Resenha de "Simplesmente Acontece" (Cecelia Ahern)


Título: Simplesmente Acontece
Autor: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito (Cedido em Parceria)
Comprar: Livraria Saraiva

Simplesmente Acontece - O que acontece quando duas pessoas que foram feitas uma para outra simplesmente não conseguem ficar juntas? Todo mundo acha que Rosie e Alex nasceram para ser um casal. Todo mundo menos eles mesmos. Grandes amigos desde criança, eles se separaram na adolescência, quando Alex se mudou com sua família para os Estados Unidos. Os dois não conseguiram mais se encontrar, mas, através dos anos, a amizade foi mantida através de emails e cartas. Mesmo sofrendo com a distância, os dois aprenderam a viver um sem o outro. Só que o destino gosta de se divertir, e já mostrou que a história deles não termina assim, de maneira tão simples.

Eis a minha primeira interação com a escrita da Cecelia. Desde que comecei o blog que quero ler livros dela, mas nunca achava espaço para comprar quando ia encher carrinhos no Submarino, então ficava adiando. E quando Simplesmente Acontece chegou eu dei pulinhos de alegria. Primeiro porque ia ler um livro dela, e depois porque ia ler antes do lançamento do filme. Então tratei de colocar na maratona e só precisei de duas sentadas para acabar. 

A história acompanha a vida dos amigos, Rosie e Alex, desde que eles eram crianças. As trocas de mensagens e o amadurecimento de ambos individualmente, como também na amizade. Quando adolescentes os pais de Alex resolvem se mudar para os Estados Unidos, e daí ambos sofrem pela distância, mas sem parar de participar, mesmo que longe, da vida um do outro. 

A primeira coisa que se deve saber desse livro é que ele foi feito de modo epistolar. Todo o texto é passado para nós através da interação entre os personagens... bilhetes, convites, cartas, emails e torpedos. E nem sempre só entre o casal de amigos. As vezes é Alex com o irmão, a professora deles com os pais, ou  de Rosie com a irmã e a melhor amiga. Você tem toda a visão necessária da história, e o fato de ser contado dessa forma não faz perder nada do brilho dela. Claro que você fica louco para saber de detalhes que talvez as pessoas não escrevam em cartas, mas juro que não atrapalha em nada a leitura, e olhe que fiquei apreensiva antes de ler justamente por esse motivo. 

A segunda coisa que se precisa saber do livro é que ele vai te fazer arrancar os cabelos de raiva dos desencontros desses dois. Quando dá certo para um, não dá para outro. E ao me referir a  desencontro não falo a um momento específico para eles se verem, mas momentos em que as vidas deles poderiam estar mais ligadas do que estão. Aquele momento que você espera o livro inteiro e que parece não chegar nunca. Sério, eu quase jogo o livro na parede de tanta frustração que senti. O livro te faz gerar vários sentimentos aflitos e daí então autora joga a merda de um balde de gelo em cima de você. É frustante! 

O pior é que essa frustração acaba gerando uma espécie de melancolia quando você percebe as folhas passando e os dois personagens ainda agindo como idiotas cegos e altruístas. E quando o fim chega e você respira, não sabe se é de alívio ou de nostalgia porque sim, eu acabei o livro me sentindo mal de tão nostálgica. Pensando se aquilo era justo com um personagem, porque eu não achei nem um pouco. Na minha cabeça se passava algo do tipo... Se com eles, que são de tinta, as coisas foram difíceis desse jeito, que esperança eu tenho de que sejam boas para mim? 

Não, ninguém morre no final, podem ficar tranquilos. Foi só uma escolha criativa e maldosa da autora sobre ambos, e das voltas que a vida dá para que as coisas comecem a funcionar para eles. 

É um livro sobre as amenidades da vida. Onde coisas como aprender a dançar ou ver o gracejo de um filho se torna o evento do dia, e até do mês. É aquele livro que vai te fazer pensar se você está seguindo um caminho certo da sua história, e de te colocar numa zona que é tão confortante que chega a ser entediante, e isso passa longe de ser ruim nesse livro. 

A proposta dele era transmitir um determinado recado e acho que ele cumpriu muito bem. Não acho que Ahern pensou em corações flutuando e pôneis quando estava escrevendo essa história. Devo repetir que ela não é cruel por vontade, mas sim por necessidade. É a deusa que comando o mundo desses personagens, e se ela tivesse colocado eles andando em cavalos marinhos no final, ou criado algo tão fantasioso quanto, talvez eu tivesse ficado mais aliviada, mas me sentindo estupidamente magoada também. Logo eu, que adoro a realidade nos livros, me senti incomodada na realidade desse. Por isso Simplesmente Acontece entrou para a categoria de bons livros do ano, e já estou ansiosa por mais outros títulos da autora. 

Enfim, é melancólico sim, mas aposto que ele vai te fazer revirar os olhos de expectativa e chorar de frustração ao mesmo tempo. É um livro bonito demais para ser ignorado. Uma história de amor com dificuldades e poucos momentos deliciosos entre o casal. Se você for desses que espera encontrar cenas de sexo ou coisa do tipo, pode deixar para lá e ler outra coisa.