"Quero mais. Muito mais"
Sinopse: A Terra é conquistada por uma raça alienígena conhecida como os Confederados. A população adulta da Terra desaparece de vista, sucumbida pela Estática - um poderoso sinal telepático irradiado pelos alienígenas, que reduz as pessoas a um estado de total servidão. Mas existe um grupo imune aos seus efeitos: as crianças e os adolescentes. Enquanto isso, Holt Hawkins, um caçador de recompensas, tem como alvo Mira Toombs, uma astuta caçadora de tesouros com a cabeça a prêmio. Não demora muito para Holt capturar sua presa, mas a forte atração que surge entre os dois não é algo com que ele contasse. A queda de uma nave dos Confederados nas proximidades do lugar onde Holt e Mira estão acampados revela uma surpresa - a única sobrevivente é uma garotinha que não se lembra de mais nada a não ser do próprio nome: Zoey. Logo eles descobrem que todo o exército alienígena está à procura de Zoey. O que ela tem de tão especial? Será que os poderes dessa garota, por mais improvável que isso possa parecer, são a chave para deter os Confederados de uma vez por todas.
Tem duas coisas que sempre amo quando encontro na literatura moderna: Mundos distópicos e alienígenas. Agora junte as duas coisas e eu piro legal. É isso o que acontece com Cidade da Meia- Noite, e esse foi o grande tcham do livro. O autor soube trabalhar com autoridade com esses dois elementos sem parecer forçada de barra, e eu me apaixonei pela série antes mesmo dela pegar gás.
Começamos a história conhecendo Holt, um caçador de recompensas que está em busca de coisas para trocar. Nota que nesse livro o autor enfatiza bastante o valor nulo que tem em cédulas de dinheiro. Em como é muito mais importante você ter um isqueiro do que uma mala de milhões de dólares. Achei isso muito bem retratado por ele.
Já Mira é uma caçadora também, só que de tesouros. Ela trabalha com artefatos, que quem leu saberá que são importantes peças no desenvolvimento da história.
E como esses dois se encontram? A captura de Mira pode render uma troca bastante generosa para Holt. Então o carinha está a procura dela. O que ele não imaginava era que encontrar - e manter - Mira seria difícil, já que a menina é tão ardilosa e escorregadia quanto ele. Adoro esses embates que um tem com o outro o tempo inteiro!
Depois de conseguir achar sua moeda de troca, eles acabam encontrando uma nave caída com uma garotinha dentro, Zoey. E é dessa forma que o solitário Holt acaba com as duas garotas mais temperamentais e decididas do planeta.
Detalhe sobre o planeta devastado por esses alienígenas: A justificativa do autor para a ausência dos adultos foi uma das melhores ao meu ver. Já vi livros, como a série de Gone, que os adultos simplesmente desaparecem com um simples "pluf". Tudo bem que Grant foi gênio quando escreveu aquela série e colocou as maluquices bizarras dentro da distopia tão "O Senhor das Moscas" dele. Mas em Cidade da Meia-Noite existiu uma justificativa extra terrestre, e ela foi legal para mim. Tipo, eu consegui visualizar aquela situação sem forçar nada na minha cabeça nem criar uma confusão de significados. Portanto, você não verá adultos nesse livro, a não ser os "imunes", que são minoria. Holt é um deles.
Então temos um mundo de crianças que vão se perdendo a medida que envelhecem e chegam no estado de não pertencer mais ao "saudável" para conviver com os outros. Crianças que aprendem a viver por elas mesmas, e que são obrigadas a ser adultas antes do tempo, como é o caso de Mira - que está na fase quase adulta - e Zoey - que é uma garotinha muito, muito, mais muito especial. Essa maturidade forçada das crianças foi outro ponto positivo na minha cabeça.
E nem pensem que vocês vão morrer de tédio aqui. O autor parece roteirista de cinema, gente! É uma ação atrás da outra e de nos deixar babando de vontade de ver como ficaria na telona. Com direito a tripods, naves espaciais, navios terrestres feito de sucatas e cidades sitiadas em meio a minas de carvão. Genteee, o visual dos cenários desse livro é incrível! Desertos, prédios destruídos, rios que escondem mais do que o necessário. Usinas nucleares povoadas por mutações genéticas de humanos e alienígenas. CARACA!!!! Muito foda!
Vou confessar para as meninas que curtem um romance... O livro é escrito por um homem, e eles tendem a não romantizar muito a vida. Principalmente a vida de pessoas que sabem que se perderão logo e que viver um dia a mais é um milagre. Então temos toda essa tensão entre Mira e Holt, mas existe muito mais de amizade do que de romance. Holt não é o tipo de cara que protege Mira do mundo, e nem ela é dessas que se agarram ao choro por medo de perder ele. Bem pelo contrário. Mira é um escândalo de personagem maravilhosa! Forte, decidida e pau para toda obra.
Sem contar a parte mágica da coisa, e que o autor justificou com tanta maestria quanto justificou sobre os adultos. Aliens vem de outros planetas, certo? Não necessariamente iguais ao nosso. Pode ser um planeta mágico ou movido a magnetismo ou algo assim. Sei lá! Só sei que esses seres trouxeram para o nosso planeta uma descarga de energia que aqui não existia. Por isso qualquer objeto que esteja sob uma zona de energia dessas, vai receber uma descarga energética e se tornar meio que "mágico". Mira é especialista em montar artefatos - que falei lá em cima. São pilhas de objetos que juntos tem ações diferenciadas. Por exemplo... Uma moeda com um lápis pode tirar a gravidade de um lugar. Um pente com uma prendedor de cabelo e uma corrente pode quebrar paredes. Coisas assim. Legal, não é? Eu achei divino!
Enfim, essa resenha já está enorme e não quero me estender mais.
Claro que o livro tem alguns defeitos, mas para mim as qualidades superaram todos eles. Eu realmente consegui entrar na história e me encantar por cada pedaço do que Mitchell escreveu. É tanto que corri para comprar o segundo volume em inglês mesmo e vê se consigo ler. Eu estou encantada com o que o cara fez aqui, e desesperada para saber como esses três vão conseguir chegar até onde precisam para "salvar o mundo?" "salvar eles mesmos?" Quem sabe! Só sei que preciso da continuação para ontem!