Filme de Máquinas Mortais, e porque não basta uma boa ação para a história ser boa


Data de lançamento 10 de janeiro de 2019 (2h 08min)
Direção: Christian Rivers
Elenco: Hera Hilmar, Robert Sheehan, Hugo Weaving
Gêneros Ficção científica, Aventura, Ação
Nacionalidades EUA, Nova Zelândia

Sinopse: Anos depois da "Guerra dos Sessenta Minutos". A Terra está destruída e para sobreviver as cidades se movem em rodas gigantes, conhecidas como Cidades Tração, e lutam com outras para conseguir mais recursos naturais. Quando Londres se envolve em um ataque, Tom (Robert Sheehan) é lançado para fora da cidade junto com uma fora-da-lei e os dois juntos precisam lutar para sobreviver e ainda enfrentar uma ameaça que coloca a vida no planeta em risco.


Máquinas Mortais é um filme inspirado no livro de mesmo nome do autor Philip Reeve, o primeiro de uma série de três, se não me engano. Saiu um tempo atrás pela Novo Século e agora veio de cara nova pela Harper Collins. Ele é uma das minhas leituras do momento, e gostei tanto da ideia e de como o trailer vende, que estava ansiosíssima pela estreia do filme. Tá, não achei uma grande bosta, mas teria ficado puta da vida por ter pago caro para ver no cinema. 

Máquinas Mortais é um filme que vende pelo visual. Grandes Cidades em cima de máquinas de tração que comem cidades menores, que também estão em cima de máquinas. Ou seja, é um deleite para os olhos dos adoradores de ficção científica e de Steampunk. Mas, sendo bem sincera, tirando a ideia incrível das cidades maiores que comem cidades menores, uma analogia perfeita a nossa era moderna, e as incríveis cenas de ação ao estilo Star Wars, eu não vi muita coisa impressionável nesse filme. 

Aqui temos um mundo que foi destruído apos uma guerra de proporções colossais que acabou com o  Globo Terrestre, fazendo com as pessoas tivessem que criar essas cidades de máquinas para conseguir continuar a viver com o caos que ficou a Terra. O plot desse filme em específico é que o vilão encontra a arma que foi usada para essa guerra, e quer refazê-la para destruir uma parede que existe entre o mundo das máquinas de tração, e uma comunidade que foi criada do outro lado. 

Então já vou começando por ele e dizendo que o vilão não me convenceu em nada. Os motivos dele para fazer o que fez eram falhos, e não se sustentavam. Isso só faria sentido em um cara doido, mas ele não era. Calculista e premeditado, um tipo de vilão que convence com as palavras, e não com as atitudes insanas. Ele não tinha necessidade de recriar uma porra de máquinas dessas, e perdeu toda a credibilidade comigo como vilão quando fez isso. 

Pulando para os mocinhos, eles são ótimos separados, mas uma bosta juntos. Você vê nitidamente que o roteiro está forçando um romance que não há motivo algum para acontecer. Dizem que desgraças unem pessoas, mas acho que não funciona do modo como vi nesse filme. Apenas um cara que não sabe se virar no mundo da menina e que precisa dela justamente por isso, e de uma menina que encontra nele o apoio emocional que nunca teve. É uma união por necessidade, saca? Entenderia uma faísca sexual, afinal são dois jovens e belos, mas esse romancezinho piegas, não!


Preciso salientar duas coisas importantes aqui: A primeira é que não há um único beijo em cena, o que diminuiu o tamanho do meu ranço por eles, mas ainda fica aquela coisa irritante de corações no ar quando eles estão juntos. Acho que teria dado mais crédito se o final tivesse sido um pouco menos "filme de sessão da tarde com Julia Roberts". A segunda coisa é que a Hester no livro é feia e causa repulsa no Tom. Entendo que a repulsa mude, com o passar do tempo com eles trabalhando juntos, mas a Hester do filme é graciosamente linda. Tem uma marca no rosto, mas e daí! A mulher é tão linda que ninguém nem olha isso. Mas, tudo bem, é o apelo do cinema e a gente entende. 

O roteiro do filme é bem fraco. Ele dá importância a personagens que de fato no livro tinha importância, mas que aqui ficaram meio perdidos, como a filha do vilão. E corre com os acontecimentos da história para que chegue nas cenas de ação. Então o filme é cheio de frases que mais parecem copiadas de propaganda de manteiga e de explicações narradas, o que nos fazem parecer idiotas, porque se eles tivessem mostrado mais do que houve na guerra e com o mundo depois, e mais da cidade atrás do muro, não haveria necessidade da porra das explicações em cenas que são patéticas de tão clichê. 

Mas ok, admito que as cenas de combate são de encher os olhos. Zepelins incríveis, máquinas de fato mortais, cenas de luta corpo a corpo de causar inveja em Bruce Lee e passagens de cena que são primorosas, como as que pegam memórias da infância de Hester e misturam com o agora. Então o filme não é todo perdido, ele tem coisas que o salvam de levar um grande zero, mas ele poderia ser absurdamente melhor, e saber disso me deixa mega irritada.