Resenha de "A Destinada" (Paula Ottoni)



"Narrativa em envolvente"

Sinopse: 
Eliza Stewart tem um dom incomum. Ela é vidente. Sempre fez parte de sua vida salvar as pessoas com quem se preocupa, prevenindo acidentes e inconveniências que pré-visualizou em sua mente. Mas nada nunca se comparou ao tipo de visões que começa a ter aos dezoito anos, numa noite em que “vê” um rapaz sendo sequestrado de um trem. Os dois passam a ter “encontros” em sonhos, totalmente reais, ocasiões em que ele diz que será assassinado e ela é a única que pode impedir essa tragédia. Agora Eliza precisa reunir coragem, fugir de casa e sair em uma viagem incerta para tentar salvar essa vida e, quem sabe, recuperar seu grande amor (SKOOB)

Eliza é uma adolescente que está terminando o ensino médio. Seus pais são divorciados e ela vive com a mãe e a irmã em Iowa. Só que ela tem um diferencial das outras meninas... Ela tem visões. Premonições.
Nada do tipo “filme de terror”, mas ela sempre recebe avisos importantes sobre coisas que podem acontecer com as pessoas ao redor dela. É um dom bem problemático, visto que eu teria pavor de dizer a alguém que ele iria morrer em alguns meses vítima de câncer. Mas até que Eliza leva bem. Isso porque havia anos que ela não tinha nenhuma premonição, até a noite que sonha com um garoto sendo sequestrado, e daí tudo muda de figura e ela se vê obcecada por tentar ajudar o menino. Um total desconhecido.

É difícil escrever sobre esse livro sem soltar qualquer tipo de Spoiler. Já que é um livro com uma pegada de mistério policial, tudo o que eu disser pode levar ao leitor a descobrir metade da trama. Tudo bem que certas coisas nem precisei ler para saber que iriam acontecer, mas tantas outras eu fiquei louca de curiosidade para saber como Eliza iria resolver.

Entenda que a protagonista não é desses tipos de meninas que querem salvar o mundo. O problema, é que o carinha, o qual ela viu sendo sequestrado, fica passeando por seus sonhos e conversando com ela enquanto dorme. Ela se pega gostando total do moço lindo e tristonho que não a deixa dormir demais. Daí já viu, né? As pessoas fazem de tudo por um grande amor.

O enredo tem algumas coisas bem absurdas, mas que a autora conseguiu manipular e transformar em crescentes maravilhosos. Também acho que alguns personagens poderiam ter passado despercebidos. Só foi para aumentar um pouco o enredo, e não tiveram serventia alguma no significado dele. O que não foi o caso da família de Eliza, eles funcionam bastante.

A fazenda do avô dela me fez sentir muita saudade de campo. Se tem uma coisa que eu super adoro, é fazenda e sítio e qualquer coisa com muito verde.
Aliás, os cenários, no geral, usados pela autora são pra lá de Bagdá de bons. Eliza passeia por lugares que deixam a minha cabeça bem afoita.


A Autora também constrói bem o lance do mistério do livro. Tudo bem que o vilão não me convenceu em nada. Ele parecia um mauricinho rico que estava entediado e foi inventar alguma coisa para fazer. Mas o estranho é que no início do livro eu sentia medo dele, depois comecei a achar que até a irmanzinha de Eliza o teria pego. Os motivos do vilão não me convenceram.

Em compensação, o que falta em vilão, sobra em protagonista.
A Eliza é uma graça, um pouco depressiva, mas uma graça. Já Joe e Will são dois fofos. Claro que senti vontade de esganar ambos em vários momentos da história, e acho que algumas coisas poderiam ter demorado mais para ter resolvido, como outras eu teria pulado; mas de um modo geral, o negócio é bem amarradinho.

Fiquei encantada com o estilo de escrita de Paula Ottoni. Nunca tinha lido nada da autora, e fico muito feliz quando leio algo de uma tão novinha e tão talentosa. Acho que esse é o primeiro trabalho dela, e ela veio botando quente. A narrativa dela não fica para trás de nenhum best seller americano.

Sobre essa coisa da “visão” de Eliza, não sei até que ponto eu gostei. Na verdade achei que foi trabalhado de uma forma bem superficial, e pouco explicativa. Não consegui me convencer do poder dela, apesar de ter achado bem útil.

Eu acredito que esse livro tenha um gancho para continuação. Achei que algumas coisas faltaram ser explicadas, e acho que isso foi feito de modo proposital pela autora. Tem personagens que preciso rever, e coisas que preciso saber.

Acima de tudo, A Destinada é um bom livro que mistura uma narrativa muito bem conduzida e mistérios deliciosos de serem solucionado. Li o livro rapidinho e cheguei a parabenizar a Ottoni pelo seu trabalho divino. Gostei muito mesmo da história e recomendo muito essa leitura para quem gosta desse tipo de narrativa.