Sinopse: Penny Dreadful é uma série de terror com toques sobrenaturais que se passa na cidade de Londres na época vitoriana. A história conta com personagens clássicos da literatura como Frankenstein, Conde Drácula e Dorian Gray, e seus contos de horror, origem e formação se misturam à narrativa dos protagonistas. A série é estrelada pelos atores Josh Hartnett e Eva Green, e conta com Sam Mendes como produtor executivo da atração. Penny Dreadful é a aposta do canal Showtime no gênero do terror e do suspense, e tem uma abordagem psicossexual da trama de monstros, criaturas e demônios.
Essa foi uma daquelas séries que não recebi indicação alguma para assistir. Bastou um poster. Um único poster e estava totalmente rendida a ideia de Penny Dreadful.
Lembro que assisti um filme alguns anos atrás que tinha como personagens figuras importantes da literatura inglesa, com um pé na americana também. Eu me apaixonei pelo contexto daquele filme, misturando os grotescos personagens de Mary Shelley, Bram Stoker, Oscar Wilde e Robert Louis Stevenson. Aquilo foi tão bom, que comprei o filme para mim, mesmo que ele realmente não fosse uma obra de arte de roteiro.
Acontece que a proposta de Penny é bem parecida com o que seria a de Liga Extraordinária, e foi por isso que sentei a bunda na cadeira e tratei de começar a ver. Olha a minha surpresa quando já no segundo episódio tem uma cena mega chocante e super assustadora. E não estou falando para os padrões do sobrenatural da história, mas nos padrões do que realmente significa algo assustador para mim. E não se enganem achando que aquilo que me assusta me faz recuar, porque quando a cena se mostrou, eu comecei a gargalhar virando totalmente fã de Eva Mendes e da série como um todo. E digo que ela não tem me decepcionado até aqui, muito pelo contrário.
Começamos a série acompanhando a busca de um pai por sua filha desaparecida, que supostamente foi sequestrada por algum ser não humano - entre os muitos que existem dentro da série. E existe essa paranormal que sente, fala, vê coisas que mais ninguém deveria. Ela é amiga desse pai desesperado e está ajudando nessa busca. No meio do percurso ela encontra o melhor atirador que já conheceu para compor a equipe, e logo depois mais um integrante se aproxima, um médico fantástico. Nosso doutor Frankenstein.
A premissa da série é inicialmente muito simples, já que também estamos no capítulo quatro e não tem nada de tão novo para acrescentar ao enredo dela. A genialidade de Penny Dreadful está em como a série está se desenvolvendo. No quanto que ela te tira de uma zona de conforto e te joga na bagunça de uma Londres assombrada por monstros da era vitoriana. E não falo só em monstros de dentes grandes e que bebem sangue, mas de monstros reais, aqueles que vivem dentro de cada um, e isso é certamente o melhor dela.
Certamente pessoas cheia de tabus e preconceitos vai assistir dois capítulos e desistir de ver o resto - acreditem, já vi muita gente fazer isso. Mas o que foi a beladona venenosa para alguns, foi o meu fortificante porque não consegui mais largar da série depois que eles me tiraram da minha zona de conforto.
Existe algo que te prende a série. Algo que sai da coisa televisiva para ser palpável demais. E não sei se é porque eu sou uma apaixonada pelas obras literárias nas quais a série está entrelaçada, mas eu gamei em todos os aspectos dela, até os mais repugnantes.
Os diálogos são primorosos e cheio de delicadeza e poesia até nos detalhes sórdidos. Tudo foi construído para que você se aproxime de quem realmente cada personagem é. Então você sente a luta diária entre ser um criador do doutor Frankenstein. Você percebe o quanto aquilo o afeta e as respostas que a vida lhe entrega por brincar de Deus. Você também vê a dualidade na imortalidade de Dorian Gray, e ela é certamente a minha cereja no bolo dessa série.
A força invisível e atenuante que cria os laços entre os personagens, faz com que você também crie com cada um deles. Os roteiristas não deram pontos sem nós, e a forma com a qual ela está sendo filmada, garante uma intromissão até nos pensamentos dos personagens. É fantástico!
E como se não bastasse todos os elogios que já dei, ainda temos o fato de que a direção de arte é escandalosa de linda! E as atuações? CARACA! Adoro a Vanessa! Morro de amores pelo Gray, mesmo que ele seja o personagem que mais divide meu coração. Que mais me deixa sem ar pela imprevisibilidade das suas atitudes. Fico pensando no que seríamos capazes de fazer de tivéssemos o poder da imortalidade. O que nos restaria se não acreditássemos ter mais alma alguma e se todas as pessoas que amamos já tivessem morrido. Eu realmente me encantei pelo trabalho que estão fazendo em cima do cara.
Sinceramente? Sem absolutamente nada para reclamar dele até agora. Maravilhosa até no momento da agressividade no limite da delicadeza. Bela inclusive nas mortes mais feias. Então você pode ir esperando um sobrenatural, sim, porque é essencialmente isso. Mas espere um sobrenatural cheio de poesia e totalmente sombrio nas nuances mais fortes de ser humano, ou no caso de alguns - não humanos.
Perfeita. E sem mais.