Distopia, a onda literária da vez.





Imagine você acordar um dia e todo o mundo que você conhece estar virado de cabeça para baixo. Imagine pessoas com fome, sem luz elétrica, sem água, sem casa. Imagine alguém que sempre ajude a todos, que lhe digam onde encontrar coisas para comer, que lhes deem palavras de conforto, que seja um guia. Imagine que esse alguém responda por todos, que as pessoas estejam totalmente dependentes de suas decisões. Imaginem que coloquem essa pessoa no poder. Imagine que o poder a corrompa, que ele passe a gostar de punir as pessoas que roubam para comer. Imagine que ele imponha horários para se estar na rua pesando pelo bem estar das pessoas. Imagine que alimentar muita gente passe a ser difícil demais. Imagine que ele comece a tomar como sua própria voz todas as vozes. Imagine pessoas sem comida, sem esperança, sem liberdade.
Sem liberdade...
A falta de liberdade cria um gene louco a mais nas pessoas. A falta de liberdade as cega para qualquer coisa boa que ainda possa ter em uma prisão mesmo psicológica.
Imagine pessoas insanas explodindo prédios e praças em nome da liberdade. Imagine pessoas famintas buscando comida, e o único lugar em que ela vem farta é na mesa daquele que um dia lhes indicou o melhor caminho para chegar nas plantações.
Imagine tudo isso, e depois me diga... O que faria se fosse você. Quem você seria?
Essa é uma premissa distópica. E é com esse pensamento angustiante que começamos a postagem de hoje.
Conceitos como utopia nos é comum graças a Thomas Morre e vários outros ideais de mundos perfeitos. Sonhar nunca custou muita coisa, e pelo menos em pensamento criamos um mundo maravilhoso e altamente evoluído. E temos então a definição de dicionário do que é utopia “projeto irrealizável”.
Perfeição é irrealizável.
Não sei até que ponto é agradável pensar desse modo. Pelo o que lutamos então, já que perfeição não existe? Acho que é ai que as pessoas se colocam no ponto comum de apenas querer algo melhor, e passar por essa vida com mais dignidade do que entrou nela.
E onde entra a distopia nessa história?
Bem, se a utopia é um projeto irrealizável de um mundo e de uma sociedade perfeitos, a distopia é justamente o contrário disso, é um mundo imperfeito. Um mundo que ninguém para muito para pensar em construir casinhas brancas e criar cachorros de pelo amarelo.
Um mundo distópico é normalmente caracterizado por totalitarismo, autoritarismo, por controle opressivo da sociedade. Em suma, temos alguém que por algum motivo conseguiu poder, e esse alguém em cima de uma sociedade frágil e debilitada, manipula as ordens e transforma em um mundo próprio o que deveria ser um mundo coletivo.


Normalmente nos livros e filmes distópicos, a pessoa no poder o tem porque foi facilitador de uma guerra de posses ou porque detêm o comando tecnológico. A tecnologia é comum e acessório importante na distopia.
No meu ver, alguns tipos de distopia são mais realizáveis do que as utopias. Então em resumo, pensamos que é mais fácil chegar na imperfeição do que na perfeição.
Pesquisando sobre o assunto achei tal frase:

“O que é comumente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável, mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável”
[…] Utopia significa “lugar nenhum”, e distopia “lugar ruim”

Presume-se então que é mais possível de se chegar o lugar ruim ao lugar nenhum.
As obras distópicas sempre nos permitem questionar sobre a nossa sociedade, e quase sempre elas são sátiras de comportamentos e atitudes que nos tomamos, claro que de uma forma mais hiperbólica. Trata-se de valores. De valor humano numa sociedade, de valor político em um governo. De valor moral num âmbito em que a essa é traída pelas necessidades humanas mais básicas.
Mundo imaginado. Mundo paralelo.
Apesar de dizerem que uma distopia não passa de um pensamento pessimista de um lugar, e que nunca seria possível numa sociedade evoluída igual a nossa, me pergunto o que eles querem dizer com evoluído. Nem toda evolução do mundo transforma prisioneiros famintos em diplomatas da paz.
Há uma infinidade de obras nesse estilo. Algumas bem antigas (não pensem que esse pensamento é novo) E muitas bem atuais. As pessoas sempre gostaram de pensar saindo do comum. Transformando os assíduos amantes de cinema e livros em questionadores de opiniões. E porque gostamos tanto de obras assim?
Porque ela nos tira da rotina de ideias. Porque passamos a não querer viver bem e passar pelo mundo, queremos fazer parte dele mudando uma história. Histórias de alguém, de tantos, de muitos e a própria.
Mesmo com um mundo pós apocalíptico, ser herói ainda é vontade de quem sobrevive na vida.

E você, em qual estilo de distopia gostaria de fazer a sua história?

* Algumas obras distópicas:

LIVROS
- Jogos Vorazes (Suzanne Collins)
- O homem do castelo alto (Philip K. Dick)
- Eu sou a lenda (Richard Matheson)
- Gone (Michael Grant)
- Admirável mundo novo (Aldous Huxley)
- Fahrenheit 451 (Ray Bradbury)

FILMES
- 1984
- Filhos da esperança
- Os 12 macacos
- Laranja mecânica
- Matrix

Deu pra sentir o clima não é? Então o que você está esperando?