Resenha de "O Projeto Rosie" (Graeme Simsion)

"Apaixonante!"

Sinopse: Para se ter a vida de Don Tillman, não é preciso muito esforço. Às terças-feiras come-se lagosta com salada de wasabi (seguindo um roteiro com refeições padronizadas que evitam o desperdício de ingredientes e de tempo no preparo); todos os compromissos são executados de acordo com o cronograma – alguns minutos reservados para a prática do aikido e do caratê antes de dormir; uma hora para limpar o banheiro; três dias da semana reservados para suas idas à feira – e se, apesar dessa programação, algum desagradável contratempo surgir em sua rotina, não há nada que não possa ser solucionado com meia hora de pesquisa científica. Exceto as mulheres. Até o momento, a única coisa não esclarecida pelos estudos no campo de atuação de Don, a genética, é o motivo para sua incapacidade de arrumar uma esposa. Uma namorada ao menos? Ou até mesmo uma amiga para somar ao seleto grupo de amigos de Don, formado por Gene, também professor na universidade, e a mulher dele, Claudia, psicóloga e esposa muito compreensiva. Para solucionar esse problema do modo mais eficaz, Don desenvolve o Projeto Esposa, um questionário meticuloso que irá ajudá-lo a filtrar candidatas inadequadas a seu estilo de vida: fumantes JAMAIS, e mulheres que se atrasam por mais de cinco minutos ou que usam muita maquiagem estão fora dos critérios pouco flexíveis que o levarão à mulher ideal. O único problema é que um questionário desse tipo exige tempo e dedicação, duas coisas que começaram a diminuir exponencialmente no cotidiano de Don desde que ele conheceu Rosie: fumante, vegetariana e incapaz de chegar na hora marcada. Ou esse era o único problema até Rosie entrar na vida de Don e – despretensiosamente, uma vez que ela nunca se candidatou ao Projeto Esposa – mostrá-lo que a mulher ideal não existe, mas o amor, sim. (SKOOB)



               Sabe aquele chick-lit visto de uma versão masculina?  Pois é, eu também nunca tinha visto, e amei! Ele me lembrou muito um amigo que amo de coração. Don e ele tem a mesma qualidade: São extraordinariamente adoráveis! 

O livro conta a história de Don, um professor universitário de genética que só tem dois amigos na vida e não costuma ter relacionamentos com mulheres, nem sabe entrar em uma interação social sem causar constrangimento para outras pessoas. 

Então quando Don acha que está na hora de arranjar uma esposa, ele cria um projeto com um questionário com várias perguntas pessoais. A mulher que respondesse todas as perguntas corretamente, ou perto disso, seria a sua futura esposa. 

Só que Rosie aparece no meio da jogada para ser sua amiga, e precisando da amizade dele. Ela é tudo o que Don sabe que não quer numa esposa. Ela fuma, é vegetariana, não é tão inteligente como ele e tem um emprego nada satisfatório. Enfim, ele só fica ao lado da garota para ajuda-la em outro projeto. Claro que sem perceber, a garota vai enraizando em sua vida de uma maneira prática e nada perfeccionista.

 Don é O CARA!
Sabe o Sheldon de The Big Bang Theory? É exatamente como ele!
A mesma falta de noção e as mesmas piadas que não eram lógicas para serem ditas em certos momentos. E ao mesmo tempo soam tão inteligentes que a maioria das pessoas não entende.

O leitor percebe de cara que Don tem algum tipo de problema. Extremamente inteligente e detalhista ao ponto de ser chato. Ele planeja as comidas nos dias certos da semana. Ele escuta o mesmo tipo de música não como uma diversão, e sim como um estudo. Não sabe se manter em uma conversa sem que seja sobre ciência. Tem uma memória fotográfica e aprende muito rápido algumas coisas. É carnívoro, bebe mais do que socialmente e acha que tudo na vida pode ser aprendido em um livro. Don se tornou um dos melhores protagonistas masculinos que li em 2013. 

Rosie é a prática da história. Uma garota simples de vestes extravagantes e que não tem papas na língua. Ele é vegetariana e só come frutos do mar se forem de origem sustentável. Ela trabalha em uma bar pela noite e tem muita aptidão social com as pessoas. 

Os amigos de Don, Gene e Claudia, são peças tão importantes na história como a própria Rosie. Tudo o que Don tem de dúvida, seja de comportamento a posições sexuais, ele pergunta ao casal de amigos. São coadjuvantes muito bons!

A narrativa do autor demora a pegar o ritmo, pelo menos para mim demorou quase 100 folhas. Mas depois disso a leitura fluiu numa velocidade surpreendente. Nunca mais eu tinha me demorado tanto em 100 folhas de um livro, e gostado tanto de um final. 

Ele constrói bem os personagens, e talvez seja o melhor ponto da leitura. Ele cria situações que são simples, mas que se tornam divertidas por conta da visão tão peculiar de Don. Na verdade o livro tem um enredo bem comum, são as pequenas coisas que fazem a diferença nele. Minha nota não foi 100% alta por conta do início do livro. Realmente o achei bem lento e pouco prático, mas quem disse que as coisas na vida de Don são práticas?

Dei muitas risadas com esse livro. Também me emocionei ao extremo quando Don começa a entender as coisas que acontecem dentro dele, e olha que isso demora, heim!  

Mas a leitura está mais do que recomendada, de modo geral. É um chick-lit que tem um homem muito diferente no papel principal. O tipo de homem que você correria dele por medo, e do que tipo que você correria para ele pela genialidade.  Amores eternos por Don.