Resenha de "Vozes do Silêncio" (Adriana Vargas)

(Esse livro foi enviado para uma leitura crítica através de parceria com a autora. A foto utilizada não é produtos dele, foi tirada de busca no Google. O resumo da obra tirado do blog da autora, o qual deixarei o link no final da resenha)





"Cruel e doce!"

Resumo da obra:
 O ditador espanhol, Francisco Franco, procurou pela magia cigana a fim de que conquistar o poder, implantando a ditadura na Espanha. Porém, não cumpriu o combinado - ajudar o gitano Juan a encontrar Analy. Uma maldição fora jogada na Espanha e agora o oculto, comandava toda a Nação.  Analy teve sua alma planejada para salvar a Nação e a todo descendência cigana, livrando até mesmo o mundo da terceira guerra mundial. Cresceu sem saber da verdade e dos mistérios que norteavam sua família. Certo dia se apaixonou por Vidal, líder opositor da ditadura, que lhe trouxe uma estrela de cinco pontas, a pedido de uma cigana misteriosa que encontrara na Praça de Coslada, dizendo que ele iria conhecer a mulher que mudará sua vida, e precisava entregar o objeto místico a ela.
Analy  precisou voltar no tempo e reviveu tudo que passou, conhecendo a verdade. 

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É com a vista mega cansada que venho escrever essa resenha tão ansiada por mim.
Fiquei muito feliz quando recebi o material da Adriana Vargas, escritora do Vozes do Silêncio. Ainda em PDF para análise, foi como o material chegou em minhas mãos. Confesso que não morro de amores por livros digitais e tive que recorrer a um "MIX leitor-d" (uma espécie de Kindle) de um amigo, exclusivamente porque o brilho da tela do computador me deixa morrendo de dor de cabeça, e eu não conseguia demorar o tempo que minha vista permitia para ler esse livro. 
 
Então, vamos la!
Vozes do Silêncio tem uma coisa que há muito tempo não lia em livro nenhum. Algo que me lembrou do começo da minha adolescência quando ficava totalmente impressionada com as fotos sobre ditadura militar, torturas e a prisão da liberdade. Lembro que um amigo na época começou a escrever pedaços de um livro que se chamava Monte Castelo. Era sobre um romance, e em uma ditadura. E era simplesmente incrível!
Esse livro tem exatamente essas duas coisas: Romance e ditadura (Não a brasileira, mas uma espanhola) Sim!! O livro tem sua maior ambientação na Espanha. Passando por partes da França e Portugal
Além disso, é um livro regido por algo sobrenatural e cigano. Outra coisa que sempre AMEI!!
Então já viu né? Simplesmente me encantou. 
 
De início eu o achei meio confuso. As ideias estavam lá, batendo na minha cara e eu não conseguia entender. Foi quando comecei a entrar no embalo e compreender as coisas. Elas pareceram tão grandes aos meus olhos, que não consegui pensar nelas saindo da cabeça de ninguém. Eram reais até certo ponto...reais numa capacidade alucinante de me deixar aflita em muitos momentos; mas era surreal também. Me peguei desligando o Kindle quando me vi com medo de algumas passagens... Sério... Morro de pavor de ler livros com coisas sobrenaturais. 
 
A autora escreve muito bem sobre essas coisas sobrenaturais, igualmente escreve bem sobre o sumiço de vida, estou falando além do sentido real da palavra vida, estou falando da expectativa de vida. Sempre tive uma ideia bem viva em mim:

"Morro mil vezes com minhas convicções a me deixar guiar pelas convicções dos outros. Principalmente quando elas tiram a minha voz e a minha liberdade de fazer o que quiser".


Ler Vozes do Silêncio é angustiante justamente nesse sentido. Ele te tira do normal das coisas. Ele te apresenta magia, mas ela é tão sensível perto da grandiosidade da parte real da história que você fica, literalmente sem voz. Não sei se fui movida pelo total imã que essa coisa de ditadura exerce sobre mim, mas lhes digo que cada pedaço desse livro me encheu de alguma coisa: seja de rancor, seja de curiosidade, seja de aflição, seja de: “Poxa vida Analy, deixa de ser burra!”
O fato é que ficava brigando com os personagens e me apaixonando por eles a cada página lida.
Falando em personagens...
Os amei, de verdade!
Vidal é um lutador. Ele é daqueles jovens que brigam com o mundo pela sua liberdade (parece comigo). Ele não tem essa coisa maldosa e humana; as vezes o achava até surreal demais sabe...ele é bem perfeitinho. Apesar de fofo, Vidal não faz meu tipo. (risos). 
Analy é decidida. Muitas vezes senti vontade de bater com o sapato na cabeça dela de tão teimosa que era. Mas não era uma teimosa fantasiosa. Era apenas uma garota que acreditava no que sentia. Era era bem real aos meus olhos.

