de adultos numa cidade qualquer. Michael Grant cria respostas muito convincentes para coisas até que um tanto sobrenaturais.
Começamos vendo o trio Sam, Quinn (Seu melhor amigo) e Astrid, vulgo gênio. Confesso que de início esse trio me incomodou porque lembrava muito o trio de Harry, Rony e Hermione. Sam é corajoso e discreto como Harry, Quinn é a piada da história, sempre tem uma coisa engraçada para se dizer em qualquer situação, como Rony e Astrid é a inteligente, com dizeres que deixam sempre os amigos sem entender, como Hermione. Mas com o tempo, vemos sutis diferenças que fazem muita consideração no final das contas. Quinn se mostra um tanto agressivo e um elo fraco às vezes nesse mundo sem leis adultas. Astrid que começa muito forte e determinada se perde em meio a trama, ficando apagada e se tornando uma donzela em perigo. Não combina com ela. E Sam é um fofo discreto. E mais tarde, conhecemos Edílio que se junta ao grupo, formando o quarto componente e, no meu ver, o melhor.
Me perguntava enquanto lia se realmente adolescentes e crianças tomariam certas atitudes ou falariam certas coisas estranhas como vemos em Gone. Mas se você tivesse 14 anos e descobrisse que era o mais velho ser vivo numa cidade, não daria um jeito de ajudar e comandar os mais novos? Não sei. Mas às vezes me incomoda que eles não se tratem como os jovens que são em momento quase nenhum. Mas momentos de guerra exigem medidas hiperbólicas.
Outra coisa importante em Gone é a academia Coates, de onde vem muitas crianças.
Essa academia funciona como uma espécie de reformatório. Acho interessante que cada personagem principal que acabou vindo da Coates tem uma explicação na história para ter estado lá. Todas elas fortes, e todas muito possíveis. Quem disse que psicopatia começa na vida adulta?
Pois é. Temos vilões além de fome, bebês em creches, incêndios e escassez de remédios.
O roteiro de Gone é muito bem construído. De verdade.
O livro gira envolto às crianças tentarem descobrir o que aconteceu na cidade e como reverter
a situação. A isso, somam-se crianças querendo poder, inimigos em forma de animais e poderes e um mal sempre presente em tudo. Além de manter uma cidade sem recursos nenhum e com conteúdo na cabeça em nível de oitava série.
Sam é forte. Talvez não pense tanto nas coisas a ponto de endoidar. Vê-se por satisfeito só em ter amigos por perto. Será?
O livro é fluido. Rápido de ser ler, com toques que nos deixam sem dormir ou com vontade de  ler em pé no ônibus. A história é bem conduzida. Os furos ficam por conta das atitudes dos garotos. Mas isso nem incomoda tanto.
O ponto estupidamente a favor são as construções de alguns personagens. Todos os da academia Coates são magníficos. De Canes a Diana. Edílio, Lana, Albert e Maria são encantadores até nas sutis aparições e problemas. Algo em Quinn me agrada mais do que em Sam. Talvez a loucura, o não ser forte o tempo todo. São crianças, ora bolas!
O livro nos dá versões de vários personagens diferentes, não fica apenas em Sam e Astrid. Gosto disso também.
Enfim, é um livro jovem, sem personagens idiotas e com um roteiro um tanto cinematográfico. Trata até de alguns problemas psicológicos em crianças e adolescentes.
Recomendo de verdade. Muito bom.

- Isso mesmo. E na época eu nem tinha uma arma. Isso não tem a ver com quem possui poderes, seus panacas. Tem a ver com quem não sente medo. E com quem faz o que tem de ser feito.     [Drake, página 367]

Era mais difícil ser corajoso quando o mundo inteiro parecia olhar cada movimento seu. [página 474]

Quando começaram a andar, não estavam mais espalhados em todas as direções. Não marchavam como um exército, mas chegavam o mais próximo disso que seria possível para um bando de crianças traumatizadas. Andavam com a cabeça um pouco erguida. [página 385]