Resenha de "O Rei do Ferro" (Julie Kagawa)





"Magicamente inacreditável"


Alguma coisa sempre pareceu meio fora do lugar na vida de Meghan, desde que o pai desapareceu diante de seus olhos quando ela tinha apenas seis anos. Meghan nunca se adaptou na escola... nem em casa. Quando um desconhecido sombrio começa a observá-la de longe, e o amigo brincalhão se torna estranhamente superprotetor, Meghan sente que tudo que ela conhece está para mudar. Mas ela nunca poderia ter imaginado a verdade - que ela é filha de um mítico rei das fadas e peça importante numa guerra mortal. Agora Meghan vai aprender até onde é capaz de ir para salvar alguém que ama, deter um mal misterioso que nenhuma criatura encantada ousa enfrentar... e encontrar o amor com um jovem príncipe que talvez prefira vê-la morta a deixá-la tocar seu coração de gelo. (SKOOB)
_________________________________________________________________________________


Comecei a ler O Rei do Ferro por uma indicação da Juliana Giacobelli, uma blogueira muito linda. 
O livro, que me custou caro pra caramba, chegou a minhas mãos em pouco tempo e fiquei meio desconcertada por ele ser pequeno. Ele não tem o tamanho padrão normal dos livros da minha estante, apesar de uma quantidade de folhas muito boa.
De início me encantei pela capa. Linda de morrer! A capa mais bonita de todos os livros que tenho.
Vou mandar fazer um cartaz e pendurar na parede. 

Em pouco tempo comecei a ler.
Magia pura!
Era a frase que me passava na cabeça à medida que a leitura ia crescendo e eu ia me afogando cada vez mais do mundo mágico dos encantados.
Esse livro me fez pensar em quando eu era criança e tinha certeza que enxergava fadas entre os coqueiros na praia onde minha família costumava acampar nas férias. Lembro que um viajante que passou por lá em algum desses momentos, trazia um livro, desses de figuras e grandes. O homem tinha uma aparência maluca e uma postura pouco gravitacional. Ele me mostrou todas as fotos das fadas, gnomos, duendes e elfos. Lembro de ter ficado maravilhada com aquilo. Apesar de ilustrações, as fadas pareciam ser bem reais nas páginas do livro amarelado. E então não lembro mais de nada daquele homem. E minha família não lembra de que conversei com ele por horas. E acabo me perguntando se ele mesmo não era um desses seres encantados. E é apenas uma suposição. E isso me mata.

O letes do esquecimento.
A bebida sagrada que nos faz esquecer da magia a medida que ficamos velhos e trocamos espadas e dragões imaginários por computadores e Iphones.
Parece tão profundo isso não é? Mas foi exatamente assim que me senti quando li esse livro.
O livro conta a história de Meghan Chase, uma garota que se sente deslocada tanto no meio familiar quanto na escola. Ela é pobre, usa roupas comuns, mora numa fazenda no meio do nada. Não tem namorado, apenas um amigo e seus aniversários são esquecidos. Mas Meghan tem uma pequena peculiaridade: Ela enxerga através da névoa. Ela vê os seres que supostamente não existem em seu mundo.

Então um dia algo acontece e seu amigo então parece ser tão diferente. E quando menos espera, Meghan se vê no meio do mundo dos encantados onde ela é importante chave para um acontecimento grande. E é ai, no meio dessa bagunça, que ela conhece o príncipe do inverno, uma criatura absolutamente encantadora chamada, Ash.

Claro que isso é uma síntese do livro. Tomei cuidado para não soltar mais do que devia.
Entendam que eu não sei nem dizer o quanto esse livro foi importante para mim. Pelos personagens, que são muito bons. Mas principalmente pela história, pela ideia e pelo resultado final.

É um livro de fantasia, mas com uma visão tão real das coisas que não consigo imagina-lo como uma total obra de ficção. Conhecemos um mundo de encantados que esta sendo destruído aos poucos pela falta de conhecimento sobre magia, da parte das crianças de hoje em dia. Sabemos que brinquedos manuais e livros foram trocados por televisão e computador. Me lembrou muito a ideia de História sem fim -  onde o Nada estava destruindo tudo porque as crianças não acreditavam mais em seres fantásticos.

O Rei do Ferro segue a mesma linha de raciocínio.
Teve momentos que foram tão pesados pra mim, que sou uma eterna sonhadora, que tive que parar de ler e pensar no quanto de magia eu introduzo na vida do meu filho de três anos que já gosta absurdamente de televisão. E a resposta: Quase nenhuma.
Acabei me perguntando o que aconteceu comigo e minhas crenças no fantástico. No fim, fiquei deprimida.

O livro tem uma narrativa fluida. Momentos de ação são constantes e conhecemos seres mitológicos a cada virada de página. Eram tantos que mal lembro deles.
A história foi muito bem estruturada, os vilões são do estilo que gosto: físicos, mas principalmente psicológicos. Os mocinhos são muito convidativos. Temos Puck, o amigo de Meg e um completo piadista. Ash, o príncipe mais misterioso e lindo do mundo (Entendi porque ele é o principe do inverno, ele faz as pessoas se derreterem por ele. Ai ai) a quem ela tem uma dívida e Grim, aquele personagem conselheiro e super volúvel.
Enfim, dizer que gostei desse livro é muito pouco.
Eu AMEI tudo nele!

E estou completamente desesperada pela continuação, a qual, se Deus quiser, mês que vem estarei comprando, porque no fim, o livro valeu cada centavo que paguei por ele.
E vocês, o quanto de magia permanece em suas vidas? O quanto de glamour vocês ainda tem?
Essa é a pergunta que mais me tormenta desde que acabei de ler o livro.
Leiam, e isso atingirá vocês da mesma forma que me atingiu; como um foguete trazendo lembranças que o tempo e a tecnologia fizeram questão de apagar.


Quotes:

- Sabe o que dizem; a ignorância é uma benção. [página: 54]

- O glamour é alimentado pelo sonho e pela imaginação dos mortais. Escritores, artistas, garotinhos fingindo ser cavaleiros, os encantados são atraídos por eles como mariposas por uma lâmpada. Porque acha que tantas crianças tem amigos imaginários? [página: 73]

- A voz dele era suave, mas a nota melodiosa e sutil me fazia pensar em oceanos ruidosos e tempestades selvagens [página: 119]