Resenha de "Para onde vai o amor" (Carpinejar)

Título: Para onde vai o amor
Autor: Carpinejar
Editora: Bertrand (Cedido em parceria)
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Sinopse: Para Onde Vai O Amor? - O amor não é uma propriedade de quem sente, é uma transferência total para quem é amado Você que está vendo este livro com dúvida se precisa dele, você não precisa dele, precisa de si, vive caçando uma palavra que confirme o que deseja, está atrás de um escritor que possa lhe recomendar de volta para quem brigou, com capacidade de explicar o que sente e traduzir seus tormentos. Mas já sabe o que deseja, não há como convencer do contrário, os amigos mostraram que seu relacionamento não tem futuro. Não acredita neles, acredita somente no milagre. E como justificar um milagre, ainda mais para quem não tem mais fé? Eu entendo o que está passando: sua raiva, sua amargura, seu cinismo, seu desencanto. Percebeu que a razão não conforta, que a vingança ou o perdão não ressuscita a tranquilidade, que o fundo do poço nunca se equivale ao nosso fundo. Você parece normal, mas todo mundo deixa de ser normal quando se apaixona e se separa. Se sua expectativa é por uma solução, eu guardo apenas uma certeza que trará alívio mais adiante: você não vai desistir. Quando diz que acabou a relação, é que está procurando um outro jeito de recomeçar. Em seu novo livro de crônicas, Carpinejar apresenta 42 textos que sobre amor, desilusão amorosa, casamento, divórcio, saudade e outros sentimentos que compõem os relacionamentos.

Não é minha categoria de livros predileta, as crônicas, mas bato palma quando encontro um livro de que realmente não me sinta estranha lendo, como acontece com a maioria dos livros de crônicas que leio. 

Eu tenho um pensamento meio louco em relação a contos e crônicas. Por não conseguir desenvolver algo curto como essa espécie de literatura, também tenho problemas para me envolver nelas. E já li de quase tudo em relação a contos! Da incrível Alice Munro, até o outro incrível Edgar Allan Poe. Tenho plena consciência do quão grande eles foram produzindo algumas de suas histórias - ou todas - mas realmente fico agoniada com o fim. Com uma sensação de que alguma coisa ficou faltando naquele final. De que fui roubada. E julgo dizer que a ideia dos contos e crônicas é justamente te deixar com o cordão umbilical preso à trama mesmo depois do término. 

Tenho um grande amigo que também é um grande contista. Tem uma facilidade incrível de transformar um copo de água em prosa curta, funcional e bela. Sempre invejei essa capacidade! Sou prolixa e não me engano achando o contrário. Ele costuma dizer que contos e crônicas são categorias literárias dos ansiosos, mas não vejo dessa forma. É preciso também muita paciência e tempo para transformar O Poço e o Pêndulo, do Poe, em um conto tão incrível e cheio de ritmo como ele é. Nada que se faça sentado num bar bebendo cerveja. Quer dizer... até pode ser que Poe tenha feito isso. Mas vamos combinar, Poe é Poe! 

Enfim, esse arrodeio todo (viu como sou prolixa?) foi só para mostrar o quanto tenho dificuldade com o gênero, mas que também sei admitir quando leio algo que realmente julgo bom, como foi o caso desse livro do Carpinejar. 

Eis um autor que eu só conhecia por pequenos versos que as pessoas transformaram em imagem no Tumblr. Achava as tiradas dele fantásticas, mas nunca tinha lido nada completo do cara. Isso até aparecer aqui em casa o Para Onde Vai o Amor. 

Não vou mentir... entortei a boca assim que vi o livro. Um livro de crônicas e ainda sobre amor? Não rola para mim, que sou prolixa e pouco amorosa. rsrs. Mas enfim, quando a pilha de livros do Grupo Record começaram a acumular aqui em casa, comecei a tirar um ou outro, e esse estava na lista. 

De verdade? Adorei!
Tive problemas com o romantismo de algumas crônicas? Sim! Mas daí eu lembrava que nem todo ser humano é um poço seco e insensível quanto eu. E como Carpinejar também trabalhou as várias vertentes do amor romântico, como estágios diversos de um relacionamento, acabei me apegando as crônicas e até me vendo em algumas delas que falavam sobre a amizade entre um casal, separação e aquele momento sem fôlego do início. Quem nunca? 

Um autor delicioso de se ler! Em uma sentada você dá cabo desse livro e o termina com uma sensação de melancolia tremenda. Não do tipo "estou triste", mas do tipo "que vontade de viver algo assim". 

Realmente recomendo tanto para os prolixos quanto para os pragmáticos. Fazer o que se a vida tem romance saindo por toda porcaria de lugar do nossa alma? Né? Pois é! Então vão ler!