Resenha de "Colin Fischer" (Ashley Miller e Zack Stentz)

"Personagem divino!"

Sinopse: Resolvendo o crime. Uma expressão facial por vez. O ano letivo de Colin Fischer acabou de começar. Ele tem cartões de memorização com expressões faciais legendadas, um desconcertante conhecimento sobre genética e cinema clássico e um caderno surrado e cheio de orelhas, que usa para registrar suas experiências com a MUITO INTERESSANTE população local. Quando um revólver dispara na cantina, interrompendo a festinha de aniversário de uma das garotas, Colin é o único que pode investigar o caso. Está em suas mãos provar que não foi Wayne Connelly, justamente aquele que mais o atormenta, que trouxe a arma para a escola. Afinal de contas, a arma estava suja de glacê, e Wayne não estava com os dedos sujos de glacê…

Imagine o seguinte... 
Pegue todos os personagens que eu adoro e junte tudo em um garoto só. O que dará? Simplesmente Colin Fischer! 
Não me encantei pelo livro por conta do enredo em si dele, que é até bem bobo, mas Colin valeu cada linha, cada letra, cada sensação de... "O que estou fazendo aqui ?"

Colin é um garoto complicado. Não gosta que as pessoas encostem nele, tem problemas com o trato social e uma inteligência e racionalidade absurdas. Agora coloque alguém assim no inferno que é o ensino médio e veja a loucura se formar. Não tem amigos, seus pais o protegem muito e o irmão tem ciúmes da atenção que acha que não possui.

O analítico Colin Fischer está no meio dessa loucura que é crescer tendo um probleminha psicológico quando uma arma é disparada dentro do refeitório da sua escola. O único suspeito é Wayne, mas ele tem certeza absoluta de que não foi ele e agora vai começar uma investigação do tipo "Colin Fischer" para descobrir o verdadeiro culpado pela arma, e livrar a cara de Wayne, que não é um cara legal com ele, mas Colin não liga para isso. Na verdade, ele não sabe como guardar rancor.

Essa é toda a premissa do livro. Simples, não é? Mas daí temos que lembrar que Colin Fischer é um livro altamente voltado para um público bem jovem. Como se Colin fosse o substituto infantil de todos aqueles detetives geniais que conhecemos já adultos e que por usarem a lógica com coisas muito mais sérias, não permite que o mundo das crianças se aproxime disso. Daí chega o nosso pequeno e problemático herói, desvendando coisas que toda criança é capaz de entender. Lógico que ele vai agradar muita gente de treze anos por ai! Bom, eu tenho mais do que o dobro disso e gostei em demasia do carinha. 

Colin entrou fácil da lista dos melhores personagens do ano. Acho que tenho uma queda por pessoas com síndrome de Asperger, já que é o terceiro livro que leio com um personagem assim e que eu me encanto. Acho que tem a ver com essa simplicidade de enxergar coisas que são muito grandes para nós - pobres e normais mortais - e ver o fim do mundo com coisas simples, como deixar que alguém te abrace, por exemplo. Então claro que gostei de Colin! Tudo na construção dele me conquistou, até as coisas mais bobas, como ele gostar de pular numa cama elástica e fazer disso um estudo de caso, com uma explicação lógica e sensata para uma cama elástica ser tão legal. O carinha é uma mistura de Sheldon Cooper (TBBT), Sherlock Holmes e Forrest Gump. Ou seja, amor em dose tripla! E o tipo de personagem que você ou ama ou odeia.

Os começos de capítulos tem sempre uma explicação bacana sobre coisas que na verdade nunca me importei em saber, mas que se aplicado ao contexto social de Colin, tem muita importância. É bem bacana ver como funciona a cabeça dele e os tipos de associações que o garoto é capaz de fazer. 

Os autores são dois roteiristas, e talvez isso tenha transformado o livro em um capítulo de série, porque é justamente o que parece. Colin daria um bom personagem de série infantil.

A história é bem bobinha, mas um bobo que tem todo sentido. Eu gosto de como os autores lidaram com o enredo simples e super a ver com as crianças que possivelmente lerão esse livro.  Tem aventura,drama familiar, uma leve pitada de romance, e a construção de uma amizade que pessoalmente adorei. E se isso não foi motivo suficiente para você querer ler, então eu vou ali rapidinho me jogar do prédio mais próximo. O garoto Colin Fischer merece algumas horas da sua atenção.