"Ideia fantástica.
Péssimo desenvolvimento"
Sinopse: Em uma casa abandonada, um grupo de adolescentes joga Verdade ou Desafio. Antes de a noite acabar, a garota mais popular da escola desaparece como se fosse por mágica. Recém-chegada à cidade, Trinity preferiria não ter as visões que a atormentam tanto... Agora ela precisa agir rápido, porque todas as suspeitas levam até ela. Cheio de reviravoltas e sustos, Sonhos Despedaçados é leitura obrigatória para quem gosta de tramas com desfechos imprevisíveis. Os cenários ajudam a compor o mistério, e podem ser os cemitérios antigos de Nova Orleans ou os destroços deixados pelo furacão Katrina. O único problema: você não vai ter coragem de ler este livro quando estiver sozinho em casa.
A sinopse me vendia. Uma casa abandonada, adolescentes num jogo perigoso e uma garota com uma capacidade peculiar de sentir coisas que as pessoas normalmente não sentem. Essa era a ideia central de Sonhos Despedaçados. Me instigou de início por ter um pé grande no enredo de Mara Dyer. Mas daí a ideia cai por terra quando eu começo a ler e passo a me forçar a continuar, coisa que jamais aconteceu com Mara. Claro que quando você vai com muita sede ao pote, ou no caso do livro, muita expectativa nele, a chance de se machucar na queda é maior, e foi exatamente o que aconteceu.
O começo do livro é justamente nessa casa bizarra da cidade onde eles moram. Um prédio abandonado que desafia os jovens a testar sua coragem ao entrar. Foi assim que Trinity, uma novata na cidade, é convidada por um grupo para se juntar a eles nessa visita. Claro que ninguém sabia que a menina era um tanto sensitiva, e esse pequeno passeio passa a despertar sensações fortes nela.
Ao perceber que essa visita é simplesmente uma espécie de competição entre a "popular", Jess, com ela, já que o namorado de Jess, Chase, parece estar se afeiçoando muito a novata, Trinity se sente uma idiota por ter sido levada até esse lugar e jogada numa brincadeira assustadora. E quando a tal da "popular" some alguns dias depois, a culpa do sumiço recai inteiro sobre Trinity.
Eis a base do enredo. Nada de anormal, e com uma pegada um tanto policial, por conta do desaparecimento da garota. E era nisso que a autora deveria ter se segurado ao desenvolver a trama desse primeiro livro, mas não foi o que ela fez. Veio com umas ideias sobre a descoberta da vida dos pais de Trinity, que ficou meio sem sentido quando jogado da maneira como foi feito. Claro que conhecer o passado é interessante para entender o presente dela, mas era como se o sumiço de Jess ficasse totalmente em segundo plano, e isso era visível na narrativa. Quer dizer, o namorado da sumida está lá sendo o herói de Trinity e a ajudando a se descobrir. E tudo bem que ele não estava mais firme com Jess, mas simplesmente ir buscar o passado de outra pessoa quando deveria se preocupar com o futuro da garota que se dedicou nos últimos anos, ficou ridículo de tão forçado
E até que os segredos que eles descobrem são de fato interessantes para entender melhor quem é Trinity e porque ela sente coisas que mais ninguém sente. Mas chega uma hora em que a autora faz um bolo maluco que dá nos nervos. Sai de um cena bacana para outra completamente sem ligação. Eu querendo mais de Trinity trabalhando no caso de Jess, quando tem Trinity e Chase dando uma de Sherlock e Watson, só que de uma forma errada e cansativa, e sobre um passado que poderia esperar. Uma cena sobre isso: Ok! Quatro: Patético!
E já vou falando que Trinity é uma das personagens mais lerdas que já conheci. Invés de forçar as pessoas a dizer a verdade sobre tudo de uma vez, fica mendigando partes de respostas, como se não soubesse as perguntas que as completassem. Isso foi altamente revoltante para mim como leitora. Era algo do tipo... "Trinity, você é especial". Depois de séculos a idiota resolve perguntar porque, e daí a tia responde "Porque você tem poderes", como se não fosse lógico. E voltamos para o processador lentium da menina, e só depois de várias cenas ela volta a questionar a tia, que diz... " Porque você é filha de pessoas especiais". Ah, vá! Sério isso? É o tipo de conversa mais sem noção que já vi na vida. Será que elas tinham fumado crack em uma cena anterior a isso? Porque, vamos combinar, a garota sabe que os pais morreram, sabe que existe algo de estranho na morte deles, e sabe que a tia conhece tudo, e fica dando uma de sonsa? Paciência zero para gente idiota!
E o relacionamento dela e de Chase? Dá sono! A química do casal passou tão longe que é preciso pegar um ônibus para achá-la. Não senti um pingo de apatia por eles juntos, até porque não senti um pingo nem por eles separados.
A gente quer cruzar o sobrenatural da coisa com o policial, mas eles não vão de jeito nenhum. Quando você acha que a autora está colocando a história nos eixos, ela faz algo que te faz revirar os olhos e pensar em como alguém pode ter uma ideia tão boa com um desenvolvimento de enredo tão pobre.
E o que merda foi essa chamada do livro na capa? "Em algum momento eu teria que dormir" Primeiro eu pensei que teria um pouco de A Hora do Pesadelo, mas não tinha nada disso! Quer dizer, Trinity tem um sonhos bem premonitórios, mas se dá até bem com isso, e não é nada que seja importante de fato dentro da trama. Então me pergunto de onde saiu isso. Mas como não sei de onde saiu metade das coisas nessa história, dei de ombros.
Então, Carol, porque você ainda deu três estrelas ao livro? E eu respondo de boca cheia que foi pela ideia. Poxa, ela tem uma base sólida e bacana, só não sabe desenvolver. E pensar que é uma série (parece que uma trilogia) me dá nos nervos. Penso se vai melhorar ou se vai ser mais do mesmo no próximo volume. Eu vou tentar, porque sempre tento o segundo, mas não estou com muita fé não.
Outro ponto que me fez dar uns pontinhos a mais foi ela ter inserido um personagem delicioso lá do meio para o fim, mesmo que nesse volume ele pareça desnecessário. Juro que terminei o livro por causa dele, e estou super intrigado com o que a autora quer para o futuro do cara nos próximos volumes. Tem algo de perigoso e misterioso na criatura, e eu adoro isso!
Por fim, não foi um livro que gostei. Se quer ler algo nessa pegada, pelo amor de Deus vá para Mara Dyer. O enredo aqui é interessante, mas a autora quis inserir problemáticas demais para folhas de menos, o que até agradeço porque sei que não aguentaria ler mais nem 50 páginas dele. Mas ela poderia ter resolvido muita coisa invés de colocar cenas inúteis que só me fizeram voltar a pensar na ideia do crack.