Inferno Perfeito e porque é perigoso tentar ser herói na Somália

Título: Inferno Perfeito
Autor: Camila Ferreira
Editora: PL
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Sinopse: Laura Ryder sempre sonhou em fazer história com uma grande reportagem. Com esse intuito, preparou-se e fez uma longa viagem até a Somália. Ela jamais poderia imaginar que, dentro de poucos dias de sua chegada àquele país marcado pela guerra, faria parte de uma terrível estatística: a dos jornalistas sequestrados por rebeldes em zonas de conflitos.Dan Walker é mercenário e tem um talento único para encontrar e eliminar seus alvos com precisão. Acredita apenas nos próprios instintos e estes nunca permitem que ele desvie o foco. Ajudar uma mulher desconhecida que foge de seus captores em meio ao deserto da Somália era algo fora de questão, mas, levado por um impulso desconhecido, ele resolve socorrê-la. A partir de então, sua missão ganha novas ramificações, as quais serão decisivas em sua própria vida.
"Inferno Perfeito" é um romance intenso, que irá deixar você sem fôlego, conduzindo-o a lugares que jamais imaginou estar.

Hoje vamos conversar um pouco sobre esse livro que causou muitas sensações controversas em mim. Fui do sorrisinho bobo ao revirar de olhos, de impaciência. Enfim, sou uma leitora chatérrima de exigente, mas acho que de modo geral fiquei com um saldo positivo dessa história. 

Não me perguntem como cheguei nele, provavelmente um desses meus laboratórios de escrita. O fato é que vi a capa, adorei a sinopse e baixei no Unlimited. Acabei não lendo no mesmo dia, mas também não demorei horrores com ele parado no Kindle. E só precisei de um dia para terminá-lo, e aqui esta o primeiro ponto positivo dessa história: O texto flui! 

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A autora é uma boa narradora, e isso é inegável. Nas minhas condições atuais poucos livros estão me prendendo do começo ao fim em um curto espaço de tempo, e ela conseguiu com eficiência. Então se vocês curtem romance com essa pegada de ação e não tem muito tempo a perder, se joguem em Inferno Perfeito. 

Outro ponto super positivo para mim são as cenas onde se desenvolvem a ação. Gosto muito de mocinhos que sejam antiherois e Dan é exatamente assim. Claro que tem que ter muito cuidado para não gerar antipatia por parte do leitor por causa disso, e eis o primeiro ponto negativo: Não senti nada por ele em nenhum momento. Frio e apático do começo ao fim, e isso é esquisito para um cara munido de revolver, muita raiva e uma mulher em sua cama. Como disse, a linha é muito tênue entre o gostar e ser alheio. 

Laura também não fica atrás, heim! Ela tem uma dependência emocional que causa gastura de se observar. Claro que a gente meio que entende, visto o histórico dela, mas ainda assim dá nervosismo. Muitas atitudes dela geram impaciência. Porra, a mulher passou quase um ano sendo refém de terroristas na Somália e quando volta para casa vai se preocupar com banco? Ah, vá! Faltou trabalhar um pouco a jornada do herói nessa personagem, o desespero de quem passa por situações semelhantes e que nesse livro só se mostra através dos pesadelos frequentes dela. 

Seguindo pelas coisas que não gostei, o livro tem muitos picos de tensão, e isso cansa o leitor. Todo livro tem que ter uma passagem delicada pelos momentos de tensão, para que eles sejam o ápice e de fato funcionem como ápice. Aqui a autora sobe e desde neles como se fosse uma montanha russa, e igualmente uma montanha russa, aquilo me causou vertigem e um cansaço infinito. Quando eu vi que a cena mais tensa tinha se desenvolvido nos 75% da história pensei... "caralho, o que ela vai fazer com o resto do livro se tudo está aqui?". E sim, ele foi desnecessário para mim. 
Não emergir nas cenas quentes de casal, e nem no romance deles. A briga interna do "amo, mas não posso amar" de ambos passa que não causa qualquer sentimento no leitor. Sério, entediante. Mas volto a dizer, as cenas de ação roubam todo o espaço e brilham, o que me faz pensar como a autora é versátil por passear entre romance hot, como outros livros dela, para esse aqui. 

Outro ponto que me incomodou foi a passagem pela Somália. Gente, a autora retratou um inferno na Terra, mas não detalhou isso. Não senti pena ou medo em momento nenhum enquanto eles estavam lá. Na verdade não senti nada. Apenas mais um dia na Somália. Putz, queria ter "sentido" o lugar onde Laura foi cativa, e isso não aconteceu. 

Enfim, é um livro divertido e rápido, mas tem esses diversos pontos negativos. Sugiro vir sem muita expectativa. Sei de gente que amou, e eu pessoalmente achei apenas ok. Por isso vir sem expectativa sugere que sua experiência será uma grata surpresa, boa ou ruim. 



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