Resenha de "O Teste" ( Joelle Charbonneau)

 "Elétrico"

Sinopse: No dia de formatura de Malencia ‘Cia’ Vale e dos jovens da Colônia Cinco Lagos, tudo o que ela consegue imaginar – e esperar – é ser escolhida para O Teste, um programa elaborado pela Comunidade das Nações Unificadas, que seleciona os melhores e mais brilhantes recém-formados para que se tornem líderes na demorada reconstrução do mundo pós-guerra. Ela sabe que é um caminho árduo, mas existe pouca informação a respeito dessa seleção. Então, ela é finalmente escolhida e seu pai, que também havia participado da seleção, se mostra preocupado. Desconfiada de seu futuro, ela corajosamente segue para longe dos amigos e da família, talvez para sempre. O perigo e o terror a aguardam. Será que uma jovem é capaz de enfrentar um governo que a escolheu para se defender?

Bem, vocês sabem o quanto sou gamadona em distopias. O quanto me sinto viva e real por saber que os livros podem imitar de forma cruel e nada romantizada a vida. E por mais que O Teste tenha semelhanças absurdas com muitos outros distópicos que li - e sim, isso me incomoda em alguns pontos - ele também é bem escrito e de uma velocidade de leitura que se torna até fácil esquecer que é quase um mais do mesmo.

Cia está se formando na escola e é convocada para fazer O Teste. Esse teste é como se fosse um vestibular para entrar numa universidade. Era o sonho dela, mas que acaba se provando um verdadeiro pesadelo depois que a garota se vê dentro dele e descobre que nada é como ela achava que fosse ser. 

Um emaranhado de segredos e teorias conspiratórias acerca do que se passa atrás daqueles muros de O Teste. Quatro etapas tem que ser concluídas para só assim descobrir se eles pertencerão a universidade. A primeira é simples, a segunda assusta, a terceira exige coragem e a quarta é um teste de sobrevivência. E quando o livro entra nessa fase específica dos testes, é ai que ele começa a esquentar e me encher de nervosismo. 

Esse é o básico que você precisa saber sobre O Teste, e o que vou contar a partir daqui, é o que eu achei de todo o enredo que a autora criou. Uma coisa é básica e inegável: ela bebeu de Jogos Vorazes antes de escrever esse. Mas então porque eu gostei tanto? Porque apesar da pouca originalidade em algumas coisas, ela conseguiu originalidade onde mais ninguém conseguiu, e olhe que leio muita distopia. Além de que ela tem uma escrita viciante e quase delirante. Daquele tipo que você fecha só depois que acaba e fica com aquela conhecida frase na ponta da língua... "Quero mais". 

Não morri de amores pelos personagens, nem mesmo por Cia, que se mostra amadurecendo aos poucos a medida que o livro vai passando. E mesmo que seja narrado a partir do ponto de vista dela, eu não consegui me apegar, como também não me apaguei a Katniss de início. Acho que ambas são calculistas demais da conta, e isso cria um distanciamento no leitor. Mas então eu lembro de June em Legend, e ela é um poço de frieza, e é uma baita personagem dentro do gênero. Então não entendo porque não gostei tanto de Cia, mas é um fato. 

Já o romance pra mim foi bemmmm água com açúcar. Não entendi de onde veio, nem como cresceu ou se formou. Simplesmente, do nada, estava lá balançando corações delicados em cima de mim. E tudo bem por isso, porque a autora é boa em dar viradas e eu acredito que algo nessa relação vai mudar muito no próximo volume. Na verdade, alguns segredos e mentiras são fortíssimos em relação a esses dois. 

Aqui a autora também trabalha com a morte de um modo distópico e real, só que pouco poético. As vezes achava que ela repetia uma sensação que Cia teve só para nos fazer sentir uma morte, e sinceramente? Achei que todas foram merecidas, até as que realmente não foram. 

Não se entende muito sobre o governo e suas necessidades de tomar certas decisões, porque apesar de O Teste funcionar absurdamente como um conjunto na minha cabeça, ele precisava ter um fundamento do caralho para existir, e eu não senti muito isso. Mas novamente digo que acredito bastante no que a autora possa vir a fazer no próximo volume. Sei que algumas coisas serão explicadas e eu vou gostar mais ainda dessa série. 

Fiquei realmente feliz com a velocidade de enredo em O Teste. Talvez porque a autora soube conduzir bem a trama para aquele finalmente onde o livro acabada. Eu consegui ser levada pela força de Cia em todos os momentos, como também a sagacidade dela de prever acontecimentos desagradáveis, mesmo que esse seja um instinto novo até para ela.

Eu recomendo. Apesar de muita semelhança com Hunger Games, O Teste conta pontos a favor por ter muita diferença também. Então se gostam do gênero, se joguem!