Resenha de "Depois da Queda" (Dennis Lehane)

Título: Depois da Queda
Autor: Dennis Lehane
Editora: Companhia das Letras
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Sinopse: Um casamento tóxico. Uma rede de mentiras. Neste romance de suspense magistral, é difícil saber em quem podemos confiar.Depois de ter um colapso mental ao vivo, durante uma transmissão de TV, Rachel Child, antes uma jornalista obstinada e que desbravava o mundo, passa a viver totalmente reclusa. Fora isso, porém, ela leva uma vida ideal, com um marido que parece ideal. Até que, numa tarde chuvosa, um encontro fortuito abala profundamente aquela vida perfeita, assim como seu casamento e ela mesma. Sugada por uma conspiração cheia de decepções, violência e loucura, Rachel precisa encontrar forças nela mesma para superar medos inimagináveis e verdades transformadoras. Emocionante, sofisticado, romântico e cheio de suspense e tensões, Depois da queda é Dennis Lehane em sua melhor forma.

Dennis Lehane é um nome conhecido entre os escritores de suspense. Nunca li outros livros dele, mas conheço as adaptações que foram originadas em livros do autor, como Sobre Meninos e Lobos e A Ilha do Medo, ambos filmes maravilhosos em todos os sentidos, e suponho que não seja diferente com os livros. Acontece que talvez eu tenha ido com sede demais para Depois da Queda, e acabei levando um puta tombo. Entenderam o trocadilho? HAHA

Deixa eu explicar... 

O começo da história, até a página 130, nós vemos essa protagonista que acabou de perder a mãe, a única família no mundo, e que está buscando pistas para encontrar o pai. Só que a mãe não facilitou muito nisso, e por esse motivo a protagonista leva uma eternidade de páginas - e paciência do leitor- para encontrar seu genitor. 

Essa primeira parte do livro é lenta para cara***, e ainda que tenha ficado bem impaciente com ela, preciso dizer que necessária para entender os atos da protagonista lá na frente. É aqui que enxergamos a solidão de Rachel e o apego emocional que tem a qualquer pessoa que queira dar-lhe um pouco mais de atenção. Talvez sua solidão e a necessidade de se enxergar no mundo tenha sido a causa de tantas quedas, como o próprio título do livro sugere. Perceba que não falei "queda", mas "quedas", no plural, porque sim, essa mulher se arromba o tempo inteiro. 

Depois que passa essa primeira parte a gente vai entender como Rachel acaba enfiando os pés pelas mãos e perdendo um bom emprego e o marido, e como começa a entrar numa crise de ansiedade logo em seguida. Também uma parte do texto maçante, e também necessária. 

E então vamos para a terceira parte, onde começa de fato o suspense e com tantas reviravoltas, que me peguei pensando se o autor imaginou que sua história ficaria ilógica com aquele tanto de acontecimentos, mesmo que prenda o leitor de modo mais eficaz pela velocidade do texto e a curiosidade que ficamos para entender o que diabos estava acontecendo. 

Nessa terceira parte vamos enxergar porque precisamos ler tantas páginas lentas da história. Bom, pelo menos em tese, porque Rachel se mostra com tantas facetas que me deixou pensativa sobre ela ter múltiplas personalidades. Normal aquela mulher não era. Isso também acabou me desacreditando na história, principalmente quando o autor deixa uma lacuna imensa no final. Aquele tipo de término que faz o leitor pensar em caminhos dos mais diversos, e ainda que curta essa pegada, nesse caso em específico me deixou nervosa. 

Então entendam o seguinte, o livro começa lento... lento... lento, e então um BUM, e depois mais vários BUNS estranhos. Essa desordem de ritmo pode ter sido uma certa maestria do autor, mas para mim pareceu mais uma confusão de sentimentos e pensamentos relativos ao livro. Acabei pensando em algo como... " Que merda!". E sim, mesmo que tenha enxergado que ele é um bom escritor e sabe construir tensão maravilhosamente bem, a história é fraca, sem nexo e não me pegou. Personagens bons, enredo bléh! 

Gosto de pensar que o foco desse livro não seja as quedas de Rachel, mas a reconstrução da personagem em todas elas. Senti que ela ia quebrando ao mesmo tempo que se consertando, saca? Arrumava um jeito de viver, mas a cabeça pifando aos poucos. Acredito que todo ser humano tem um certo limite de quedas que pode aguentar sem pirar, e da Rachel foi bem perceptível.  

Enfim, não é um livro totalmente ruim, mas também não é um livro bom. Ainda assim darei outra chance ao autor. Nitidamente é um bom escritor, só errou a mão nessa história, ao meu ver.