Como num filme e porque é importante viver as novidades

Título: Como num filme
Autor: Lauren Layne
Editora: Paralela (Cedido em Parceria)
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Sinopse: As regras são claras... até o momento em que são quebradas. Neste livro da série Recomeços, conheça a história de Ethan. As únicas coisas que o mauricinho Ethan e a rebelde Stephanie têm em comum são o curso de cinema na Universidade de Nova York e o roteiro que precisam desenvolver juntos. Mas, quando a proposta de recriar clássicos de Hollywood se confunde com a realidade, eles acabam se tornando os protagonistas de uma história de amor digna de Oscar! Ela quer um quarto confortável em uma boa casa. Ele quer ficar longe de sua ex. Eles precisam de uma boa nota. Convencidos a ajudar um ao outro, os dois entram em um acordo: Stephanie será a namorada de mentirinha de Ethan enquanto ele a deixa morar em seu apartamento. Para isso, ela deverá fingir ser uma perfeita lady: discreta, arrumadinha e, claro, completamente apaixonada… igualzinha à personagem do filme que estão criando. Contudo, à medida que os dois se aproximam, Ethan se vê completamente apaixonado pela garota cheia de mistérios e contradições ao seu lado. Agora, ele vai ter que decidir: será que seus sentimentos são pela Stephanie de verdade? Ou apenas pela versão que ele criou?

Jamais achei que em algum momento iria sentar de frente para o computador e dizer que meu ano começou bem porque li um romance. Como vocês bem sabem, os romances nos moldes tradicionais dos livros que ando lendo estão bem batidos para mim, e os evito para não ter que revirar os olhos a cada minuto de página lida. Mas daí chegou aqui em casa o Como num filme, que é um livro curtinho que antecede os acontecimentos de Em Pedaços, e como eu tinha achado o outro livro legal e estava atrás de algo despretensioso para ler, cai em cima desse aqui. 

Como num filme vai contar a história do Ethan, que é o ex namorado podre de rico de Olívia, protagonista do Em Pedaços. As editoras vendem esse livro como um 0.5, mas se temos a história de Olívia como o primeiro e do Michael como o segundo, não entendo porque Ethan ganha um 0.5, se ele é um dos pilares do tripé desse relacionamento que se destruiu. Mas, enfim, o livro é dele e de como se inscreve em uma disciplina de cinema nas férias de verão, para fugir do ex melhor amigo e do escritório do pai. 

É lá que conhece Stephanie, uma garota gótica assumida que é apaixonada por cinema antigo e que está cursando a mesma matéria que ele. E olha que ironia do destino quando eles caem como dupla para fazer um roteiro juntos até o final do verão. 

E é ai que entra uma das melhores coisas desse livro: O mito de Pigmalião. Stephanie tem a ideia de criar o roteiro em cima desse mito, e mostra que existem diversos blockbuster no cinema que seguem a mesma linha, como Ela é Demais e Uma Linda Mulher. Ainda que veja semelhança entre os dois filmes em termos de estrutura da transformação feminina, não sabia que ambos eram inspirados no mesmo mito, então fico muito feliz em dizer que agora eu sei um pouco a mais sobre mitologia e sobre cinema, que são duas coisas que idolatro, por causa de um romance de 200 páginas.  

Tirando isso temos os dois protagonistas, que são muito delicinha. Tem temperamentos e personalidades bem distintas, e por isso brigam muito, mas pessoalmente acho uma graça quando estão respondendo automaticamente as alfinetadas do outro. Funcionam bem nessa coisa de bate e volta, como um jogo de tênis bem tenso. Eles são hilários justamente por isso, e dei muitas risadas com ambos. 

Temos a parte séria do livro, porque ambos vem com traumas de um passado recente, e se enfiam em contracenar uma mentira, imitando o mito de Pigmalião, como os personagens de seu roteiro, para livrar Ethan de uma enrascada na família. Isso não pode dar muito certo, não é? Brincar com sentimentos não é lá muito saudável, e eles percebem isso quando sentem que estão de fato se envolvendo um com o outro,. e que não se parecem em nada em metas de vida, gostos e condições. 

Para um livro curto, achei perfeitamente completo. Prova de que não é preciso milhões de páginas para ter uma estrutura de roteiro em livro bem elaborada. Claro que eu queria ter visto mais dessa parte do cinema, ou deles construindo o trabalho juntos, mas foi suficiente. A história ficou crível para mim, e eu sou bem exigente com romances justamente porque acho tudo sempre mais do mesmo. 

Sim, o livro lembra filmes como Ela é demais. Os conflitos, as risadas, os personagens, mas ainda assim é delicioso e cumpre o que promete. E posso dizer de boca cheia que ele é melhor, para mim, do que o primeiro, onde o drama impera em todas as páginas. Acho que trazer leveza é importante, e a autora soube equilibrar isso com eficiência por aqui, me deixando com um sorriso bobo no rosto ao final do livro. 

Sério, já estou sentindo saudade dos personagens! <3