Resenha de "Escola dos Mortos" (Karine Vidal)

Título: Escola dos Mortos
Autor: Karine Vidal
Editora: Independente
Skoob: Adicionar

Sinopse: Lara Valente irá morrer. Mas sua história não termina por aqui. Pelo contrário: é aí que ela começa.A jovem carioca será enviada para um misterioso internato na Inglaterra. Mas o lugar esconde um segredo. Lara se deparará com vozes de gente morta gravadas, assassinatos misteriosos no colégio, meninas mortas que ainda moram nos quartos, e um despertar assustador num caixão.
Tudo isso vai leva-la a descobrir que, por trás da fachada da Escola dos Sotrom, existe uma Escola muito mais perigosa, cheia de segredos, pactos e mortes.
Nessa Escola repleta de ocultismo, Lara será assassinada. Mas sua história não terminou. Ela acordará em em mundo paralelo, em universo glamouroso onde vive a nata dos melhores, escolhidos à dedo pela Morte.
A Escola dos Mortos abriga os que foram assassinados e enviados para lá. Uma sociedade escondida em que existem apenas os melhores, coexistindo em segredo com a escola dos vivos.
Adolescentes mimadas, carros luxuosos, segredos escandalosos, campeonatos, corridas e caçadas.
Lara irá se apaixonar por um homem perigoso. Luka Ivanovick, com seus olhos negros, hostis e arrogantes - repletos de ocultismo e falta de respostas. Através dele, Lara descobrirá a cruel história por trás de sua morte.
Paixão, mistério e um jogo de sedução escuro e apimentado irão acontecer entre o mundo real e o misterioso mundo noturno da Escola - até Lara descobrir que, dentro dos caixões, os mortos daquele lugar nunca dormem.

Tenho costume de sair catando no Instagram contas relacionadas a livros. De blogueiros ou autores, e foi clicando sem querer que add o perfil de Escola dos Mortos. Recebi uma mensagem de boas vindas da autora, indicando o livro para ser lido. Deixei de lado porque tudo na minha vida é corrido demais. 

Nessa de ver stories, por muitas vezes peguei mensagens de direct de pessoas dizendo o quanto tinham amado o livro. Curiosa, fui até a conta e vi o link para baixar, o que fiz sem contar história. Deixei no celular e voltei a esquecer. Um certo dia, esperando meu filho na sala do NACE, e tendo esquecido minha leitura do momento em casa, abri Escola dos Mortos. E não larguei mais. 

Ia para o banheiro lendo, comia lendo, virei madrugada lendo. E quando acabei fiquei me perguntando porque diabos as editoras ficam catando livros lá fora quando tem tanta coisa boa, realmente boa aqui dentro. 

Vamos conhecer a história da Lara, carioca e surfista, que mora com a mãe e uma irmã. Quando o avô paterno morre, alguém a quem ela não tem contato algum, Lara recebe uma visita do advogado, informando que o velho havia deixado uma verdadeira fortuna para as duas irmãs, na condição de Lara estudar na escola de Sotrom por um ano. Era uma tradição de família. Depois de ver a quantidade de zeros, ela não contou conversa e se mudou para a Inglaterra, indo conhecer seu colégio  interno novo. 

O lugar é sombrio, estranho para a personalidade viva e brasileira dela, e tem tantos segredos escondidos em suas paredes que sufoca a garota. Sem contar as mortes bizarras que acontecem, a falta de comunicação por conta de não existir sinal de internet nem direito a visitas, e os alunos apáticos do lugar. 

Só que a história de Lara não começa de fato ai, e sim depois que ela morre e vai parar na escola dos Mortos, que fica numa espécie de universo paralelo do seu. Aí o negócio começa a pegar fogo, quando ela cruza com os olhos que ardem no âmago dela. Os olhos russos de Luka Ivanovick. 

Olha, essa história tem muitas vertentes, e devo dizer que a autora soube trabalhar bem a grande maioria delas de forma espetacular. Raramento eu me pego virando madrugada lendo livros, e esse simplesmente me encantou. 

A protagonista é maravilhosa. Viva - mesmo quando morta - e carrega aquela energia jovem de dar inveja. Tá que eu achei meio no sense ela ter aceitado numa boa o fato de morrer, e agir com naturalidade num mundo que lhe era novo até pouco tempo atrás. Logo era uma das abelhas rainha, e isso causa um estranhamento quando você é um leitor pé no chão como eu. 

Tem um momento onde os alunos tem que fazer uma carta para alguém que deixou na outra vida, e ali sim eu vi Lara encarando um sentimento de perda e deixando ele agir. Era isso que esperava lá na frente e que demorou um pouco para aparecer. 

E Luka... ai ai, Luka!!!! <333
Pense num personagem delicioso de se ler! Ele me lembrou um pouco o Edward Cullen, de Crepúsculo. Na verdade a família Ivanovick me lembrava muito dos Cullens. Agindo como se fossem alheios ou superiores a todo mundo. O irmão de Luka parecia Emmet, e a irmã tinha muito de Rosalie. Ainda assim,a autora mostrou uma família bizarramente maravilhosa, e com suas particularidades agradáveis. 

Karine também explica de forma decente a escola dos Mortos. A cobrança que a Morte faz dessas almas. E tudo bem que achei alguns erros de continuidade em diversos momentos, como por exemplo dizer que cada família tinha que doar uma alma por geração, no entanto tem irmãos em idades semelhantes na escola dos Mortos, e até gêmeas! Então não é uma única alma. 

Faltou também entender como aqueles alunos faziam a mesma coisa, dia após dias, sem expectativa alguma de evolução, mesmo no mundo dos mortos, e achava que estava tudo bem com isso. Sei lá, eles poderiam ter todo um outro mundo nesse universo, com até cargos de emprego para essa galera morta. Se nesse universo paralelo tem uma escola, com professores, cantinas e afins, porque não um prédio especializado em política dos defuntos ou algo assim? Sem propósito, entende? A autora até fala sobre como eles começam a se entendiar depois de algumas centenas de anos, mas precisa de mais um pouco. 

O forte desse livro fica a cargo do romance maravilhoso, lento e quente de Lara e Luka. Eles funcionam perfeitamente juntos, e até eu, uma macaca velha, me vi suspirando pelo menino. Oh senhor, um Luka na minha vida!!!

De um modo geral, tudo na trama me agradou. Tem falhas? Sim, mas são detalhes pequenos, e que de fato acho que tem suas respostas na cabeça da autora. O livro fecha bonitinho, nem necessidade real de uma continuação, mas meu coração pede mais. Primeiro porque preciso que esses alunos se rebelem e sejam mais do que jogadores de futebol e lideres de torcida bobas, e depois porque preciso mais de Lara e Luka. 

O final tem uma coisa um tanto Jogos Vorazes, que não tinha uma necessidade real no enredo, ativamente, mas que funciona como um significado de modo geral. A lembrança de que aquelas pessoas morreriam de novo pela chance de um dia estarem vivos. Isso é legal! 

Sobrenatural é um gênero que pode se ferrar por meros deslizes. Não foi o caso desse livro, que mesmo com as falhas apresentadas aqui, me entrega um material funcional e excelente em todos os quesitos. Já vi muita coisa ruim americana sendo publicada por grandes editoras aqui dentro do gênero, e esse livro dando sopa gratuito no Instagram. 

Autora, coloque esse trem na Amazon! Mude a capa, que querendo ou não é um chamariz para um livro, e comece a trabalhar com divulgação a partir disso. Seu livro é foda, só precisa de uma oportunidade.