Resenha de "Uma chance para recomeçar" (Lisa Kleypas)







Sinopse: Victoria morreu em um trágico acidente, deixando sua filha Holly sob a responsabilidade do seu irmão, o solteiro convicto Mark. O tio Mark não se sentia muito preparado para cuidar da menina, mas assumiu o compromisso de devolver o sorriso aos seus lábios. No entanto, ele desconfia de que não esteja fazendo um bom trabalho, uma vez que Holly nunca mais falou desde que ficou órfã. Uma cartinha para o Papai Noel revela um desejo que pode ser a chave da felicidade de Holly: ela só quer ter uma mãe. Maggie perdeu o marido em uma batalha contra o câncer e não quer jamais - passar por tudo isso de novo. Por isso, ela fechou seu coração e prometeu a si mesma dedicar-se somente a sua nova loja de brinquedos em Friday Harbor, que permite às crianças viajar um pouco nas asas da imaginação. A amizade entre Maggie e Holly (que até passou a acreditar em fadas!) ao mesmo tempo comove e preocupa o tio Mark. Ele tem certeza de que a nova amiga fará bem a sua sobrinha, mas precisa decidir se a deixará entrar em sua própria vida...

Sabe aquele tipo de livro que daria um bom filme de sessão da tarde? Esse é justamente um deles. Não é grandioso, mas é até gostosinho de acompanhar. E eu que estava acostumada com Lisa Kleypas escrevendo romances de época, fiquei até contente de ter lido algo mais moderno dela. 

Uma Chance para recomeçar foi uma das apostas da NC para livros de final de ano. E dos três que chegaram, esse foi o primeiro que peguei. E não só por ter o nome de Kleypas na cama - o que certamente seria um atrativo para mim - mas por ter uma premissa interessante, e não vou mentir, por ser o mais fino deles e final de ano eu preciso priorizar os finos. Li em uma tarde, e acabei com uma pequena sensação de nostalgia por um natal que nunca tive, mas que é bonito nos filmes como "Esqueceram de Mim"

Temos três personagens importantes nessa história. A primeira é Holly, uma garotinha que acabou de perder a mãe de maneira trágica e que foi jogada nos braços de Mark, o tio que quase nunca via e que se viu obrigado a cuidar da menina, ou vê-la nos braços da justiça. Ele é o segundo personagem importante. E a terceira é Maggie, que tem uma loja de brinquedos na cidade de Mark e que se torna a primeira pessoa com quem Holly consegue ter algum tipo de interação depois da morte da mãe, desarmando totalmente o tio que fez de tudo para a menina sair da bolha que tinha se enfiado. 

Olha, existe um clima natalino aqui sim, mas é de leve. Tão de leve que só percebi que ele existia nas últimas cinquenta páginas. Então digo que não é um livro sobre o natal, apesar do desejo de Holly ter sido feito ao Papai Noel e de tudo terminar nesse ponto com luzes piscando e comida gostosa. Mas a graça do livro está na garotinha, e na forma como ela faz com que o tio e Maggie se entrelacem, mesmo que o destino -sabiamente- tenha contribuído para isso também. 

É um livro gostosinho. Como disse lá em cima, nada que mudará sua vida, mas bom de sentar numa poltrona confortável e devorar comendo chocolate. Achei que o relacionamento de Mark e Maggie se desenvolveu rápido demais, mas não chegou a ser ofensivo para mim como leitora. Já fiquei muito mais angustiada com outros relacionamentos em outros livros. Entendi que a proposta da autora aqui foi desenvolver um enredo simples e compacto, que fosse resolvido em poucas páginas, o que de fato a autora fez. Então mesmo que ela insira as dificuldades dos personagens individualmente, o que Kleypas sempre desenrola legal, ela meio que não faz com que o meio do caminho entre isso e um final satisfatório seja suficiente para mim. Meu problema com ela não é o começo nem o final de suas histórias, mas o meio delas. 

As vezes penso que essa velocidade na narrativa é um modo de fazer com que o autor produza mais em menor tempo. Ou realmente a mulher gosta de escrever coisas desse tipo. Acho raso? Sim. Me incomoda ao ponto de parar de ler? Não. Até porque vejo os livros dela mais como um passatempo do que como uma rica literatura que mudará o rumo da minha vida. Não estamos falando de Faulkner, e isso não é preconceito da minha parte. É como as coisas são e ponto. 

Então se vocês estão procurando um livro divertidinho, com um final legal e personagens fofos, talvez essa seja a pedida certa. O enredo é divertido e vai te fazer suspirar em um ou outro momento. Algo me diz que não é livro único, porque a autora dá uma certa ênfase aos dois irmãos de Mark, mas como não faz diferença para essa história em específico, vocês podem ler tranquilos.