Resenha de "A Formatura" (Joelle Charbonneau)





O futuro nunca foi tão incerto e desesperador. Cia Vale jamais imaginaria que as coisas pudessem chegar a esse ponto. Ela tem uma importante missão: liderar as ações para a verdadeira reconstrução do mundo pós-guerra, um caminho sem volta. Agora, ela é a peça-chave para concretizar o plano de pôr fim ao Teste, para o bem das pessoas. Diante de um horizonte cheio de cicatrizes brutais, uma guerra prestes a começar e um governo cruel e corrompido, Cia não tem escolha a não ser se preparar para chegar às últimas consequências – se for preciso. Será que seus colegas a seguirão para a batalha final? O amor de Tomas será forte o suficiente para aceitar e sobreviver à prova mais difícil de suas vidas? Os riscos são maiores do que nunca, e para Cia só resta confiar nos próprios instintos. A formatura, o desfecho da distopia que nos fez perder o fôlego!
 #O Teste
#Estudo Independente

E mais um final de série aqui para o blog. E mesmo que bata aquela tristeza de ter que se despedir de alguns personagens, também bate uma felicidade quando penso que o dever foi cumprido. Sem contar que em um prazo até ótimo, e ai agradeço e elogio a editora Única pelos lançamentos rápidos dos livros dessa série. De fato não tenho do que reclamar quanto a isso. 

Não vou falar sobre o enredo. Vocês sabem que não faço isso com continuações de série. Mas vou tentar passar tudo o que senti ao ler o livro. 

Foi difícil de ler, fato! Mas todos os outros livros dessa série também foram. Não sei se é um ponto muito positivo, ou muito negativo sobre a escrita da autora, mas ela tem uma facilidade grande de não deixar o leitor muito entrosado com os personagens, pelo menos foi o que senti com o livro. Me conectava com eles em curtos momentos, e no resto eu só torcia porque eram os protagonistas e eu tinha que torcer mesmo. 

Não vou dizer que não senti falta desse apego que costumo ter pelos personagens de distopias. Acho que isso me insere com facilidade naquele mundo e faz com que eu coma as páginas com afinco. Mas também não posso dizer que foi um ponto totalmente negativo, afinal esse distanciamento é difícil de ser feito, e provavelmente foi intencional. A autora foi corajosa em criar tal distanciamento, e respeito isso. Silo, que é distopia que amo, também tem fortemente essa característica e ainda assim achei incrível. Claro que não vou comparar os dois, mas tem esse ponto em comum, e fez com que meu cérebro montasse essa ligação entre eles. 

Como todo final de livro distópico, a intenção é um grande fechamento, e normalmente uma batalha, ou algo assim. Com A Formatura a linha é parecida, mas me incomodou, ao mesmo tempo que gostei, o fato de que não foi focado no mundo distópico em si, mas em um ponto isolado desse mundo, que no caso é a forma como os estudantes são escolhidos para entrarem na Universidade.

Não vou mentir, senti falta de saber o que acontecia além dos muros daquele lugar. A autora nos dá um monte de informação legal acerca de como a humanidade chegou até esse ponto, mas não desenvolve isso na prática. Só uma aula teórica, literalmente. Não sei se por ser uma amante de distópicos e esperar nos novos o que amo nos antigos, mas cobrei saber mais disso. Contudo ai tem um lado positivo porque desde o início a autora foca nesse mesmo ponto, que é O Teste e tudo o que vem depois. Seria meio ilógico que ela focasse o lado de fora e esquecesse a merda que já estava do lado de dentro. Portanto dei de ombros e relevei um pouco isso. 

Os personagens também sofrem da minha relação de amor e ódio. Gosto de Cia. Acho a garota uma fortaleza bacana e decidida em demasia. Contudo essa força de Cia, junto com distanciamento que a autora dá, não me deixou apaixonada por ela, e nem pelo par romântico, Tomas. Muito menos pelos dois juntos. Como disse lá em cima, torcia por eles por ser o lógico, mas não despertaram minha paixão. E isso acontece com todos os outros, que ganham uma importância bacana nesse livro por conta da missão que Cia recebe e que se faz necessária ajuda externa. 

Percebem como tudo o que elogio também é um motivo de crítica? Acho isso muito engraçado nesse livro porque é algo que se mantem do início até o fim. O fato de não ser apaixonada por essa trilogia não tira o mérito dela para mim. A autora soube manter a linha da história, o que é difícil em se tratando de série, e trabalhou de uma forma estupenda o enredo até ter esse final. Então mesmo que não exista paixão nela, nem em mim ao ler, existe uma lógica racional na leitura, e em mim como leitora. Acho que é justamente isso: É um livro que mexe com meu cérebro, não com meu coração. 

Fiquei meio no vácuo com o final dessa série. Fui até pesquisar se tinham mais livros ou ideia da autora para escrever mais, contudo isso não existe. E me peguei pensando se era aquilo mesmo. Não que seja ruim, gente. Na verdade acredito que se enquadre no lance corajoso de Joelle como escritora. Mas dá fundo para uma continuação sim. Achei lógico o que ela fez, e concordo plenamente com a decisão de Cia. Se ela não tivesse tomado aquele decisão eu diria que existiu uma divergência entre a personalidade da garota. Mas ainda assim meu cérebro pediu mais. 

Se você é fã de distopias sem mi-mi-mi, onde a racionalidade supera o emocional, então investe nessa. Pessoalmente amo o emocional nesse tipo de livro por motivos óbvios. O mundo mudado, você ferrado e nada de emoção? Ah, vá! Mas de fato a trilogia é bem amarradinha e vai agradar bastante quem curte essa coisa menos passional. Indico pela razão, não pela emoção. rsrs