Resenha de "A Namorada do meu amigo" (Graciela Meyrink)

"Divertido"

Sinopse: Quando voltou das férias de verão, Cadu não imaginava a confusão em que a sua vida se transformaria. Era para ser um ano normal, mas ele entrou em uma enrascada e está correndo o risco de perder a amizade do cara mais legal do mundo. O que fazer quando a namorada do seu amigo vira uma obsessão para você? Os churrascos da turma da faculdade talvez ajudem a esquecer Juliana, e, se depender do esforço do divertido Caveira, não faltarão garotas gente boa para preencher o coração de Cadu. Mas não adianta forçar... Quem consegue mandar no coração? Alice, a irmã de Beto, é só mais uma das dores de cabeça que Cadu tem que enfrentar. A vida inventa cada cilada!

 Tem um bom tempo que li esse livro. Se não me engano foi o primeiro da caixa do mês passado que tirei para ler. Queria algo leve e rápido e era a minha melhor opção. E confesso que demorei mais lendo esse livro do que demorei lendo o primeiro volume das Crônicas de Gelo e Fogo. E não que ele seja ruim, na verdade ele veio cumprindo a proposta para o público ao qual ele é focado, mas acho que meu coração dramático esperou mais dele, daí não consegui ler numa velocidade bacana. 

O livro conta a história do Cadu, que tem Beto e Caveira como melhores amigos a vida inteira. Quando crianças se chamavam de Os três Mosqueteiros, e todos eles tinham uma verdadeira aversão a Juju, uma garotinha que morava perto e que se intitulava o D'Artagnan do grupo. Quando Juju se muda para outra cidade, os três garotos acham que podem, enfim, respirar ar puro. 

Crescem e vão para a universidade. Cadu vai passar as férias com a mãe em outra cidade e quando volta descobre que Juju, que agora é chamada de Ju, voltou e é namorada do Beto. O momento de estranheza passa para dar espaço ao encanto de ver a menina adolescente e muito bonita, além de super simpática. É ai que Cadu se vê preso numa armadilha amorosa ao perceber que está se apaixonando pela namorada do melhor amigo. 

Vocês sabem que não curto livros com essa premissa. Depois que me separei do meu ex marido procurei passar longe de temáticas do tipo, e me mantive firme até acreditar que meu coração estava pronto para ler algo assim. Então não posso dizer que isso me afetou, porque não afetou. Na verdade meio que senti falta de ser afetada pelo plot principal da história que era essa paixão de Cadu pela namorada do amigo. 

Meu problema com Cadu, Beto e Caveira é o seguinte... Eu os achei muito infantis para caras na casa dos vinte anos. Meu irmão de dezesseis anos tem mais maturidade do que eles. Entenderia 80% de suas atitudes se fossem mais novos, mas aqui já são macacos velhos de certos problemas e deveriam saber lidar melhor com algumas situações que não souberam lidar, principalmente Cadu, que é o protagonista. Então ou eu cresci com pessoas maduras - quase podres - e estranhei a falta de maturidade, ou realmente a proposta deles era essa. 

Caveira foi - de longe - o meu personagem predileto. Adoro o humor do cara, as tiradas sarcásticas e o senso de justiça funcionando como um ser imparcial e apaziguador no meio de tudo. Ele me ganhou em duas folhas o que Cadu não conseguiu o livro inteiro. 

Não me entendam mal, gosto de Cadu. Acho que ele tem uma coisa doce e jovem que me encantou, mas faltou algo, sabe? Aquele algo que me faz esperar pela aparição de um personagem com os joelhos tremendo. Também não posso dizer que ele não tentou jogar esse amor - que surgiu rápido demais - para longe dele. As vezes queria matá-lo, mas dou o braço a torcer nas vezes que ele realmente tentou. 

A tal da Juliana (Ju, Juju) as vezes era mais adulta do que todos os caras, e se comportava melhor do que eles também. Só temos um POV, que é o de Cadu, mas eu podia sentir o que ela sentia quando estava no mesmo ambiente que Beto e Cadu juntos. Era angustiante. 

Outra coisa que me irritou pra caramba foi a quantidade de saídas dessas criaturas. Gente, não tinha um dia que eles não estivessem num bar, numa festa, numa boate ou em qualquer coisa desse tipo. Até entendo as vezes eles estarem, mas todo dia? Daí eu volto a dizer que na certa é porque eu não tive grana nem tempo para isso. Na universidade eu só tinha tempo de ler e desmaiar. Além de que meu dinheiro mal dava para comer no restaurante universitário. Enfim, é uma bobeira, mas que não foi esquecida por mim desde que li o livro. 

Uma coisa legal foi o final. Gostei de como a autora terminou o livro. Na verdade ela deu uma maturidade a Cadu e Beto no final da história que ela deveria ter dado o livro inteiro. Mas novamente justifico porque nesse lance de coração nem sempre é previsível o resultado. Além de que não teríamos história se ela assim tivesse feito. 

Acho que é um livro interessante para adolescentes. Ele levanta umas questões importantes para esse tipo de público. Mas para mim, macaca velha, tirei pouco dele que realmente fosse acrescentar na minha vida. Foi um livro divertido para passar o tempo. 

Sempre quis ler o "Até eu te encontrar", da mesma autora. Desde antes que a NC trouxesse para o catálogo deles. Ainda não consegui ler o outro livro dela e, não sei porque, mas acho que vou gostar mais dele do que gostei desse.