Resenha de "Quase uma Rockstar" (Matthew Quick)

Título: Quase uma Rockstar
Autor: Matthew Quick
Editora: Intrínseca
Skoob: Adicionar

Sinopse: Quase Uma Rockstar - Desde que o namorado da mãe as expulsou de casa, Amber Appleton, a mãe e o cachorro moram em um ônibus escolar. Aos dezessete anos e no segundo ano do ensino médio, Amber se autoproclama princesa da esperança e é dona de um otimismo incansável, mas quando uma tragédia faz seu mundo desabar por completo, ela não consegue mais enxergar a vida com os mesmos olhos. Será que no meio de tanta tristeza e sofrimento Amber vai recuperar a fé na vida? Com personagens cativantes e uma protagonista apaixonante, Matthew Quick constrói de forma encantadora um universo de risadas, lealdade e esperança conquistada a duras penas.

Não sei bem o motivo, mas quando vi a capa de Quase uma Rockstar pela primeira vez imaginei que fosse um livro leve sobre uma adolescente querendo ser uma estrela no ensino médio. Em momento nenhum peguei a sinopse para ler e saber do que se tratava, e não sei se minha reação surpresa foi positiva ou negativa no momento em que descobri do que de fato se tratava esse livro. No fundo acho que deveria ter imaginado justamente uma linha de enredo,  por conhecer o trabalho do autor. 

Logo de cara você entende muito sobre a personalidade de Amber nessa história. Uma garota tão positiva, mas tão positiva em relação a vida, que você sente vontade de bater com a cabeça dela na parede ( o que foi o meu caso) ou sente vergonha de sempre pensar na metade do copo vazio. Sério, ela é tão para cima que chega a ser irritante. 

Está numa situação super ferrada na vida. Mora num ônibus escolar junto com a mãe - outra fodida que acha que todos os problemas financeiros se resolvem com um namorado que tenha dinheiro - e um cachorro muito do fofo. As vezes mal tem o que comer, mas passa os dias entre a escola, onde tem um grupo de amigos pra lá de especial, o coro da igreja, um asilo de velhos e nas visitas a um ex combatente de guerra. Sempre com um sorriso no rosto e nunca revelando para as pessoas que vive em um ônibus e que nem sempre sabe se terá janta naquela noite. É de fato a rainha da esperança. 

A personalidade de Amber, mesmo que positivista, é o melhor da personagem. Ela entra fácil na lista de personagens femininas do ano sendo justamente o contrário do que normalmente me agrada. Gosto de garotas sarcásticas, que chegam a ser cruéis, as vezes. Amber não é assim. JC, como ela, de um jeito camarada, chama Jesus Cristo, coordenada todos os seus passos. Então se você espera uma garota que fale palavrões, deseje sexo como qualquer adolescente normal, e nutra um amor impossível por um idiota qualquer do time de futebol, pode ir dando meia volta. Amber é diferente de tudo o que já vi. E mesmo que eu tenha me irritado com tanta positividade, ela é incrível! 

Até a metade do livro você entende como funciona a rotina dela, como também é apresentado a todas as pessoas que a cercam. Nenhuma delas tão positiva quanto a própria, mas cada uma com seu grau de importância na história, o que você entenderá mais para perto do fim. O fantástico desse livro para mim foi o modo como o autor cruzou as vidas das pessoas de maneira tão doce e esperançosa, até mesmo aqueles que não queriam ter esperança. Como se Amber fosse um fio condutor de dias ensolarados para todos eles, e de repente todos precisassem se unir para devolver o favor para ela. 

Sim, existe um clímax no livro que quebra toda essa positividade da menina. E depois que isso aconteceu, porque de fato já estava me irritando tantos pôneis malditos nessa história, eu me prendi em cada página e só consegui ir dormir depois de ler tudo. Pois é, eu gosto muito do drama, e Matthew Quick soube trabalhar as nuances dele de maneira a bater palmas. 

Eu amei Amber de coração, mas os personagens secundários são a cereja do bolo. Como citei acima, cada um deles tem uma relativa importância para o final dessa história. E quando ele chega, mesmo que tenha me lembrado um pouco filme de sessão da tarde, é de fazer chorar. Emocionante em cada pedacinho comum e pateticamente perfeito. Senti que estava levando um tapa na cara dessas pessoas.

Eu sou uma das criaturas mais negativas que conheço. As vezes transformo até as coisas boas em ruins. Não me pergunte como, mas faço merda desse tipo num piscar de olhos. Sei que isso é reflexo de tudo o que a vida já me deu, mas foi lendo Quase uma rockstar que entendi que me comportar assim prejudica além de mim, todas as pessoas que amo e que estão ao meu redor tentando me fazer levantar. 

É um livro cinco estrelas pelo conjunto da obra. Dou todos os créditos pelo autor me fazer sentir uma pessoa desumana por ser tão negativa. E certamente ele ganha créditos comigo pelo tanto que gostei de Amber, mesmo ela sendo inversamente o que costumo gostar. 

E daí você se pergunta onde entra a rockstar na história. Bom, vocês precisão ler para entender, e ainda assim talvez vocês acabem não entendendo. Porque não está nos acontecimentos previsíveis, e sim no conceito do que é ser uma rockstar. 

Lindo livro. Super recomendado.