Resenha de "Uma Carta de Amor" (Nicholas Sparks)

     "Adulto e triste"

Sinopse: Há três anos, a colunista Theresa Osborne se divorciou do marido após ter sido traída por ele. Desde então, não acredita no amor e não se envolveu seriamente com ninguém. Convencida pela chefe de que precisa de um tempo para si, resolve passar férias em Cape Cod. Durante a semana de folga, depois de terminar sua corrida matinal na praia, Theresa encontra uma garrafa arrolhada com uma folha de papel enrolada dentro. Ao abri-la, descobre uma mensagem que começa assim: “Minha adorada Catherine, sinto a sua falta, querida, como sempre, mas hoje está sendo especialmente difícil porque o oceano tem cantado para mim, e a canção é a da nossa vida juntos.” Comovida pelo texto apaixonado, Theresa decide encontrar seu misterioso autor, que assina apenas “Garrett”. Após uma incansável busca, durante a qual descobre novas cartas que mexem cada vez mais com seus sentimentos, Theresa vai procurá-lo em uma cidade litorânea da Carolina do Norte. Quando o conhece, ela descobre que há três anos Garrett chora por seu amor perdido, mas também percebe que ele pode estar pronto para se entregar a uma nova história. E, para sua própria surpresa, ela também. Unidos pelo acaso, Theresa e Garrett estão prestes a viver uma história comovente que reflete nossa profunda esperança de encontrar alguém e sermos felizes para sempre.

Talvez esse seja apenas o segundo livro do Sparks que eu posto resenha por aqui, mas acredito que seja o quarto ou quinto livro que leio do cara. Vocês sabem que não morro de amores por seus livros, por uma questão de previsibilidade, mas tenho que admitir que o cara consegue me deixar maluca o suficiente para ficar acordada até acabar o livro que estou lendo. Foi assim com todos os outros e, literalmente, perdi uma noite de sono com Uma Carta de amor. 


Nesse livro temos dois personagens bem mais maduros do que estou acostumada com os livros dele. Tanto maturidade de vivência, como se idade em si. Theresa se divorciou tem alguns anos, e foi um período complicado para ela. Tem um filho no começo da adolescência e é uma colunista lutando para fazer nome no ramo jornalístico. 

Garret perdeu a esposa em uma tragédia, e desde então, se afoga em trabalho para tentar superar a dor. Não é um cara que você consegue uma aproximação ligeira, mas é o cara que você pode contar em um momento de necessidade. E como eles se conheceram? Bem, o cara escreve cartas para a esposa morta e as coloca dentro de uma garrafa de vidro, as lançando ao mar. Foi assim que Theresa encontrou uma das cartas e, desse modo, ficou vidrada no homem. Apaixonada pela ideia de um cara que ame alguém desse modo tão intenso. Ela está naquela fase da vida onde ninguém acredita no amor. Eu bem sei... Estou nessa fase tem alguns anos. 

Enfim, usando dos seus conhecimentos como jornalista, Theresa descobre onde encontrar Garret, e vai a procura do homem. Claro que ele a acha maravilhosa, e isso  o machuca, já que achou que passaria o resto da vida de luto. E com certeza que Theresa o acha tão bom quanto, por mais que ela queira acreditar que foi até ali puramente por causa de uma curiosidade profissional. Preferindo manter a amizade deles sem que Garret saiba sobre a carta que ela encontrou, eles se aproximam cada vez mais, causando confusão, dor e amor em ambos. 

Bem, como disse lá em cima, é um livro maduro. Aqui a gente vê um amor crescer com o tempo e sem fases melosas, como costuma existir em namoros de pessoas mais novas. É tão sutil o crescimento desse sentimento, que a gente, enquanto leitor, não percebe que está se envolvendo, isso até estarmos completamente envolvidos e cercados por copos de cafeína para terminar a leitura. 

A distância física dos personagens é um ponto muito importante nesse livro. Ela mora em uma cidade, ele em outra, e quando estão envolvidos demais, acaba causando um certo desconforto pela saudade. Outro ponto é a distância profissional e de sonho de vida deles. É aquele tipo de relacionamento que você não vê dar certo, mas torce pra caramba para que funcione. 

Ambos já abriram mão de uma vida por conta de relacionamentos que os ferrou, então eles não estão dispostos a repetir o erro. Fato que é mais comum do que se imagina... Quantos relacionamentos se perdem no mundo por conta de problemas desse tipo? Não tenho a maturidade de idade dos personagens, mas me aproximo muito na questão de sofrimento de vida. Então eu me coloquei exatamente no lugar deles, e vi que teria feito a mesma coisa que Theresa e Garret fizeram. 

Claro que o livro é um soco no estômago de pessoas realistas e racionais como eu, por exemplo. Me deixou pensativa sobre as coisas que teriam acontecido se os personagens tivesse tomado rumos diferentes dos que tomaram. Me pergunto se seria um final alegre de um livro do Sparks, ou se não seria um livro do Sparks por ter um final alegre. rsrs

O negócio é que a vida é uma porcaria de passagem de tempo ferrada que nos joga em cada problema estranho e as vezes insolúvel, nos deixando com as mãos quentes de tanto segurar o que não estávamos preparados para segurar, e sensíveis quando o negócio cai no chão e nos deixa no vácuo. Temos que estar conscientes de que cada pequena ação que fazemos, gera uma resposta, e por mais que a gente pense que ela seja positiva, ela pode não ser. Ou até pode ser positiva no momento em que realizamos, e depois percebemos o quão idiotas nós fomos. 

Pois é, ler os livros desse cara me deixa completamente chateada. Primeiro porque ele realmente é bom em me prender, e segundo porque, caramba, vai escrever tragédia bem assim no inferno!! O engraçado é que não percebi quando a tragédia estava chegando nesse livro, e normalmente eu sempre percebo. Fiquei tão atônita com ela, que fechei o livro emburrada. Caramba, tem personagens que são ferrados, e tem uns que nasceram para a infelicidade total, e nesse livro, temos um premiado desses. Ah, vá! E olhe que sou dessas autoras que gostam de uma realidade nos livros, mas, poxa, qual o problema desse cara com Happy End?!

Enfim, é um livro bem reflexivo e porque não dizer, bonito. Chorei, lógico que chorei! E nem foi pela tragédia em si, mas pela falta de possibilidades que uma tragédia deixa. As vezes eu só quero pegar os personagens no colo e colocá-los para dormir até esquecer do que aconteceu. #melancoliachegando