"Poderia ser muito mais"
Sinopse: Os habitantes da Transilvânia sempre foram inimigos dos turcos, com quem tiveram batalhas épicas. Para evitar que sua população fosse massacrada, o rei local aceitou entregar aos turcos centenas de crianças. Entre elas estava seu próprio filho, Vlad Tepes (Luke Evans), que aprendeu com os turcos a arte de guerrear. Logo Vlad ganhou fama pela ferocidade nas batalhas e também por empalar os derrotados. De volta à Transilvânia, onde é nomeado príncipe, ele governa em paz por 10 anos. Só que o rei Mehmed (Dominic Cooper) mais uma vez exige que 100 crianças sejam entregues aos turcos. Vlad se recusa e, com isso, inicia uma nova guerra. Para vencê-la, ele recorre a um ser das trevas (Charles Dance) que vive pela região. Após beber o sangue dele, Vlad se torna um vampiro e ganha poderes sobre humanos.
Dentre todos os filmes que quis ver nos últimos tempos, certamente Drácula não seria minha primeira opção para cinema. Mas acontece que sobrou uma grana esse mês, e como não tinha muita coisa em cartaz que estivesse afim de ver, acabei optando pelo vampirão ai. Bom, penso que poderia ter visto esse filme de casa mesmo. Ele não valia os vinte reais que paguei.
A premissa dele é a seguinte... Menino foi levado ainda criança para treinar num exército de Turcos. Menino se torna o maior combatente deles, mas resolve abandonar o exército depois de velho e voltar para casa, onde é eleito o príncipe do seu povo. Homem está lá, em seu palácio, com uma esposa loira e linda, um filho super gentil, e então os turcos aparecem e pedem mais 1000 crianças para serem treinadas. Príncipe não fica feliz com isso, e busca uma forma de derrotar os turcos para que não precise entregar os meninos do seu reino, nem seu próprio filho. Homem vai buscar ajuda com um ser perigoso que mora numa montanha, e homem acaba adquirindo uns poderes interessantes.
Enfim, isso é a premissa básica, e foi dessa forma que eles quiseram justificar a transformação de Vlad em Drácula, o vampiro mais importante da história. Só para constar para quem estiver lendo essa resenha, Vlad não foi o primeiro vampiro. Na verdade ele também foi transformado, como qualquer outro. Mas digamos que ele iniciou uma leva nova de outros vampirinhos, o que foi uma das coisas mal explicadas nessa história. Se alguém transforma Vlad para se livrar de uma maldição, porque quando Vlad transforma outros também não se livra?
Gosto de como eles quiseram caracterizar o "monstro". Tem aquela mesma ideia de que em uma determinada época é preciso ser monstro para ser herói. Acho isso bacana porque concordo com esse lado animalesco que alguns personagens anti-heróis possuem. É isso mesmo e não adianta alisar algo que está claro e que não tem volta. Então para isso eu dei vários pontos à história, sem contar que o Luke (que interpreta o Vlad) é um puta ator com feições emocionalmente instigantes, o que faz a pessoa sentir pena dele em metade do tempo, e justificar seus erros com facilidade.
O que não me convenceu no filme, foi o modo como eles construíram tudo isso. Colocam um personagem cheio dos poderes e vontade de massacrar quem fez mal ao seu povo, e minutos depois faz ele esquecer que ganhou uma batalha simplesmente sozinho e com as mãos, e se encolher como um cão perdido. Sem contar que ele é muito bom em batalha, como a maioria do seu exército, mas você não vê uma organização militar por parte deles, e na verdade parece um bando de homem correndo sem direção no meio do nada. Ah, vá!
Os personagens secundários não existem perto de Vlad. Ele toma tudo em cena, e faz isso muito bem, com aquele olhar de gato do Shrek. Amei cada pedacinho da atuação dele, mesmo que o enredo não tenha ajudado muito.
As cenas de batalha são legais, mas nada de sangue espirrando para todo lado, como imaginei que teria. Li em um site que era por conta da classificação do filme, e realmente pode ter sido isso. Mas se era para fazer um puta filme sobre um anti-herói como Drácula, então fizesse com todo o sangue que se tem direito. É um vampiro, oras!
Pessoalmente gostei muito das fotografias de algumas cenas. O cenário é sempre sombrio, o que ajuda a ambientar a Transilvânia gótica de Drácula. E a fotografia da cena onde uma batalha é refletida por uma espada, ficou muito linda. Gosto quando o diretor tem essa sensibilidade de colocar uma cena sangrenta em uma relfexo, ou, como ele fez em outra cena, uma morte em queda com uma música leve ao fundo, para equilibrar a tensão. Essa cena da queda também teve uma das melhores fotografias de cena do filme. Muito, muito, muito linda! Ahhh, também não posso esquecer das transformações de Vlad em morcegos - muito foda! - e da manipulação dos morcegos por ele, como que para garantir a sombra sobre si quando houvesse luz solar.
O filme termina com uma pegada para continuação, e eu não sei até que ponto gosto disso. No geral o primeiro não foi um bom filme em todos os quesitos porque teve falhas nas explicações da maioria das coisas pertinentes ao personagem do Drácula. Vim ver o filme tentando entender a origem dele, e tudo bem que entendo o seu sacrifício por amor a família, mas não entendo a parte prática de como isso funcionou. Então se você vier pensando na técnica do filme, talvez goste dele. Pessoalmente olhando com olhos técnicos, eu de fato gostei. Mas como filme, não me convenceu muito não. Buracos grandes. Enormes!