Sinopse: Uma jovem é brutalmente assassinada e encontrada perto da antiga fábrica de aço Godfrey. À medida que os rumores se espalham, dois suspeitos do crime - Peter Rumancek, um garoto de 17 anos que supostamente é um lobisomem, e Roman, o herdeiro da propriedade Godfrey - decidem encontrar o verdadeiro assassino por conta própria. Roman, filho de Olivia e Irmão de Shelley, e Peter, um cigano que mora com sua mãe em um trailer.
Quem me acompanha pelas redes sociais sabe do meu desespero por essa série desde que a descobri, meio que sem querer, enquanto passeava pelo Netflix. Bati o olho no cartaz e pensei que depois de Penny Dreadful, que está de recesso, nunca mais peguei uma série para ficar em êxtase de apaixonada. E numa bela tarde, enquanto fazia as unhas na cozinha de casa, coloquei o primeiro episódio. Nessa de ver o primeiro episódio fazendo a unha, eu vi mais três. Quando percebi já tinha acabado a primeira temporada e a segunda. Resumindo, em uma semana eu detonei os 23 episódios já lançados de Hemlock Grove, e estou enlouquecida pela continuação.
É um sobrenatural, e tem alguns clichês sim. Por exemplo o cenário inicial é em uma escola da cidade de Hemlock, e os seres sobrenaturais são aqueles que todo mundo conhece, super comuns. Mas não espere que o negócio fique nisso mesmo. Quando você menos esperar a escola será esquecida e você será jogado numa loucura sem tamanho. Uma rede de intrigas e mistérios incomuns, que mesclam o sobrenatural de sangue, e aquilo que pode ser manipulado em laboratório. Sim, porque a família Godfrey é dono de um complexo de pesquisa médica que é totalmente a renda principal da cidade. A Torre Branca, como eles chamam, é misteriosa e cheia de portas fechadas até para os donos.
Olha, me considero chata para essa coisa de sobrenatural com lobisomens e coisas do tipo. Costumo achar o negócio entediante, a não ser que o roteiro seja extremamente bem construído, como é o caso de Penny Dreadful. Mas Hemlock tem essa cadeia de coisas isoladas que acabam indo para a mesma direção no final das contas. Isso meio que te prende na série, porque ela é sim sobrenatural, mas ela é um puta de um suspense. Você acaba preso nela porque quer desesperadamente descobri o que aconteceu com a cidade, e quem anda matando as garotas. Meio que desconfiamos de todo mundo, e confesso que fui pega totalmente de surpresa quando o assassino apareceu.
Mas acho que o ponto que me prendeu de verdade em Hemlock foi Peter e Roman. Tanto o contexto social deles separados, quanto quem eles são juntos.
Peter é cigano. E como todo cigano, é nômade. Parou em Hemlock para passar um tempo, e coincidiu dessa série de assassinatos começarem justamente com a sua vinda. Eu gostei muito de conhecer a cultura cigana pelo ponto de vista de Peter, que uma espécie de Bad Boy do bem. Eu adoro a personalidade do cara! Posso dizer de peito cheio que Peter ganhou meu coração desde o primeiro episódio, e nem é porque ele é malditamente gato, mas porque é doce, apesar de ser um tanto bruto.
Já Roman exala austeridade. Imagine um rei dos tempos antigos. Agora imagine esse rei sexy, inteligente e pra lá de poderoso. Se Peter exala sensibilidade, Roman exala poder por todos os poros. É o tipo de personagem que você bate o olho e quer agarrar porque é sexy o modo como ele anda, como se veste, como olha para as mulheres e até como fuma. Para mim ele é um dos personagens mais bem construídos da série. Os medos, as vontades, os sonhos... Tudo em Roman é bem delineado, mas nada perfeito. Achei que esse fosse ser realmente um Bad Boy rico, mas é outro que só disfarça com sua aparência perigosa. Ele é um amor também. E já vou avisando que a primeira temporada Peter reina, mas a segunda a coroa passa para Roman.
E a amizade desses dois... sem comentários. Na verdade, ela é tão intensa e maravilhosa, que muitos fãs costumam dizer que o futuro desses dois é pertencerem um ao outro, como um casal. Quando vejo essas coisas penso como algumas pessoas são tão bitoladas que só conseguem visualizar o quadro de um ponto de vista, quando ele costuma ter várias interpretações depende de onde você o observe.
Eles tem sim uma ligação que chega a ser surreal, mas você percebe de cara que tem muito da sobrenaturalidade de ambos, e não necessariamente do físico. A gente termina as duas temporadas sem saber porque Roman e Peter tem esse elo mental, mas no final da segunda já se observa algumas pistas interessantes.
Querem mais um ponto positivo? A transformação em lobo é a coisa mais bizarra, nojenta e perfeita que já vi na vida. Já vi muitos filmes e séries sobre lobos e afins, mas jamais uma transformação como essa. Ela é incrível de bem feita e detalhista. Acho que fui fisgada totalmente por Hemlock depois dela.
E já vou avisando que não se apegue muito aos personagens. Com a mesma facilidade que eles vem, eles vão. O final da primeira temporada foi dilacerante para mim. Chorei horrores. Mas como em Hemlock tudo é possível, ainda espero que as coisas se ajeitem de modo bizarro, como tudo aqui.
É uma série que joga a maldade do sobrenatural dos personagens no tocante aos sentimentos de adolescentes. Você percebe o monstro de cada um independente de serem de fato monstros. Peter até brinca que o mundo está tão perdido que a monstruosidade está em apenas ser vivo. É forte quando se trata das relações familiares entre as pessoas. É forte em falar da besta que existe em cada um. As vezes é doce que nem algodão doce, e as vezes é tão amarga que você precisa voltar para assistir depois.
Pelo o que entendi, Hemlock só terá três temporadas. Claro que meu coração fica em frangalhos de saber disso, mas se for para acabar, que acabe no alto, como ela está agora. Ainda penso que tem muita coisa para ser resolvida dentro do enredo base dela, mas estou apostando minhas fichas na excelência dos roteiristas para resolver tudo na terceira temporada.
Então é isso. Se você curte o sobrenatural e não conhece Hemlock, então sugiro que comece. Se não se sentirem abduzidos por Peter, Roman e a bizarrice dessa cidade, foi porque de fato não é seu tipo de sobrenatural. Essa foi minha segunda série predileta do ano, e olhe que esse ano comecei várias diferentes.