Título: Amanhã, quando a guerra começou
Autor: John Marsden
Número de páginas: 253
Editora: Fundamento
“O que você faria
se descobrisse que todo o mundo que conhece deixasse de existir da noite para o
dia?”
Ao voltar de uma
semana de acampamento, Ellie e seus amigos descobrem que a cidade em que viviam
foi invadida por um inimigo desconhecido. Suas famílias foram aprisionadas e
uma guerra está acontecendo em seu país. Agora eles estão sozinhos em uma
cidade sitiada, lutando para descobrir o que aconteceu com seus pais e tentando
sobreviver.
Foram
esses dizeres juntos com uma capa fantástica que me fizeram comprar esse livro.
O primeiro de uma série de sete.
Estamos
na moda de uma literatura escrita por adultos, para adolescentes, e me pergunto
por que eles dizem ser uma literatura infanto-juvenil; guerras, mortes e
destruições passaram a ter presença marcada no vocabulário e pensamento de
adolescentes leitores de todo mundo. Não acho isso ruim, pelo contrário. Acho
que se os jovens têm problemas sérios de acompanhar noticiários, que eles
conheçam um mundo um tanto rude e duro, pelas linhas severas dos livros.
Em
“Amanhã, quando a guerra começou”
acompanhamos um grupo de jovens que saem durante uma semana para acampar, e
quando voltam encontram suas casas vazias, animais mortos e nenhum sinal de
pessoas. E agora eles têm que lidar com a possibilidade de estarem sozinhos
para sempre.
A
história é vista pelos olhos de Ellie, filha de fazendeiros australianos (Sim,
o livro foi feito na Austrália e conta uma história de uma cidade rural da
Austrália). As descrições de locais são muito boas de serem lidas. Tem verdade,
tem certa beleza, e também um pavor pela grandiosidade da natureza.
O
que torna a história fantástica no meu ver é a certeza de que tudo escrito ali
pode ser possível. Um grupo de adolescentes que se veem sozinhos no meio de uma
guerra não é incomum, na verdade, acredito que tivemos nas nossas próprias
guerras, seus jovens heróis que não foram parar em livros e que tampouco se
lembraram de escrever versos nos contando suas histórias. Se bem que... Alguém se
lembra de Anne Frank?
Os
personagens do livro não me pareceram muito substanciais, e talvez tenha sido
proposital do autor. Afinal, adolescentes nem sempre tem personalidades
altamente formadas. A narradora- protagonista, Ellie, não tem nada de especial
a não ser um conhecimento grande de direção e de atividades diárias de uma
fazenda. Contudo, temos Homer, um personagem que passa longe de ser secundário,
ele é formador da maioria das ideias fantásticas do livro, o humor da maioria
das cenas e o pulso de todas delas. No meu ponto de vista, a historia bem que
poderia ter sido contada pelos olhos dele. Os outros personagens são
construídos em cima de estereótipos de adolescentes, então, muitos são bem
apagados. Acredito que como o livro é o primeiro de uma série, todos eles
venham a amadurecer muito no decorrer da história.
Surpreende-me
que eles tenham conseguido ser tão bem articulados numa situação assim. Fico
pensando se fosse eu com quinze anos, ou meu irmão, que hoje consta com
quatorze, como reagiríamos ao sumiço de nossos pais, e a um mundo em guerra.
Esconderíamos-nos? Renderíamos-nos? Lutaríamos? Nisso o autor acertou. Ser
jovem é meio que uma incógnita. Tem horas que soluçam abraçados à perna como se
fossem bebes, e tem horas que nem o próprio Rambo os seguram. A coragem muitas
vezes vem do medo de tentar. E é ai que o autor se segurou escrevendo. O que
foi fantástico.
Gosto
das cenas de ação também. Elas têm um ritmo muito bom, que prende o leitor até
acaba-las. Já os romances, a não ser o de Kevin e Corrie, me parecem bem
forçados. Mas poxa... Volto à lembrança de que são adolescentes, e que o amor
nessa época da vida é sinônimo de “Se você pular, eu pulo!”.
É um livro pequeno em que a leitura flui com
uma agilidade fantástica. Tem uma estrutura gráfica muito chamativa e bela. As
folhas internas são lindas e tem cores que lembram barro e coisas sujas e
restos. E isso tem muito haver com a história.
Gostei
do livro, entre esses quesitos citados acima, principalmente porque me
perguntei muitas coisas enquanto lia. A maioria delas não tinha haver com as
histórias próprias de cada personagem, mas de quem eles são juntos, do que eles
são. O que move corações solitários e rebeldes de jovens?
Não
é surpresa para ninguém o quanto sou apaixonada pelas possibilidades do
universo dos adolescentes, e “Amanhã,
quando a guerra começou”, serviu para me mostrar, que apesar de ficção,
lutar por uma causa, segurar uma arma, explodir uma ponte, não tem idade.
Não
foi o melhor livro que já li na vida, mas tem potencial para ser uma ótima
série. Os personagens tem certa estrutura, a guerra tem um vasto mundo de opções
de conduzir uma história. E me peguei curiosa quanto a tantas coisas que eles
seriam capazes de fazer juntos. Porque no final das contas, é sobre isso que a
história fala; ter amigos e não estar sozinho nos dá coragem.
Super
indico! E aguardo o próximo livro para ler e trazer um pouco mais da aventura
desses guerreiros para vocês.
Os outros livros
da série:
1. Amanhã,
quando a guerra começou (lido)
2.
O silêncio da noite
3.
No terceiro dia, a geada
4.
Escuridão, seja minha amiga
5.
Vingança em chamas
6.
Quem tem medo da noite
7.
O outro lado do amanhecer