Resenha de "Delírio" (Lauren Oliver)


"Apaixonante"



                                
Sinopse:
Muito tempo atrás, não se sabia que o amor é a pior de todas as doenças. Uma vez instalado na corrente sanguínea, não há como contê-lo. Agora a realidade é outra. A ciência já é capaz de erradicá-lo, e o governo obriga que todos os cidadãos sejam curados ao completar dezoito anos. Lena Haloway está entre os jovens que esperam ansiosamente esse dia. Viver sem a doença é viver sem dor: sem arrebatamento, sem euforia, com tranquilidade e segurança. Depois de curada, ela será encaminhada pelo governo para uma faculdade e um marido lhe será designado. Ela nunca mais precisará se preocupar com o passado que assombra sua família. Lena tem plena confiança de que as imposições das autoridades, como a intervenção cirúrgica, o toque de recolher e as patrulhas-surpresa pela cidade, existem para proteger as pessoas. Faltando apenas algumas semanas para o tratamento, porém, o impensado acontece: Lena se apaixona. Os sintomas são bastante conhecidos, não há como se enganar — mas, depois de experimentá-los, ela ainda escolheria a cura?.
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 Eu sei, mais uma distopia.




Sim, Delírio é uma distopia construída em cima de um tema complicado, divisor de águas e devastador: O amor!

Nessa sociedade, amar é mal! Pode crer, com direito a prisão caso você não queira tomar a tal vacina, e um total isolamento da sociedade, porque, é lógico, é meio contagioso. Hehehehe

O livro da Lauren tem uma ideia que super funciona e que é bem construída. Até agora não vi nenhuma distopia fundamentada numa ideia tão genial, a não ser, talvez, Farenheit, que foi escrito há uns 50 anos e que é tipo, um dos pais da distopia literária. Sério gente, o tema nos envolve mais até do que a própria história.

A autora constrói um mundo onde o amor é tão físico que muitas vezes ele se confunde com algum personagem; enjaulado, jovem e velho ao mesmo tempo e que quer desesperadamente se rebelar contra as regras e fugir.

Já pararam para pensar na questão filosófica e sem fim que é discutir o amor?
Pois é, é muito pano para manga.

Os personagens são de uma forma simples, bem construídos. Lena é a protagonista e a voz da história. Confesso que prefiro os livros em terceira voz, estou cansada de saber os pensamentos de adolescentes rebeldes. Lena é uma menina disciplinada que segue as regras e que sempre atende a família. Ela teve um passado complicado oriundo do  resultado da doença que é o Delíria. Então ela quer a qualquer custo se vacinar e se livrar da possibilidade de um dia contrair a doença. Eis então que Alex aparece na sua vida.

Alex é um personagem linear. Vi muita calmaria nele e em algumas vezes uma vontade louca de explodir com o mundo. Lena acaba sendo a chama que ele precisava para sair da mesmice que se encontrava sua vida. E ele sendo a tapa que ela recebe pra perceber o quanto suas convicções estavam erradas.

Fora eles dois vemos a família de Lena, como se fossem seguidores de alguma seita diabólica que os fazem conversar as mesmas coisas diariamente e acharem que tudo esta ok. Tudo bem, eles foram vacinados, mas será que a falta de amor nos tornaria uns completos babacas sem opiniões?  Provavelmente.

É o amor que de alguma forma nos dá força para tudo. Seja um amor pela família que nos faz levantar quatro da madrugada e enfrentar o trânsito louco das cidades para chegar ao trabalho. Seja o amor que nos faz criar obras de arte, músicas e livros. É o amor que sentimos pelo mundo que nos dá coragem todos os dias e que nos transforma em rebeldes derrubando muros em Berlim e construindo torres simétricas como uma exaltação a vida.
Não me imagino vivendo sem amor. E essa é a melhor parte do livro da Lauren, ele nos faz pensar e nos sentir sufocados no lugar da Lena.

Eu não sei dizer o quanto gostei da ideia desse livro, e posso garantir que a desenvoltura dessa escritora é muito boa. Ela conduz a história gradativamente e nos entrelaça nos deixando numa dependência eterna das escolhas e atitudes da protagonista.

Sufocada e inútil. Foi o que senti lendo esse livro.
Queria poder entrar na história e ajudar Alex e Lena desesperadamente. Depois que Lena contraiu descobriu o amor, ela não conseguia se imaginar sem ele. Imagine só, você sendo presa e algemada porque você ama seus filhos ou porque se apaixonou. Consegue pensar em coisa mais horrorosa? Credo!

Eu indico esse livro pela ideia. Os personagens não são ruins, e acho que conhecerei melhor deles na continuação, a até certo ponto eu gostei bastante de algumas atitudes de Lena e outras tantas de Hana- A melhor amiga de Lena. Alex, lógico, é lindo, apaixonante e heroico em muitos momentos. Mas realmente, o que mais gostei foi da ideia.

Uma ideia é o primeiro fator que conta quando o assunto são mudanças, e vejo horizontes risonhos para essa série da Lauren Oliver. 

Quotes:

Corações são frágeis. Por isso é preciso ser tão cuidadoso. [página 12]

Não é possível ser feliz realmente a não ser que às vezes se sinta infeliz. Você sabe disso, certo? [página: 24]

Sentimentos não são eternos. O tempo não espera ninguém, mas o progresso espera  que um homem o produza. [página: 151]