Resenha de "Um Acordo e nada mais" (Mary Balogh)

Título: Um Acordo e nada mais
Autor: Mary Balogh
Editora: Arqueiro (Cedido em parceria) 
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Sinopse: Embora Vincent, o visconde Darleigh, tenha ficado cego no campo de batalha, está farto da interferência da mãe e das irmãs em sua vida. Por isso, quando elas o pressionam a se casar e, sem consultá-lo, lhe arranjam uma candidata a noiva, ele se sente vítima de uma emboscada e foge para o campo com a ajuda de seu criado.No entanto, logo se vê vítima de outra armadilha conjugal. Por sorte, é salvo por uma jovem desconhecida. Quando a Srta. Sophia Fry intervém em nome dele e é expulsa de casa pelos tios sem um tostão para viver, Vincent é obrigado a agir. Ele pode estar cego, mas consegue ver uma solução para os dois problemas: casamento.
Aos poucos, a amizade e o companheirismo dos dois dão lugar a uma doce sedução, e o que era apenas um acordo frio se transforma em um fogo capaz de consumi-los.
No segundo volume da série Clube dos Sobreviventes, você vai descobrir se um casamento nascido do desespero pode levar duas pessoas a encontrarem o amor de sua vida.

Um acordo e nada mais é a prova física de que jamais devemos subir com tanta pressa no cavalo. O tombo pode ser feio. Dei quatro estrelas porque não tenho a opção de três e meia entre minhas figurinhas, mas era exatamente o que eu queria dar, e sendo bem positiva. 

Vincent, o Visconde de Darleigh, está fugindo de um casamento que sua família amorosa e cuidadosa demais esta tentando enfiar pela sua garganta. Em sua fuga desesperada para a casa antiga da família no interior, ele é salvo de uma mais jogada casamenteira pela sobrinha discreta do que poderia ter sido sua futura sogra. Por causa disso a menina é posta na rua, e o senso de dever e justiça faz com que Vincent peça a mão da moça em casamento. Essa é nossa mocinha, Sophie: a ratinha. 

Esse é um livro interessante ao tratar do que traumas do passado podem fazer com a cabeça das pessoas por tempo indeterminado. E aqui me refiro a Vincent, que ficou cego na guerra, e a Sophie, que passou uma vida sendo tratada como se não fosse nada. Sofrendo bullying constantemente pelas pessoas que deveriam protegê-la apenas por ter uma aparência incomum para as beldades da classe alta da época. 

Bati palmas para a delicadeza com que a autora tratou as duas questões. Consegui sentir a cegueira de Vincent quando ele narrava com detalhes sons e cheiros dos ambientes. Isso foi até melhor do que ler o que possivelmente ele estaria enxergando deles. Como também senti o quanto Sophie se via pequena perto das pessoas. E isso me deixou tanto incomodada pela resiliência em demasia (sério, a menina precisava de uma sacudida), como existia uma certa identificação com ela. As vezes eu também tenho essa mania irritante de baixar a cabeça por nunca me achar adequada. 

Então são dois personagens um tanto apáticos demais, e eles meio que se combinavam nisso porque quando um precisava ser os olhos o outro era os ouvidos, e vice e versa. Isso deveria ser legal, não é? Porque significava que existia uma química entre eles. Mas, gente, era uma química tão lerda que não me pegou como deveria e me fez levar mais de uma semana em um livro que facilmente leria em quatro horas. 

Sabe aquele calor na barriga que dá sempre que lemos uma cena mais hot de romances de época? Ele não existiu aqui. Não conseguia ver Vincent como um homem viril, e isso em nada tem a ver com o fato dele ser cego. Acho que a dupla em si era muito sem sal, entendem? E isso causou um reflexo nas cenas dos dois juntos. O sexo era uma coisa meio tediosa. Sério, meio que me peguei bocejando no meio dele. 

Fico triste porque Vincent é um dos Sobreviventes que eu mais gosto. Era o caçula do grupo, e isso é uma novidade legal em se tratando de romances de época, que geralmente tratam de caras beirando os trinta ou passando de trinta. Então eu meio que esperava aquela euforia da idade, até porque o que se mostra é que ele quando menino era altamente levado. Mas não vi esse Vincent. Claro que a guerra destruiu muito de quem era, mas não podia ter destruído tudo. E Sophie deveria ser uma válvula que o ajudasse a reaver essa vida toda. Mas colocaram dois personagens lentos juntos, e não funcionou. Acho que ela funcionaria melhor com alguém como Ralph ou Flavian, que tem mais vida em suas personalidades. Vincent precisava de alguém que risse mais, com mais confiança e maluca de pedra. 

Enfim, fui com muita sede porque o primeiro da série é meu romance de época predileto até hoje, mas cai do cavalo e o tombo foi feio. Estou esperando que o de Benedict seja melhor do que esse. Como a expectativa não está muito grande, a decepção também pode ser razoável. Espero que seja.