A Esperança [Filme]

"Na linha do livro"

Sinopse: Após ser resgatada do Massacre Quaternário pela resistência ao governo tirânico do presidente Snow (Donald Sutherland), Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) está abalada. Temerosa e sem confiança, ela agora vive no Distrito 13 ao lado da mãe (Paula Malcomson) e da irmã, Prim (Willow Shields). A presidente Alma Coin (Julianne Moore) e Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) querem que Katniss assuma o papel do tordo, o símbolo que a resistência precisa para mobilizar a população. Após uma certa relutância, Katniss aceita a proposta desde que a resistência se comprometa a resgatar Peeta Mellark (Josh Hutcherson) e os demais Vitoriosos, mantidos prisioneiros pela Capital.


O filme estreou na quarta e eu, que pensei que fosse ver assim que saísse, acabei esperando para poder assistir junto com o pessoal no encontro de fãs no Lumiére Cinema aqui de Maceió. O que foi incrível porque ver um filme que é adaptação junto com os fãs deixa o clima do cinema mais ensandecido e cheio de emoção. 

Não vou falar sobre o que é o filme porque se vocês estão lendo essa resenha, significa que já sabem o que aconteceu até agora. Então vou falar do que achei dele, e tentar ser pouco prolixa nisso, ok? 


Em primeiro lugar eu adorei a linha que fizeram do final de Em Chamas, com Katniss entrando em um estado de loucura, com o começo de A Esperança, com ela dentro desse estado de loucura. Meio que penso que a linha de raciocínio do cineasta é incrível nesse filme. Gosto de como a trama foi crescendo nos dois primeiros, e curto muito o que fizeram nesse também. 

Claro que quem só vê os filmes vai achar que esse foi bem caidinho e parado em relação aos anteriores. Mas se você leu os livros vai saber que de fato as 200 primeiras páginas dele é exatamente como está no cinema: Reconhecimento da Katniss como o Tordo, tentativa de mostrar a Panem que ela está viva e bem e toda essa coisa meio lerda que se passou na primeira parte. 


Mas daí temos a genialidade do cinema de poder nos mostrar vários pontos de vista nessa história. Então do mesmo modo que acompanhamos a loucura e dor da garota, também vemos a representação de quem é ela para os distritos isoladamente, provocando o que talvez sejam as melhores cenas de levante que já presenciei nas telonas. Comparo com as de V de Vingança, e isso é o máximo de poesia e loucura que eu identifiquei na minha vida quando se trata de revolução na sétima arte. Foram minhas cenas prediletas, e me arrepio até agora só de lembrar delas. O desapego, a força, a coragem de quem se joga numa situação daquelas é de fazer inveja. Em resumo, as cenas ficaram perfeitas!


Mas também não posso dizer que não gostei do que acontecia no distrito 13. Era aquilo mesmo que tinha no livro, gente. Não tem como mudar a base da história, e eles fizeram uma cópia sensata do livro. Claro que há mudanças, mas vendo com olhos de cinéfila compulsiva e técnica, acredito que essas mudanças tiveram total fundamento, e serão justificadas, à medida da necessidade, no filme seguinte.

As atuações estão condizentes com os personagens, graças a Deus!
Curto muito os atores dessa série e o que eles podem fazer por quem interpretam. Josh foi quem me surpreendeu nesse filme em específico. Apesar de aparecer muito pouco, ele estava genial em cada pequena cena e fala. As duas cenas finais são de dar dó e de fazer babar por ele como ator. E mais uma vez, a última cena é o que gera uma necessidade da Katniss querer destruir o mundo, ou até mais do que isso. 


Então o que posso dizer de mais forte sobre A Esperança, é que filme sobre expectativas. Ele gera uma necessidade de ter uma continuação foda, porque ele cria espaço para isso. Tanto nos relacionamentos individuais dos personagens, como na ligação que todos tem com o o mundo distópico envolta deles. 

Eu observei muitos pontos lógicos nesse filme que terão relevância no próximo. Como se o roteirista e o diretor estivessem preparando terreno para o que virá a seguir. Cenas de uma poesia singular sobre flores, liberdade, dor e sentimentos que talvez nem a própria Katniss reconheça. 


Acho que nunca fiz resenha da trilogia de Jogos por aqui. Eu tenho um pensamento sobre a história que é um tanto diferenciado do pensamento geral das pessoas.  Eu enxergo uma Katniss diferente, e sempre a vi não como uma protagonista, mas como o peão usado por uma revolução. Ouço muito as pessoas falando que essa trilogia é voltada para o romance, e não vejo muita lógica nisso, até porque mesmo quando tudo acaba, não é o romance que prevalece, ainda que ele exista. São as dores que não podem ser detidas, ou pesadelos que não pedem licença, e as cicatrizes que sempre estão lá para lembrar quem eles são e o que fizeram. Não é uma história sobre pessoas, mas sobre ideias que mudam sua humanidade diante das necessidades. 

Então sim, eu gostei do filme. Claro que sempre esperamos mais, contudo acredito que ele tenha sido até mais do que achei que seria, entende? Os levantes tiveram um diferencial para mim, e renderam pontos extras à história. Ele é calmo? Sim! Mas pense que está só preparando terreno para o que de fato é o final dessa trama incrível. 

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