Resenha de "A Passagem" (Justin Cronin)


"Eis uma distopia que primeiro vem o começo"

Sinopse: Quase um século depois que uma pesquisa científica financiada pelo Exército dos Estados Unidos foge do controle, tudo o que resta é uma paisagem apocalíptica. As cobaias utilizadas nos experimentos – prisioneiros a caminho do corredor da morte – escaparam do laboratório e iniciaram uma terrível carnificina, alimentando-se de qualquer ser com sangue nas veias e espalhando por todo o continente o vírus inoculado nelas.
Um em cada 10 habitantes pode ter sido infectado. Os outros nove se tornaram presas desses virais, criaturas animalescas extremamente ágeis e fortes cujos únicos pontos fracos parecem ser a hipersensibilidade à luz e uma pequena área frágil próxima ao esterno.
Em uma fortificação construída nas montanhas, cercada de muralhas de concreto e holofotes superpotentes, uma comunidade tenta sobreviver aos constantes ataques noturnos. Mas a precária estrutura que a protege está com os dias contados: as baterias que alimentam as luzes começam a falhar e uma invasão é iminente.
Não se sabe o que aconteceu ao resto do mundo: a comunicação foi cortada, não há governo e o Exército nunca cumpriu a promessa de voltar. Provavelmente estão todos mortos. Mas a chegada de uma misteriosa andarilha traz novas expectativas: ao que tudo indica, ela tem as mesmas habilidades dos virais, mas não sua necessidade de sangue. Agarrando-se a essa esperança, um grupo parte da Colônia para buscar mais sobreviventes – e a verdade fora dos muros.
Com uma narrativa tensa e bem-estruturada, Justin Cronin constrói personagens de complexidade psicológica surpreendente. Na transição do mundo que conhecemos para um que não poderíamos imaginar encontra-se uma humanidade sitiada pelos próprios erros. (SKOOB)





O livro é imenso! Sabe tipo Guerra dos Tronos de grossura? Pois bem, aqui não tem guerras de tronos, mas tem uma guerra por algo muito mais básico: Sobrevivência. Uma guerra pela vida.

Quando a Arqueiro me mandou esse livro, e devo dizer que foi uma solicitação minha, eu fiquei eufórica. Não tinha certeza se iria receber. Adoro distopias e vocês estão carecas de saber disso. E já tinha lido resenhas maravilhosas sobre como essa distopia é bem explicada. Foi apostando nisso que solicitei A Passagem, o tal do romance clássico TÃO famoso do Cronin. E apesar de ter lido num ritmo tão lento comparado a minha média, foi um livro que teve seu alto grau de importância para mim.

O motivo dessa distopia é uma coisa bem crível: Os seres humanos são gananciosos e estão tentando criar uma cura para todas as doenças do mundo. Eles estão querendo aumentar a longevidade das pessoas. Mas sabem como eles fazem isso? Usando um vírus mortal que descobrem no meio da floresta. Um vírus que deixa a pessoa mais forte, com a pele mais translúcida e com rejeição a luz do sol. Conhece um ser das trevas com essas características? Sim, os vampiros! Com exceção aos de Crepúsculo que brilham.
Só que nesse livro não os tratam como "vampiros" e sim como "frios" ou "virais". Quer dizer, Justin criou um início pata o vampirismo em seu livro. Amei isso!

Acontece que esses seres ficam fortes demais e se soltam dos lugares onde estavam trancafiados. E tudo vira um 'auê" triste! A cada dez pessoas que eles mordem, uma se transforma e as outras nove morrem. 

Eu me apaguei em demasia aos personagens do início da trama, o que me deixou tristonha quando essa loucura toda aconteceu. Mas também, quem manda brincar de Deus?


Cronin tem uma narrativa instigante. Fato! 
O que me deixou bem nervosa, é que o livro é basicamente dividido em partes de: Antes e Depois da bagaceira. E quando você está se apegando ao pessoal de antes, daí tudo muda de figura e você conhece personagens totalmente novos e surpreendentes. Mas devo alerta-los que é meio complicado pegar o ritmo dessa leitura. Começamos a história conhecendo Amy (Que personagem do cara...!) e depois passamos a outros personagens com seus passados assombrados e seus futuros incertos. Era complicado acompanhar e lembrar todos os nomes. Era muita gente envolvida no enredo, o que deixa a pessoa inicialmente bem confusa. Passei cerca de 200 páginas para conseguir pegar o embalo do livro.

As tramas são muito bem boladas. O autor tem uma pegada forte de realismo na sua escrita. E quando acabamos por ver que os refugiados estão passando necessidade em seu esconderijo, é que me apeguei imensamente a eles. 

Distopias são sempre livros que fazem o autor tirar o melhor e o pior dos protagonistas. E eu simplesmente sou gamada nessa característica! É tudo tão... Sei lá, perfeitamente imperfeito! E talvez o fato do autor ter explicado o início como nenhuma distopia foi capaz de fazer, me deixou muito feliz e apaixonada por esse livro. 

É um livro difícil de acompanhar? Sim. 
É um livro com personagens em demasia? Com certeza! Vai ter momentos que você fechará o livro só de raiva pela quantidade de gente e pela rápida mudança de pontos de vista. 
Acredito que a genialidade desse enredo venha de algo mais básico: A

necessidade do homem de querer sempre fazer o que não pode. É uma distopia onde os vilões são meio vampirescos, ok! Mas é uma distopia onde os vampirescos foram criados em jaulas por cientistas gananciosos. A fome se misturou com a raiva e eles se tornaram os vilões quando deveriam ser os salvadores.

As relações entre personagens são tênues, contudo importantes. Cada jogada que o autor faz, nos tira do senso comum de acreditar que irá parar por ali. 


Cronin criou uma história. Ambientou uma história. Criou personagens. Deu um passado humanizado e um futuro corrompido. 
Eu tive nas mãos uma das melhores distopias que li, e tudo apenas porque um autor resolveu nos explicar como o mundo se tornou "aquele" mundo. 

Se eu indico? Lógico! 
Deus sabe o quanto estamos precisando de livros bem trabalhados.