De início achei uma maluquice essa coisa dela estar apaixonada por alguém do rádio, que ela nunca tinha visto, mas daí lembrei que minha avó era igualmente apaixonada por um homem desses. É mais normal do que parece. Depois achei estranho essa coisa de amor a primeira vista... Mas daí pensei: eu passei a minha juventude tentando encontrar alguém na rua que se abaixaria para pegar meu prendedor de cabelo e eu me apaixonaria de imediato... Lógico que nunca aconteceu né! 
 
Mas eu queria que as forças do destino tivessem me dado alguém assim. E tenho que lembrar que o livro tem toda essa coisa da magia e essa crença no destino que os ciganos tem nas suas próprias vidas. Então... Foi ai que me deixei levar pela paixão deles. Mas vou admitir... Só quis de verdade que eles ficassem juntos quando as últimas três páginas do livro chegaram; foi nelas que me apaixonei por Vidal. 
 
Acontece que fui infinitamente abduzida por Juan. Nossa... Eu nem sei dizer o quanto esse personagem chamou minha atenção. E mais ainda quando o final do livro chegou, isso só me fez ficar mais doida por ele. 
 
O livro tem personagens bons. Queria ter conhecido um pouco mais da cabeça de Vinna, a irmã de Analy e dos pais dela. As vezes achava estranho algumas atitudes deles, até chegar ao final do livro. Tudo se encaixa no final desse livro. E ele é muito bom! Todas as coisas que achava estranha quando lia, se perderam totalmente quando li o final. 
 
E devo dizer que fiquei com muito medo que você mudasse alguma coisa naquele final, tipo na última linha, e essa questão do tempo cronológico fosse mudada. Achei fantástica a construção dele; apesar de ter voltado algumas coisas para ler para conseguir, enfim, entender. Afinal de contas, a vida é assim: Mesmo com magia suficiente para destruir sua capacidade lógica de raciocínio, ela passa... 
 
Vozes do silêncio tem o título perfeito para o livro. Sem comentários. E para mim, ele se refere a prisões abstratas que passamos na vida, então todos nós temos vozes silenciadas todos os dias.
Adriana, a autora, tem uma coisa que adoro: Ela pensa em fotos para os personagens e para as ambientações. Eu faço isso também! Confesso que as fotos imaginadas por ela para os personagens não são bem as da minha cabeça, tirando Juan, talvez. Mas amei as escolhas dela. Acho que tem tudo haver com eles. 
 
Apesar de um livro de 270 páginas, ele parecia ter toda a história do mundo inclusa nele. Tudo é colocado muito bem, e de uma forma muito sincera e convincente.
Não consigo imaginar ele de outra forma. Ele tem magia, realidade, um amor fofo, vilões perfeitos de se imaginar e uma suavidade singular. Como se você fechasse os olhos e ouvisse as marolas do mar. Lentas e delicadas ou fortes e vingativas. 
 
Esse livro é a minha cara. É muito do que gosto, é o pensamento que tenho para minha vida.
Cruel em muitos momentos, doce em vários deles. Vozes do Silêncio, certamente é um livro a ser lido, pensado como uma ideia filosófica, enquanto política; e numa ideia fantasiosa, enquanto magia cigana. Mas TEM que ser lido! 
 
O melhor dele, para mim, é a política, para alguns talvez seja a magia e para outros, o romance doce e juvenil de Analy e Vidal. O fato é que, seja você quem for e o que achar dele, em algum momento vai se impressionar com algo: um fato, uma ideia. E da mesma forma que eu, se calará, porque é assim que as coisas são, e algumas delas não mudam. Você será silenciado como tantas outras vozes e o livro será parte de você por alguns momentos, e permanecerá em vários deles. 


 
Quotes:

  • A morte é tão natural; estranhamente espontânea, retirando, quem quer que seja, de modo repentino, sutil e lento [página: 148]

  • Jamais em minha vida senti o que estou sentindo...nem perto da mais estranha loucura, nem no auge da maior dor ou alegria. Não me pertenço [página: 152]

  • Deste modo se tornaria a protagonista da história, tendo o mais amável dos personagens como seu par; um homem bonito, delicado e sincero. Diferente do marido que sua mãe havia escolhido para se casar, sem surras e sem ninguém para lhe castrar a liberdade. [página: 17]